OS AUMENTOS SALARIAIS E AS RELAÇÕES POLITICO-MILITARES
Quem comeu o frango,há-de comer o galo,ou pagá-lo” D.Francisco de Almeida
Na sequência da actualização de remunerações e suplementos das Forças de Segurança(FS) - em que o governo se preparava,uma vez mais, para fazer-se esquecido relativamente ao parente pobre do Estado,em que as Forças Armadas (FAs) se transformaram depois do fim do Conselho da Revolução,em 1982 – dizia –acabou por ser aprovado, algo a martelo,o diploma que tenta harmonizar a tabela salarial e a condição militar dos,agora e apenas,tolerados militares.
Os cidadãos que servem Portugal nas FAs,começaram por ser desnivelados dos vencimentos dos magistrados,universitários e diplomatas,que em conjunto eram tidos como os grandes pilares do Estado ( e que o “Estado Novo” sábia e laboriosamente equiparara),para serem segregados, a seguir, das “alcavalas” das FS,para agora acabarem abaixo da tabela dos técnicos superiores da função pública. Ódio velho não cansa... mas,se assim é, tenham coragem e afrontem-nos, de caras e de vez!
O presente diploma, para além de conter varios aspectos criticáveis, dispõe que os aumentos para os generais de três e quatro estrelas “dispararam”relativamente ao resto das tropas. Até parece que os querem “comprar”...
Esta diferenciação tomou forma – salvo erro - no primeiro governo do Prof. Cavaco Silva em que, inclusivé,se retirou as chefias militares da grelha salarial dos diferentes postos, indexando-os aos cargos politicos. Ou seja, separaram-se os chefes do resto das tropas. Ora, sendo a Instituição Militar (IM) caracterizada pela forte hierquização de postos e funções é natural que a tabela de vencimentos também reflita tal pressuposto. Mas não deve,sem embargo,pôr em causa a coesão a justiça relativa,o espirito de corpo e outros atributos especificos da IM,sem os quais os Exércitos são uma ficção.
E se os chefes militares – não sei se os quatro,se os três – apesar da violência verbal e escrita com que trataram o assunto,não conseguiram fazer valer os seus argumentos,ao menos que não aceitassem, no final,tamanha diferenciação.
Lamentavelmente parece ter sido usada, de novo, a técnica de má conduta consubstanciada no facto das chefias serem entretidas com determinados números e pressupostos e no fim verem-se confrontados com coisas diferentes.Chama-se a isto deslealdade.
Por tudo isto, há muitos anos que semelhantes procedimentos deveriam ter sido atalhados cerces e denunciados. Se o Dr Portas,por ex.,à segunda vez que tivesse chegado atrasado a uma cerimónia militar, já lá não encontrasse ninguém para o receber,certamente que não teria porfiado na irresponsabilidade e falta de educação do acto.
Ou quando o Dr Caldas,em directo na TV,quis fazer uma piada pífia com uma frase do Clemanceau – que ele julgava ser do Churchil – tivesse ,logo de seguida, engolido a graça,se calhar não teriamos chegado a este plano inclinado.
Lembram-se do Dr Jardim? Desde que um coronel na reforma lhe assentou as costuras nos idos de 70 e muitos,que tem tido um comportamento exemplar para com os militares – enfim,questão da bandeira regional,na capitania do porto e tentativa de “assalto”ao Palácio de S. Lourenço,à parte.
É preciso ultrapassar questões do foro “horticola”que nos tolhem e que têm permitido abusos e desconsiderações. Mas só assim poderemos ser respeitados.
O que mais dói,é que os estimáveis profissionais de uma instituição acima de tudo patriótica,que obrigatoriamente tem de dar de si uma imagem de coragem – fisica e moral – e que se consideram,com alguma justiça,os catedráticos da estratégia,da táctica,da logistica,operacionais ferozes de várias artes e saberes,se deixem – ao fim e ao cabo – tosquiar como cordeiros mansos,sem um ai! que se oiça.
Ainda por cima por aprendizes da politica, de muito baixa categoria.
Tenho pena que assim seja. E muita vergonha
Sem comentários:
Enviar um comentário