sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

DEFINIÇÃO DE PEDRO NUNO SANTOS

Perfeita caracterização do Alberto Gonçalves sobre o Pedro Nuno Santos: “Claro que o dr. Pedro Nuno é uma nulidade cozinhada na JS. Claro que é um comunista por reacção nervosa e um oportunista por natureza. Claro que é um pantomineiro sem maneiras. Claro que os socialistas lhe batem palmas na medida em que precisam de acautelar empregos junto do putativo patrão. E claro que é um perigo. Mas o dr. Pedro Nuno está muito além disso. Ou muito aquém. A julgar pelas recentes entrevistas e intervenções públicas, o dr. Pedro Nuno é principalmente um caso de particular, acentuada e terminal miséria, mesmo pelos baixos padrões da actual política nacional e pelos baixíssimos padrões do actual PS. Não o destaco por não ter uma única ideia ou – Deus fosse louvado – uma “visão” para o país. O eng. Sócrates e o dr. Costa também não tinham nada de vagamente semelhante mas, sobretudo no primeiro caso, eram eficazes a fingir o contrário. O dr. Pedro Nuno não finge coisa nenhuma: o vazio que o define está exposto. O seu principal, quiçá solitário, “argumento” para mandar no partido e, depois, no país, é o facto de existir. Ainda que não dê sinais de pensar, parece consensual que o dr. Pedro Nuno existe. E isso, acha ele se calhar com rara propriedade, é o bastante para mandar em nós. Cada aparição da criatura é confrangedora e demonstrativa do atoleiro a que o regime desceu.” “Uns dias, o dr. Pedro Nuno diz-se social-democrata, noutros é socialista. Uns dias é moderado, noutros é esquerdista. Uns dias orgulha-se de servir o PS em exclusivo desde pequenino, noutros evoca o convívio com a pobreza. Uns dias exalta a íntima familiaridade com o mundo empresarial, noutros esconde a empresa com que o papá faz negócios com o Estado. Uns dias condena a especulação imobiliária, noutros vende a casa pelo dobro do preço que pagou. Uns dias enche a boca com justiça social, noutros esconde o Porsche e o Maserati. A originalidade do dr. Pedro Nuno não está em mentir: está em mentir tão desconchavadamente, a ponto de suscitar a impressão de que o que diz hoje resulta de não se lembrar do que disse ontem. E de não sonhar com o que dirá amanhã. O dr. Pedro Nuno, que aparenta ter crescido apenas fisicamente, dá pena, embora menos pena do que os infelizes que venham a depender do dr. Pedro Nuno.” Comentáro meu: É assustador como esta nulidade arrogante, prepotente e aldrabão chegou onde chegou e neste país de mentecaptos tem hipótese de chegar a PM... Q desgraça de País - valha-nos Deus 🙏

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

NOMES PORTUGUESES DO TEMPO COLONIAL E ACTUAIS DE LOCALIDADES ANGOLANAS

Aljustrel: Cangamba Ambrizete: N'Zeto Andrada: N‘Zagi Arriaga: Bibala Asseiceira: Catumbela Carmona: Uíge Bela Vista: Catchiungo Buçaco: Camanongue Duque de Bragança: Calandula Forte República: Massango Forte Roçadas: Xangongo Gabela: Amboim Gago Coutinho: Lumbala Nguimbo General Machado: Camacupa Henrique de Carvalho: Saurimo João de Almeida: Chibia Lumege: Cameia Luso: Luena Mariano Machado: Ganda Moçâmedes: Namibe Neves Ferreira: Cuemba Lumege: Cameia Luso: Luena Mariano Machado: Ganda Moçâmedes: Namibe Neves Ferreira: Cuemba Nova Chaves: Muconda Nova Gaia: Cambundi-Catembo Nova Lisboa: Huambo Novo Redondo: Sumbe Nova Sintra: Catabola Pereira de Eça: Ondjiva Ponte: Cuvango Porto Alexandre: Tômbua Quilombo dos Dembos: Gonguembo Robert Williams: Caála Sá da Bandeira: Lubango Salazar: Dalatando Santa Clara: Ombadja Santa Comba Dão: Uacu Cungo Santo António do Zaire: Soio São Salvador do Congo: M'Banza Congo Serpa Pinto: Menongue Silva Porto: Cuíto Teixeira de Sousa: Luau Teixeira da Silva: Bailundo Veríssimo Sarmento: Camissombo Vila Flor: Ecunha Vila Nova de Seles: Uco Conhecer a história é uma obrigação!

PAPA - ZEFERINO

São Zeferino PAPA, +217/218 Celebrado A 20 De Dezembro São Zeferino foi o 15º Papa a tombar, martirizado, em defesa da Igreja de Cristo. Era natural de Roma. Dedicou-se com muita diligência e zelo, pregando e testemunhando o Evangelho com grande virtude e sabedoria, qualidades que floresceram no pontificado de São Vitor I, de quem se tornaria sucessor na Sé apostólica. Após o glorioso martírio do Papa São Vitor, ocorrido no dia 28 de julho de 199, o povo de Deus, unido ao clero, reuniu-se em intensas orações, a fim de que o Senhor iluminasse o rebanho para a escolha de um digno vigário. Depois de onze dias de intensas orações, o Espírito Santo manifestou-se em forma de pomba e desceu sobre a cabeça do então presbítero Zeferino, onde repousou por um breve espaço de tempo, desaparecendo em seguida. Os fiéis logo identificaram a escolha de Deus. Por unanimidade, o elegeram no mês de agosto daquele ano, quando assumiu honrosamente o divino governo da Igreja. Logo no início de seu pontificado, o imperador Septímio Severo moveu, por decreto, intensa perseguição contra a Igreja, fato que levou São Zeferino a tomar as primeiras providências no sentido de zelar pelo rebanho, levando seu auxílio e consolo naqueles dias de grande tribulação. Pessoalmente, de dia e de noite, percorreu infatigavelmente diversas casas, cavernas e locais subterrâneos. Colocou em risco a própria vida, visitando e consolando não só os encarcerados, mas também os condenados, que acompanhava até aos cadafalsos. A todos alentava com palavras e esmolas, levando a eles o Pão dos fortes, regado com o Sangue de Cristo. A cruel perseguição perdurou por nove anos consecutivos, até a morte do imperador Severo, quando a Igreja recobrou um certo período de paz. Editou importantes regras canônicas, especialmente as relativas à disciplina eclesiástica. Foi ele quem determinou que os fiéis católicos comungassem, pelo menos na ocasião da Festa da Páscoa. Também, quanto aos cálices sagrados, até então confeccionados em madeira, determinou que deveriam ser feitos, ao menos de vidro. Durante o seu pontificado, a cabeça da heresia reergueu-se furiosamente. Praxeas, que no pontificado anterior se havia retratado da pregação da sua heresia patripasiana (negação da Santíssima Trindade), tentou novamente semear a sua doutrina errónea e, por isto, foi duramente combatido pelo Papa. Também Tertuliano, que coberto com uma capa de austeridade e rigor, grande desgosto causou ao Santo Padre, voltando-se contra ele com censuras e ataques, arrebanhando diversos adeptos, mergulhou definitivamente na lama das sua doutrina insana. São Zeferino governou a Igreja até o ano de 217, quando recebeu a auréola dos mártires no dia 26 de agosto, sob o governo do imperador Antonino. https://evangelhoquotidiano.org/PT/display-saint/add7cc52-e4c4-40bc-b3bd-7f4421425d3c

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

DISCURSO DE JOÃO LOURENÇO - 3º FÓRUM PAN-AFRICANO PARA A CULTURA DE PAZ E NÃO-VIOLÊNCIA

– BIENAL DE LUANDA – Sua Excelência José Maria das Neves, Presidente da República de Cabo Verde, Sua Excelência Hage Geingob, Presidente da República da Namíbia, Sua Excelência Carlos Vila Nova, Presidente da República de São Tomé e Príncipe, Sua Excelência Moussa Faki Mahamat, Presidente da Comissão da União Africana, Distintos Conselheiros da União Africana, Distintos membros do Executivo angolano, Minhas Senhoras e Meus Senhores, É uma grande honra para mim e para o Executivo que dirijo acolher tão ilustres figuras nesta cidade capital de Angola, para participar na 3ª edição do Fórum Pan-Africano para a Cultura de Paz, Bienal de Luanda, que se vai subordinar ao lema «Educação, Cultura de Paz e Cidadania Africana, como Ferramentas para o Desenvolvimento Sustentável do Continente». Apesar da complexidade que encerra a preparação deste evento, a República de Angola assumiu a responsabilidade de o acolher a cada dois anos, porque tem a clara noção da importância que assume para os países africanos e não só, a questão da paz e da convivência pacífica no seio das sociedades de cada um dos nossos países em particular do nosso continente, onde é fundamental fazer-se uma pedagogia permanente, principalmente junto dos jovens que estão aqui representados de forma significativa, para a necessidade de defender e preservar a paz, como condição primária para o desenvolvimento económico e social dos nossos países. Desde o alcance da nossa Independência e durante três décadas consecutivas, Angola viveu a triste realidade de um conflito armado entre filhos da mesma mãe pátria, que nos deixou lições extremamente úteis, tendo-nos levado a desarmar os espíritos e a enveredar pelo caminho da paz, da reconciliação, da harmonia, do entendimento e da convivência pacífica entre todos, e transformado o nosso país num espaço em que se tornou possível dedicarmo-nos todos às tarefas do progresso e do desenvolvimento. Desde que se realizou a primeira edição, este Fórum tem-se constituído numa plataforma privilegiada de interacção e reflexão colectiva empenhada no reconhecimento, na difusão e na valorização dos conceitos, princípios e boas práticas tendentes à construção de um futuro mais pacífico para o nosso continente, berço de uma rica e complexa diversidade cultural, dentro da qual se entrelaçam povos com crenças, línguas e práticas diferentes. Não obstante a evidência de que a diversidade cultural constitui um inegável activo social, a sua desvirtuação pode criar tensões sociais e até mesmo conflitos desnecessários, pelo que o tema deste ano nos coloca perante o desafio de forjar novos paradigmas e elevar o respeito pela diferença como pedra angular na edificação de sociedades cada vez mais imunes à violência. Excelências, Nenhum esforço tendente a consagrar a ideia de que a paz é um bem inegociável da Humanidade produzirá os resultados almejados se não for feita uma aposta séria, firme e coerente na educação das pessoas e, principalmente, na dos jovens, chamando-lhes a intervir neste processo com o sentido de que se está a realizar um dever perante a sociedade, as famílias, as escolas, as igrejas, as agremiações desportivas, os grupos culturais, as associações e outras entidades de natureza similar. Devemos fazer uma reflexão sobre a pertinência de se elaborarem políticas públicas voltadas para a cultura de paz que, mais do que um conceito, deve ser encarada como um princípio a ser inscrito nas estratégias nacionais de desenvolvimento dos nossos países, implementado pelas instituições a que antes fiz referência e, tanto quanto possível, amplamente divulgado pelos órgãos de comunicação social e através das plataformas digitais, que podem desempenhar um papel construtivo neste esforço de promoção da cultura de paz. Devemos procurar aceitar o facto de que promover uma cultura de paz implica a valorização do colectivo, estimula o respeito pelas diferenças, consagra a diversidade como fonte de riqueza a proteger e pode agir como um factor impulsionador do reforço da justiça social, da equidade e da inclusão. É por isso essencial que coloquemos o nosso foco na questão da inclusão, pois considero que se cada cidadão dos nossos países se sentir valorizado em função dos seus conhecimentos, dos seus anseios e das suas capacidades, construiremos sociedades em que todas as vozes serão escutadas, todas as sensibilidades respeitadas, e todos os segmentos sociais levados em consideração. Já não há espaço a visões redutoras sobre o lugar da mulher nas nossas sociedades, nas quais assumem um papel cada vez mais actuante e reconhecidamente eficaz na execução das suas responsabilidades profissionais, e daquelas em que, na sua condição de mães, podem transformar-se em verdadeiras arquitectas de um mundo de harmonia, de paz, de respeito, de tolerância, de compreensão e de amor. Excelências, O nosso continente é habitado por uma população maioritariamente jovem, que tem naturalmente um conjunto de aspirações e expectativas quanto ao seu futuro, o qual se deve procurar atender levando sempre em consideração o seu papel de força motriz da mudança, da evolução, do progresso, do desenvolvimento e da construção de sociedades criativas e inovadoras. A própria natureza dos jovens tem dinâmicas próprias e gera abordagens e visões diferentes em função de cada grupo geracional, facto que deve ser sempre observado com muita atenção para que se percebam as necessidades e exigências de cada tempo e sejam encontradas soluções na medida do possível, para evitar tensões sociais e posturas muitas vezes permeáveis a ideias nocivas e a comportamentos social e civicamente pouco aceitáveis. Considero, por isso, ser nosso dever acreditar sem hesitações na juventude, disponibilizando-lhe oportunidades reais de participação activa na construção das nossas sociedades para solidificar uma cultura de paz duradoura e resiliente, criando espaços de diálogo em que devemos escutá-los, entender as suas ideias e integrar as suas contribuições para permitir-lhes que sejam agentes de mudanças virtuosas. Acredito que se conseguirmos com algum esforço alcançar este desiderato, teremos certamente conseguido, também, preparar cidadãos aptos para aceitar o confronto de ideias, em lugar de partir para a confrontação na base de ideias divergentes. É nesta perspectiva que atribuo uma importância fulcral ao diálogo inter-geracional que se tornou na referência central da Bienal, por nos permitir estabelecer um intercâmbio de ideias e um espaço de diálogo dentro do qual a combinação entre a sabedoria e a experiência dos mais velhos e a energia criativa dos jovens pode ajudar a fazer a passagem suave e tranquila do testemunho de uma geração para outra. Excelências, A criação e a consolidação de uma cultura de paz em África deve ser um passo fundamental para se estabelecer o clima e as condições essenciais para que os povos e as nações africanas se dediquem, com todo o seu engenho, às tarefas da promoção do progresso e do desenvolvimento. Somente por esta via seremos capazes de enfrentar e superar o desafio do combate à pobreza, que é, no fim de tudo, o maior dos problemas do nosso continente e o que nos torna vulneráveis às cobiças e às arbitrariedades que lhes estão subjacentes. Nosso maior desafio consiste na necessidade da definição acertada de estratégias e programas de desenvolvimento assentes na utilização dos recursos de que dispomos, para que consigamos criar as dinâmicas que vão impulsionar o intercâmbio a todos os níveis, as trocas comerciais, o aproveitamento dos conhecimentos técnicos e científicos de cada um de nossos países e regiões, para se criarem factores geradores de crescimento. Mesmo tendo a perfeita noção de que estamos diante de uma tarefa complexa, nada nos deve fazer desistir de a levar por diante, porque temos de garantir um futuro promissor e próspero às gerações vindouras, às quais caberá dar continuidade ao trabalho iniciado. Devemos empreender igualmente um esforço gigantesco para protegermos os nossos mercados de choques externos e fortalecê-los na base de programas nacionais de desenvolvimento que assentem sobre a incontornável necessidade da diversificação da economia, por forma a torná-la mais resiliente aproveitando o espírito empreendedor das nossas gentes. Excelências, Estamos a realizar hoje a terceira sessão da Bienal de Luanda. Impõe-se que façamos uma retrospectiva do percurso feito até aqui para que vejamos se tem valido a pena abordar neste Fórum as questões relacionadas com a paz no nosso continente. A República de Angola tem procurado desempenhar um papel activo no sentido de contribuir para a resolução dos conflitos em África, particularmente na RDC, porque acreditamos que a perseverança leva a bons resultados. Estou convencido de que deve ser este o espírito a conduzir-nos nas iniciativas que desenvolvemos em África para pôr um fim definitivo aos conflitos e iniciarmos, sem nenhuma espécie de constrangimento, o processo de desenvolvimento sustentável de África. Por isto mesmo, temos de procurar centrar as nossas acções concertadas entre todos, com o envolvimento activo da União Africana, no sentido de colocar o nosso enfoque na busca de uma solução para o conflito que se desenvolve no Sudão e noutras zonas do nosso continente. Não posso deixar de me referir ao cenário de instabilidade que se observa em resultado das acções terroristas desencadeadas por grupos armados na região do Sahel e das mudanças inconstitucionais - vulgo golpes de Estado - em alguns países da África do Oeste e Central. Esta situação nem sempre tem merecido a nossa mais vigorosa condenação e repulsa, havendo mesmo casos em que se confere aos golpistas o mesmo tratamento devido aos legítimos detentores do poder, o que choca com os princípios e valores defendidos pela União Africana. Excelências, Estamos actualmente perante um panorama internacional desolador, em resultado da guerra entre Israel e a Palestina e a que opõe a Rússia à Ucrânia, sendo que ambas, no seu conjunto ou mesmo isoladamente, constituem uma séria e inequívoca ameaça à segurança internacional e à paz mundial, com todas as consequências que daí derivam na sua dimensão humana, social, económica e política. Em virtude destes problemas, ocorre-nos extrair a conclusão de que se impõe, com a máxima urgência, a necessidade de se aperfeiçoarem os mecanismos da governança mundial, de modo a reforçar-se a sua capacidade de prevenção e intervenção e não permitir que as tensões políticas degenerem em confrontação armada de grandes proporções. Acompanhamos todos com muita mágoa a tragédia humana que se observa em Gaza, perante uma espécie de impotência da comunidade internacional, que se tem revelado incapaz de agir com firmeza e determinação para parar com a mutilação e morte de milhares de seres humanos indefesos e inocentes naquela parte do Médio Oriente. Este conflito só tem uma solução possível que assenta necessariamente na criação do Estado palestino, ao abrigo das várias resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a matéria. Penso que a questão que se prende com a cultura de paz e não-violência deve ser encarada de uma forma transversal, de modo que se torne um paradigma para todas as regiões do nosso planeta. Acredito profundamente no sucesso das políticas voltadas para a criação de uma sólida cultura de paz e de um ambiente de concórdia e de estabilidade em África e no mundo em geral. Declaro, assim, aberta a 3ª Edição do Fórum Pan-africano para uma Cultura de Paz e Não-Violência – Bienal de Luanda. Muito obrigado pela vossa atenção!

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

CITANDO MIGUEL GRANJA

Autor convidado da Oficina da Liberdade A superioridade moral da Direita moderada A direita moderada é ideal para passeios de barco a remos em soalheiros lagos de Domingo. Não é com tais navegadores que se vencem Bojadores e Adamastores. Ao contrário do que, à direita, é costume proclamar-se não sem a inconfundível vaidade que sempre acompanha a modéstia de contrafacção, a distinção fundamental entre a esquerda e a direita, presentes ou pretéritas, não reside no facto de a esquerda se situar num plano de superioridade moral que – de acordo com a fórmula canónica de que os fins mais dignos justificam os meios mais sinistros – consente e legitima os abusos mais flagrantes, vício constitutivo a que a direita, nos alienados solilóquios que, diante do espelho, devota à açucarada descrição de si mesma, está ou estaria orgulhosamente imune. É inegável que a esquerda padece da superioridade moral acima diagnosticada. Do carinho por purgas russas, valas ucranianas e fomes chinesas à sabujice devotada a tiranos venezuelanos, assassinos bascos, foragidos catalães e descondenados brasileiros; dos amanhãs cujas canções foram cantadas para uma terra sem amos mas escutadas por reféns na Lubianka e escravos no Gulag aos democratas sazonais que chamam “cerca sanitária” à sua repulsa pelo pluralismo democrático e “chão democrático comum” à degradação das instituições democráticas em nome da protecção das instituições democráticas, a esquerda nunca escondeu, ou sequer lamentou, totalmente que sempre viu o complexo de reservas e ressalvas, minúcias e crivos, partições e travancas, freios e contrapesos próprios das democracias liberais como, na verdade, um exército hostil a abater: um derradeiro estorvo institucional e uma longa trégua histórica, ambos a serem pacientemente instrumentalizados e finalmente removidos assim que a oportunidade, institucional e histórica, se proporcione. Confessando isto mesmo, Trotsky, que nunca teve qualquer vergonha em justificar misérias presentes em nome de bonanças futuras e em inferir que renunciar ao terrorismo é renunciar à ditadura revolucionária e, portanto, ao próprio socialismo, advogou, por exemplo em Terrorismo e Comunismo (1920), a entrada instrumental dos comunistas nos parlamentos “burgueses”, de modo, justamente, a instrumentalizá-los e sabotá-los até ao esvaziamento: “O nosso partido nunca se recusou a conduzir o proletariado à ditadura passando pela democracia; ele deu-se perfeitamente conta das vantagens abertas à propaganda e à acção política por uma tal transição “legalizada” para a nova ordem”. E não adianta protestar, a pretexto de cautelas contra alegações abusivamente redutoras, que a esquerda não é apenas Trotsky e que os anos 20 do século XX não são os anos 20 do século XXI. Todo o esquerdismo é uma forma, mais ou menos confessada, de trotskysmo: a única questão é determinar, em cada momento histórico, quão próxima se encontra a picareta e em qual das duas pontas da picareta se encontra Trostky. A picareta enterrada na cabeça de um traidor não é, pois, uma adulteração, um desvio, um acidente da superioridade moral da esquerda: é a expressão lógica da sua essência mesma. Tudo isso é, pois, verdade. O que não é verdade é que a direita esteja, como julga estar, imune aos feitiços das sirenas da superioridade moral. Os típicos refrões “nós não somos como eles”, “nós não descemos ao nível deles”, “o que nos distingue deles é que nós não estamos dispostos a tudo pelo poder”, “para nós, ao contrário deles, não vale tudo em política”, parecem, de facto, entoar o mantra da renúncia, de princípio, a toda e qualquer forma de superioridade moral por parte da direita (e quanto mais moderada se afirmar, mais renunciante, e mântrica, a afirmação). E é aqui, justamente, que reside o equívoco. A direita moderada não é, como pretende, imune ou avessa à superioridade moral, ela tem é uma concepção distinta, e mais cínica, da superioridade moral. A própria moderação como adjectivo acoplado à direita (a “direita moderada”), na medida em que pretende classificar a qualidade específica dessa direita e, assim, modificar-lhe o sentido por via da sua elevação à estatura teológica de virtude cardinal, é, na verdade, a mais categórica afirmação de superioridade moral: é a superioridade moral que se afirma na própria negação de superioridade: é a superioridade que – e qua – se nega como superior. A negação moralista de superioridade moral é talvez a forma mais velhaca, e consumada, de afirmação de superioridade moral: afirmar que toda a superioridade moral é negativa é ainda um modo de afirmar uma determinada forma de superioridade moral: nós somos moralmente superiores justamente porque não nos consideramos, como os outros, moralmente superiores. Nós não somos como os que se afirmam moralmente superiores – e reside aí mesmo toda a nossa superioridade moral. Nós, que renunciamos à superioridade moral, somos moralmente superiores àqueles que se afirmam moralmente superiores. Somos, enfim, moralmente superiores a toda a superioridade moral. Não se trata, pois, de uma distinção entre uma esquerda que afirmaria, a galope das suas pulsões utópicas, a sua superioridade moral e uma direita que, precavida pelo seu pessimismo antropológico, se afirmaria pela sua negação. Trata-se, isso sim, de duas concepções de superioridade moral que, embora distintas, favorecem a deterioração das regras democráticas e a compressão do pluralismo que essas regras visam promover e salvaguardar. Ambos os tipos de superioridade moral resultam, pois, na degradação das regras democráticas: a de esquerda, por manipulação; a de direita, por inaplicabilidade; a de esquerda, manipulando as regras democráticas; a de direita, tornando-as inoperantes. A superioridade moral da esquerda, por invasão, torna as regras democráticas inválidas, a superioridade moral da direita, por evasão, torna-as vazias. Se a esquerda não tem regras, a direita tem regras inexistentes. A superioridade moral de esquerda convive bem com demónios, a superioridade moral de direita só convive com anjos. As democracias modernas, feitas por e para humanos, oscilam cada vez mais nesta falha tectónica que se desloca entre a democracia sem regras democráticas da esquerda e as regras democráticas sem democracia da direita. São, pois, duas concepções de superioridade moral em oposição, e não uma concepção de superioridade moral (de esquerda) à qual se oporia uma concepção isenta de superioridade moral (de direita). A superioridade moral de esquerda assenta numa concepção optimista segundo a qual a esquerda, apesar de toda a miséria imposta e de todo o sangue vertido, não tem passado nem antepassados: a esquerda é sempre e toda futuro e amanhã, concebida sem pecado. Todas as manhãs, lá nasce ela de novo, inteira e virgem, milagre auto e partenogenético, rasgando, ao soco e à patada, a sua própria bolsa amniótica. A superioridade moral de direita, inversamente, assenta numa concepção pessimista que atribui à direita apenas passado e ascendência: todo o futuro é, na hipótese benigna, impossível de concretizar ou, na hipótese maligna, de concretização monstruosa, pelo que, para seu próprio bem, a descendência deve limitar-se a ser a respeitadora e replicadora, genética e civilizacional, da ascendência; as gerações vivas e por vir, proscritas do direito de sonhar e criar, devem ser apenas os dóceis donatários dos sonhos e criações das gerações mortas. A esquerda vê nos vivos apenas o refugo metálico do qual será extraído, malhando furiosamente a bigorna da História, o novo e final Adão. A direita vê nos vivos as criaturas perpetuamente gratas e penhoradas dos enterrados, dos cremados e dos embalsamados. A esquerda pertence assim aos adventos, aos partos, às auroras – numa palavra, à luz –, enquanto a direita pertence aos pretéritos, aos sepulcros, aos ocasos – ou seja, à sombra. Enquanto a esquerda lança asas e amplexos nos céus limpos e longínquos do olho oracular do porvir que tudo permite, a direita enterra raízes e vénias nos solos atolados e imemoriais da noite cega do tempo que tudo interdita. De um lado, o homem por parir. Do outro, o homem defunto. Entre a fecundação de um e a decomposição do outro, o homem vivo e vivente, esquecido pelas odes que celebram a vinda do primeiro e os requiems que evocam a partida do segundo. Destas duas concepções de superioridade moral, uma luminosa que aponta para cima e para a frente, e outra sombria que aponta para baixo e para trás, decorrem também diferentes implicações no campo da disputa política. As interpretações dos resultados das recentes eleições gerais espanholas (23 de Julho de 2023), em que a esquerda vê na sua derrota uma vitória necessária enquanto a direita vê na sua vitória uma derrota merecida, fornecem a aplicação empírica desta distinção entre as duas superioridades morais e, em particular, a demonstração da concepção de superioridade moral típica da direita moderada (sobretudo, para o que aqui nos interessa, portuguesa) para quem a vitória-derrota da direita espanhola é tanto mais fácil de explicar quanto mais contraditória for a explicação: até às eleições, a direita moderada alertava para um eleitorado subitamente seduzido pela extrema-direita – e daí a grande fragilidade da democracia; após os resultados, a mesma direita moderada sempre soube que o eleitorado jamais se deixaria seduzir pela extrema-direita – e daí a grande lição democrática. A direita espanhola, perdendo a eleição que venceu, foi assim merecidamente penalizada por se ter aproximado demasiadamente da extrema-direita da qual não fez outra coisa senão afastar-se. Logo que colocada diante da necessidade de escolher, no mundo real das aritméticas e dos compromissos, das barganhas e dos escambos (“There are no solutions; there are only trade-offs”, como insiste Thomas Sowell) que manifestam a essência mesma da antropologia pessimista e da política não utópica que, nas televisões e nos jornais, jura defender e representar, a direita moderada não teve dúvidas em proclamar a “nuestros hermanos”, não sem a devida e telegénica encenação de gravitas e gravatas, a sua firme preferência – em nome da moderação enquanto única forma de proteger a democracia das derivas extremistas que, asseguram, a ameaçam hoje mais que nunca – por uma frankensteiniana fraternidade de incompetentes, imprestáveis, fanáticos e, sem espanto, assassinos condenados que representam justamente a visão puritana e utópica que constitui a própria essência de tudo aquilo que, nas mesmas televisões e nos mesmos jornais, a direita moderada jura reprovar e combater. No fundo, aquilo a que se convencionou chamar de direita moderada não é hoje outra coisa senão o ponto do espectro político onde escolhem posicionar-se os adeptos da escolha fácil. Da escolha que dispensa escolher. Da escolha que, impondo-se por si própria, se escolhe a si mesma. Da não escolha, portanto. Julga que a verdadeira escolha é uma só e é sempre clara e fácil como entre Hitler e Churchill. De Churchill, portanto, não aprendeu a decisiva lição da escolha difícil entre Hitler e Estaline, apenas o glamour do charuto icónico, do aforismo prodigioso e dos dedos em v. É com o Churchill póstumo, e não com o vivo, que ela se identifica. É no Churchill vitorioso, e não no combatente (sem o qual não haveria o vitorioso), que ela se reconhece. É no Churchill aristocrata, e não no democrata, que ela se inspira. E é por isso que os seus princípios, enquanto sistema de mapeamento e orientação no atribulado mundo político, lhe servem apenas para situações em que os desafios a enfrentar e a superar são breves, modestos e, como tal, não comprometem o seu compromisso de não ter de escolher. Dir-se-ia que os princípios da direita moderada são óptimos instrumentos de navegação para mares calmos, onde eles são desnecessários, e péssimos para mares revoltos, onde eles são indispensáveis. A direita moderada é um farol inútil: só se avista quando o barco está em terra e a sua luz brilha e gira apenas de dia. A direita moderada é ideal para passeios de barco a remos em soalheiros lagos de Domingo. Não é com tais navegadores que se vencem Bojadores e Adamastores. No final de contas, a direita moderada não é direita moderada. Dizer direita moderada é dizer direita moderada – pela esquerda. Na verdade, é direita condicionada. Como se viu em Espanha e como se vê em Portugal (e em Portugal sobre Espanha), o que a esquerda tenta realmente condicionar não é a “extrema-direita”, é a direita moderada. A “extrema-direita” é apenas o espantalho, a miragem, o engodo de que a esquerda se serve para condicionar a direita moderada. A própria direita moderada – ou a moderação enquanto virtude de direita – é uma venenosa invenção de esquerda: a moderação é a armadilha de coelho nos laços e paus e guizos da qual a direita se enrodilha e se encarquilha – ou seja, se condiciona – a si mesma. Em termos do jogo de soma-zero que é a política, trata-se de um ardil genialmente engenhoso: que mais pode um Ulisses “dos mil estratagemas” pedir aos deuses homéricos do que todo um campo ideológico adversário dedicado a tricotar alegremente a sua própria armadilha como se da mortalha de Laertes se tratasse, reclamando para si mesmo o espaço acanhado do oikos (o “lar”), de onde não sai, entrançada no seu infinito tece e destece, a paciente – portanto, moderada – Penélope, deixando assim a Ulisses, e seus mil estratagemas, o espaço aberto da peleja, da façanha, da palavra – ou seja, da pólis? Chegará talvez o dia em que, entretida e enredada no seu tricot inútil, a direita moderada perceberá finalmente que, na realidade, não há nenhuma cerca sanitária em volta da “extrema-direita”: a “extrema-direita” é a cerca sanitária. E que, dentro dela, quem se encontra devidamente vigiada, cercada e isolada, e sem o ter percebido ainda, é ela mesma, a direita moderada, fechada à chave pelo lado de dentro. Fanática de uma moderação que a mantém refém da esquerda (a velha da comunidade a quem compete a devida e pública fiscalização do sangue vaginal no lençol da virgindade democrática), a direita moderada chama princípios à sua própria rendição e temperança à sua própria captura, confundindo, na verdade, moderação com sequestro e dignidade com inutilidade. Fanática da moderação, meio para um fim que confunde com um fim em si mesmo, merece ser lembrada, de cada vez que se envaidece da sua humildade, da deliciosa observação de Golda Meir, que costumava recomendar aos vaidosos mascarados de humildes que a rodeavam: “Don’t be so humble – you’re not that great”.

CITANDO Sérgio Raimundo

Haverá celas suficientes… Quem vai prender a todos aqueles senhores que ofendem todos os dias os nossos olhos sonhadores de um país melhor? Quem vai prender a todos que nos ofendem em Cabo Delgado: exumam os rubis mais valiosos do mundo enquanto pás enormes de fome escavam estômagos vazios de muitas famílias ao lado? Digam aos senhores do SERNIC para não se esquecerem de prender todos aqueles senhores que ofenderam os moçambicanos ao transformar a LAM em uma companhia de um avião, a todos aqueles senhores que despenharam os aviões da LAM nas montanhas do roubo e corrupção. E quem vai prender os generais que apodrecem de salários nos gabinetes em Maputo enquanto rapazes ofendidos pela pobreza sucumbem como cães em Cabo Delgado? Alguém sabe da ofensa que os seus familiares recebem depois?: um quilo de arroz, três litros de óleo, duas barras de sabão e um caixão com restos de uniforme militar. Depois do Doppaz, prendam os que nos ofendem com promessas que nunca cumprem, prendam os cães da polícia que nos ofendem e comem-nos os passos nas marchas! Quem prenderá a polícia que nos ofendeu, espancou-nos na marcha e depois desparafusou o olho do outro rapaz? Quem? Haverá celas suficientes para todos que nos ofendem todos os dias? Quem prenderá os que nos ofendem com vagões de estradas cheias de sacos de buracos, os que nos distribuem vagas de desemprego, os raptores que ofendem e colocam outros moçambicanos em jaulas como macacos de rabos sem pêlos no zoológico? Será que o SERNIC não pode prender a quem ofende os médicos, todos os dias, com ameaças e eles, coitadinhos, sugando em silêncio o soro da esperança como autênticos doentes? Será que o SERNIC não tem algemas suficientes para prender o salário que ofende a vida desgraçada dos professores, os subsídios que se empurram e ofendem-se com os salários gordos dos nossos chefes? Depois do Doppaz, prendam também quem nos ofende todos os dias com a falta de emprego, prendam a polícia municipal que sobrevoa os passeios cheios de carros para algemar pneus de carrinhas de mão na Baixa e arrumem, também, nas celas as árvores que nos ofendem e viram salas de aulas das nossas crianças. Claro que não se pode ofender o senhor presidente, mas também ninguém tem o direito de ofender a quem empurrou através de votos o senhor presidente ao trono: o povo.

Citando Jonathan Llewellyn

"Os portugueses parecem ter vergonha de se orgulharem do que conseguiram." REVELAÇÕES FEITAS POR UM HISTORIADOR ESTRANGEIRO SOBRE A GUERRA DO ULTRAMAR: 1961 - 1974 Jonathan Llewellyn "Espero que perdoem a um estrangeiro intrometer-se neste assunto, mas é preciso que alguém diga certas verdades. A insurgência nos territórios ultramarinos portugueses não tinha nada a ver com movimentos nacionalistas. Primeiro, porque não havia (como ainda não há) uma nação angolana, uma nação moçambicana ou uma nação guineense, mas sim diversos povos dentro do mesmo território. E depois, porque os movimentos de guerrilha foram criados e financiados por outros países. ANGOLA – A UPA, e depois a FNLA, de Holden Roberto foram criadas pelos americanos e financiadas (directamente) pela bem conhecida Fundação Ford e (indirectamente) pela CIA. O MPLA era um movimento de inspiração soviética, sem implantação tribal, e financiado pela URSS. Agostinho Neto, que começou a ser trabalhado pelos americanos. só depois se virando para a URSS, tinha tais problemas de alcoolismo que já não era de confiança e acabou por morrer num pós-operatório. Foi substituído pelo José Eduardo dos Santos, treinado, financiado e educado pelos soviéticos. A UNITA começou por ser financiada pela China, mas, como estava mais interessada em lutar contra o MPLA e a FNLA, acabou por ser tolerada e financiada pela África do Sul. Jonas Savimbi era um pragmático que chegou até a um acordo com os portugueses. MOÇAMBIQUE - A Frelimo foi criada por conta da CIA. O controleiro do Eduardo Mondlane era a própria mulher, Janet, uma americana branca que casou com ele por determinação superior. Mondlane foi assassinado por não dar garantias de fiabilidade, e substituído pelo Samora Machel, que concordou em seguir uma linha marxista semelhante à da vizinha Tanzânia. Quando Portugal abandonou Moçambique, a Frelimo estava em ta estado que só conseguiu aguentar-se com conselheiros do bloco de leste e tropas tanzanianas. GUINÉ – O PAIGC formou-se à volta do Amílcar Cabral, um engenheiro agrónomo vagamente comunista que teve logo o apoio do bloco soviético. Era um movimento tão artificial que dependia de quadros maioritariamente cabo-verdianos para se aguentar (e em Cabo Verde não houve guerrilha). Expandiu-se sobretudo devido ao apoio da vizinha Guiné-Konakry e do seu ditador Sékou Touré, cujo sonho era eventualmente absorver a Guiné portuguesa. Em resumo, territórios portugueses foram atacados por forças de guerrilha treinadas, financiadas e armadas por países estrangeiros. Segundo o Direito Internacional, Portugal estava a conduzir uma guerra legítima. E ter combatido em três frentes simultâneas durante 13 anos, estando próximo da vitória em Angola e Moçambique e com a situação controlada na Guiné, é um feito que, militarmente falando, é único na História contemporânea. Então porque é que os portugueses parecem ter vergonha de se orgulharem do que conseguiram?" Publicado a 01 de Junho 2013 por Jonathan Llewellyn

domingo, 29 de outubro de 2023

DISCURSO JOÃO LOURENÇO

Discurso de Sua Excelência João Lourenço, Presidente da República de Angola, na 78ª Sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas | "Reconstruir a Confiança e Relançar a Solidariedade Mundial: Acelerar a Acção no Âmbito da Agenda 2030 e dos seus Objectivos de Desenvolvimento Sustentável Rumo à Paz, à Prosperidade, ao Progresso e à Sustentabilidade para todos" Nova Iorque, 20 de Setembro de 2023 -Sua Excelência Dennis Francis, Presidente da 78ª Sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas; -Sua Excelência António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas; -Distintos Chefes de Estado e de Governo; -Chefes de Delegação; -Minhas Senhoras, Meus Senhores, É com grande honra que tomo a palavra nesta Magna Assembleia das Nações Unidas, num contexto em que o Mundo enfrenta uma situação de elevada complexidade que requer desta nossa organização o reforço do seu papel e das suas capacidades para formular as mais adequadas respostas e assim poder responder aos graves desafios que o mundo enfrenta. Desejo a Sua Excelência Dennis Francis os melhores êxitos durante o mandato que passa a exercer desde agora na qualidade de Presidente da 78ª Sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas. Gostaria igualmente de expressar ao Sr. António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas, os nossos agradecimentos pelo incansável trabalho que tem vindo a realizar em prol da paz e do desenvolvimento, em circunstâncias bastante desafiadoras. Excelências, Não tendo estado presente na sessão da Assembleia-Geral de 2022, não tive a oportunidade de expressar, em nome de Angola e dos angolanos, as nossas preocupações e visão sobre os problemas que o Mundo enfrentava e que se agravaram com o eclodir do conflito entre a Rússia e a Ucrânia naquele mesmo ano. Apesar de se terem feito grandes esforços no caminho da criação de um Mundo mais pacífico e próspero, reconhecemos que, passados quase 78 anos desde a fundação da nossa organização, não foi possível construirmos uma base sólida de confiança entre as Nações de modo a evitar-se o surgimento de focos de tensão aqui e ali, que degeneram em conflitos abertos em África, na Ásia, na América Latina, no Médio-Oriente e agora na Europa, onde seria pouco expectável que ressurgisse uma guerra de tão grandes proporções, como a que ocorre neste momento. A gestão dos interesses a nível global em matéria de segurança, da ciência e tecnologia, bem como dos recursos em termos gerais, de que destaco as matérias-primas estratégicas e as fontes geradoras de energia, não satisfaz ainda os interesses e espectativas das diferentes Nações e povos do nosso planeta. É fundamental que façamos tudo o que está ao nosso alcance para promover continuamente o respeito e observância dos valores estabelecidos na Carta das Nações Unidas e no Direito Internacional, para que possamos corrigir a perigosa trajectória que o Mundo tomou após a queda do Muro de Berlim. Na abordagem dos problemas contemporâneos das relações internacionais, destacamos a importância de se avaliar com objectividade a natureza e a origem dos conflitos e as perspectivas da sua solução, sempre no respeito às normas universais que regem as relações entre os Estados. Excelências, Não se pode deixar de reconhecer que o fosso entre os países em vias de desenvolvimento e os desenvolvidos continua a ser uma realidade inaceitável por não haver, em muitos casos, uma verdadeira vontade política para a ultrapassar, tendo como consequência as dificuldades de acesso aos recursos financeiros e materiais necessários à concretização de projectos de desenvolvimento, assim como os condicionalismos impostos à transferência de tecnologia, constituindo-se em factores que retardam a implementação dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos na Agenda 2030 das Nações Unidas. Gostaria de saudar o apelo do Secretário-Geral à reforma da arquitectura financeira mundial e ao estímulo dos ODS de pelo menos 500 mil milhões de dólares por ano para fazer face aos desafios emergentes. Por não se verem adequadamente representados numa grande parte das instituições de governação mundial, os países em desenvolvimento não estão em condições de exprimir as suas sensibilidades e fazer valer os seus pontos de vista ao nível apropriado e contribuir assim para a formulação de soluções realistas dos seus problemas. Esta situação gera ansiedade e frustração das populações mais vulneráveis que, ao não verem satisfeitas as suas expectativas, tornam-se facilmente permeáveis às influências negativas e perigosas para a ordem e a estabilidade dos seus respectivos países. Excelências, Nas últimas décadas, África testemunhou transformações que galvanizaram mudanças com impacto nas gerações vindouras. Muitos países africanos resolveram conflitos, investiram o que lhes foi possível no desenvolvimento socioeconómico e promoveram a educação dos seus cidadãos, tornando-os mais informados e dispostos a contribuir para o desenvolvimento económico e social dos respectivos países. As transições democráticas tornaram-se regulares e as instituições essenciais para a consolidação da democracia mais interventivas e, por isso mesmo, mais capazes de dar sustentação e solidez às conquistas democráticas alcançadas nas nossas nações. Trata-se de um registo que deve ser enaltecido e estamos convencidos que tudo deve ser feito para que não ocorra um retorno aos modelos que vigoravam antes do advento da democracia em África. Contudo, a falta de perspectivas que se observam em muitos dos nossos países no plano económico e social, cria um terreno fértil para a subversão e para a fragilização das democracias recentes no nosso continente. Torna-se, por isso, urgente e imperativo que seja concedido apoio real ao desenvolvimento por via do financiamento em condições favoráveis para a construção de infra-estruturas de produção e distribuição de energia eléctrica e de água potável, de vias de comunicação rodoviárias e ferroviárias, de saneamento básico, de construção de escolas, de hospitais, e outras e também no investimento privado directo nas economias africanas, para que África possa passar a ter uma contribuição maior na economia mundial. Em África, temos procurado buscar os caminhos que nos levem a sair do estado em que nos encontramos actualmente, como a iniciativa da criação da Zona de Comércio Livre Continental Africana, com mais de mil milhões de consumidores e que constitui, por isso, uma plataforma impulsionadora de progresso do continente. Os parceiros internacionais de África devem acreditar e apostar no nosso mercado porque terão seguramente um retorno satisfatório dos seus investimentos nos diferentes sectores das nossas economias em que decidirem investir. Pretendemos atender às expectativas dos jovens africanos que se veem forçados a tentar realizar os seus sonhos fora do seu continente em contextos de adaptação quase sempre difícil, para além do elevado risco de vida que muitos deles enfrentam ao fazerem perigosas travessias do Mediterrâneo. Angola tem-se assumido como promotora do diálogo que, em nossa opinião, não se deve limitar aos espaços políticos e diplomáticos, mas abranger também um vasto leque de protagonistas, designadamente organizações da sociedade civil, empresas e indivíduos, cabendo um lugar de destaque à juventude, verdadeira força motora das transformações que almejamos para garantir o progresso das nossas nações. Foi imbuída deste espírito que Angola decidiu albergar o Fórum Pan-africano para a Cultura de Paz em África organizado em parceria com a União Africana e a UNESCO, cuja 3ª edição realizar-se-á em Novembro deste ano em Luanda. O Fórum, também conhecido como «Bienal de Luanda», constitui uma plataforma privilegiada de intercâmbio entre diferentes culturas, religiões e modelos sociais, através de sessões interactivas e construtivas para identificar, promover e difundir modelos viáveis e inclusivos de resolução pacífica de conflitos a nível do continente africano, podendo servir como uma referência potencialmente inspiradora para outras regiões do mundo. Excelências, A República de Angola tem procurado contribuir com a sua experiência em termos de construção da paz, da harmonia e da reconciliação nacional, para a resolução de conflitos que assolam o continente africano, com especial enfâse para o que ocorre na RDC, onde acreditamos que se poderá construir uma base de confiança entre os beligerantes, que contribua para um abrandamento da tensão na região dos Grandes Lagos e conduza à tão almejada paz. Essas diligências para conter a expansão do terrorismo e outras acções de desestabilização, implicam custos financeiros que nem sempre os nossos países estão capazes de suportar e que, por isso, podem comprometer o sucesso das operações de pacificação que se levam a cabo e deitar por terra as esperanças que se alimentam à volta desses processos. É por isso essencial reafirmarmos a necessidade de um financiamento adequado, sustentável e previsível para os esforços na luta contra o terrorismo no continente, pelo que considero oportuno renovarmos o apelo às Nações Unidas, particularmente ao Conselho de Segurança, para a utilização de contribuições fixas para operações de apoio à paz mandatadas pela União Africana. Até há relativamente pouco tempo, a região do SAHEL era assolada apenas pela acção de grupos terroristas reforçados por mercenários a soldo, que tendo encontrado um vazio de poder na Líbia, ali se instalaram e se expandiram para os países vizinhos. A acrescer a esta situação de si já perigosa, eis que mais ou menos na mesma região surgiu uma onda de mudanças inconstitucionais do poder protagonizadas por militares. Esses novos poderes não devem ser premiados com a possibilidade de partilharem connosco os mesmos palcos políticos, sob pena de estarmos a passar uma mensagem errada, contrária aos princípios que defendemos. Cada vez ficamos mais convencidos da existência de uma mão invisível interessada na desestabilização do nosso continente, apenas preocupados com a expansão de sua esfera de influência, que sabemos não trazer as garantias necessárias para o desenvolvimento económico e social dos países africanos. A Comunidade Internacional está preocupada não só com a situação nos países do SAHEL, no Corno de África, em Moçambique e na República Democrática do Congo, como também com o conflito do Sudão, que para além do elevado número de mortos, de feridos, de destruição das infra-estruturas do país, provocou um incontável número de deslocados internos e de refugiados, tendo se tornado já numa das maiores catástrofes humanitárias que o mundo conhece e de cujas consequências se ressentem os países vizinhos. O Mundo não se pode esquecer do sofrimento do povo palestino e, muito menos, ignorar a necessidade da resolução do conflito no Médio Oriente, com destaque para o israelo-palestino, cuja fórmula de dois Estados a conviver lado a lado de forma pacífica, já foi encontrada pelas Nações Unidas há anos sem que tivesse alguma evolução, carecendo apenas de ser implementada. A comunidade internacional corre o risco de ser acusada de estar a dar tratamento diferente, privilegiado ao conflito na Europa em detrimento de outros, por estarem no Médio Oriente ou em África onde o do Sudão é tão mortífero e destruidor quanto o da Ucrânia, mas que merece menos cobertura dos media internacionais e menor atenção dos grandes centros de decisão sobre a paz e segurança mundial. Na Europa a guerra entre a Rússia e a Ucrânia deve merecer toda nossa atenção e premência de se lhe pôr fim imediato, pelos níveis de destruição humana e material que aí se regista, pelo risco de uma escalada para um conflito de grandes proporções à escala global e pela incidência dos seus efeitos nocivos sobre a segurança energética e alimentar. Todas as evidências indicam-nos ser improvável que haja no campo de batalha vencedores e vencidos, pelo que se deve encorajar as partes envolvidas a privilegiar tão cedo quanto possível a via do diálogo e da diplomacia, estabelecer-se o cessar-fogo e negociar-se a paz duradoura não só para os países beligerantes, mas que garanta a segurança da Europa e contribua para a paz e segurança mundial. Excelências, Nos últimos três anos enfrentámos um grande desafio global que nos foi colocado pela pandemia da COVID-19, que veio demonstrar a importância e a força da solidariedade fentre as Nações, como base para se fazer face e resolver os grandes problemas globais. Este exemplo deve servir como paradigma do nosso comportamento para enfrentarmos outros desafios, sobretudo os que se referem ao combate à pobreza, às disparidades entre países em desenvolvimento e os desenvolvidos no domínio da ciência e da tecnologia, que representam como todos sabemos, factores importantes e indispensáveis para se impulsionar o desenvolvimento e o bem-estar dos povos do nosso planeta. A coordenação e a articulação entre todas as Nações do Mundo, que foi a nota dominante no processo do combate à COVID-19, pôs em evidência o papel central das instituições de cariz multilateral. Por isso mesmo, consideramos que o pluralismo nas relações internacionais é o principal garante da eficácia das acções que empreendemos para resolver as grandes questões que afectam a Humanidade nos tempos que correm. É evidente que na perspectiva do multilateralismo, as Nações Unidas têm de se capacitar para assumir um papel efectivo no cumprimento das suas atribuições, impondo-se com urgência a necessidade da reforma do Conselho de Segurança, por forma a que este órgão reflicta a realidade dos tempos actuais, total e profundamente diferente da vivida imediatamente após o fim da Segunda Guerra Mundial. A República de Angola, defende, por isso, a necessidade da revisão da representatividade das diferentes regiões do mundo no Conselho de Segurança. Neste domínio, no que diz respeito ao continente africano, defendemos o consenso de Ezulwini e a Declaração de Sirte, que estabelecem a necessidade de atribuição à África de assentos como membros permanentes no Conselho de Segurança, com todos os privilégios inerentes à categoria. Excelências, As Nações Unidas vêm lidando ao longo de décadas com uma série de situações a respeito das quais tem sido adoptado um conjunto de resoluções que são simplesmente ignoradas e desrespeitadas, sem que isto produza alguma consequência para os seus protagonistas. Penso ser necessário reflectirmos juntos sobre a necessidade de procurarmos criar mecanismos que reforcem a autoridade da ONU, para que não a desacreditemos e nem fragilizemos o seu papel decisivo na construção de uma arquitetura de paz e segurança mundial eficaz, à qual todas as nações do mundo se devem sentir vinculadas com um forte sentido de comprometimento, independentemente do seu poderio económico e militar. É, por isso, oportuno salientar a importância do cumprimento das resoluções vigentes a respeito do embargo contra Cuba e do conflito que perdura no Médio-Oriente há décadas entre Israel e a Palestina. Importa recordar que no ano de 2021, participei nesta cidade numa reunião do Conselho de Segurança com o propósito de discutir a questão do levantamento do embargo de fornecimento de armas à República Centro-africana, não tendo se registado desde então algum progresso sobre esta matéria, o que afecta seriamente o exercício de um direito fundamental dos países de terem o seu próprio Exército Nacional para garantir a defesa da Independência, da Soberania e do normal funcionamento das instituições do país. Reitero uma vez mais a pertinência de se colocar a abordagem deste tema na agenda do Conselho de Segurança das Nações Unidas, para que se tome uma decisão que permita à República Centro-africana cumprir cabalmente o seu papel como Estado independente e soberano, não tendo a necessidade de recorrer a contratação de forças paramilitares estrangeiras por tempo indeterminado. Excelências. A República de Angola preside à Cimeira dos Chefes de Estado e de qGoverno da OEACP, o que nos confere a responsabilidade de abordar alguns aspectos relativos a esta organização. Concluiu-se com êxito a negociação do acordo de parceria entre a Organização dos Estados de África, das Caraíbas e Pacífico com a União Europeia, cuja cerimónia de assinatura deverá acontecer brevemente, marcando assim uma nova fase desta cooperação adaptada à realidade actual e às aspirações dos Estados-Membros de ambas organizações. Este importante instrumento sobre o qual assentará a cooperação entre a OEACP e a União Europeia define as bases sobre as quais se vão projectar as acções nos mais variados domínios, com um especial destaque para a sustentabilidade ambiental e as alterações climáticas, o desenvolvimento humano e social e a migração e mobilidade. Como Vossas Excelências sabem, a OEACP integra 79 países de três continentes e três oceanos, representando um enorme potencial de cooperação para aqueles que estabelecerem parcerias em domínios prioritários para os Estados-Membros, gerando assim benefícios recíprocos. Aproveito esta ocasião para lançar um apelo aos investidores, no sentido de olharem para os países da OEACP como um destino seguro e com vantagens importantes para os seus negócios. Excelências, Permitam-me ainda aproveitar a oportunidade que esta tribuna nos confere para, em breves palavras, referir-me à questão das alterações climáticas que representa, nos tempos actuais, uma preocupação central da Humanidade, dos Governos e das sociedades de todos os nossos países. A Comunidade Internacional deve procurar cumprir, dentro do possível, as promessas que foram feitas nas últimas duas edições da COP sobre o financiamento para o clima, de modo a que na Cimeira da COP 28, a ter lugar nos Emirados Árabes Unidos, este tema deixe de absorver uma parte significativa da agenda para que nos possamos debruçar de forma concreta na necessidade da implementação urgente das medidas a tomar com vista à redução dos gases poluentes, reduzir a deflorestação, reduzir o aquecimento global e assim salvarmos o nosso planeta Terra enquanto ainda é tempo. Permitam-me aproveitar esta ocasião para, em nome do Governo e do povo angolano, exprimir os nossos profundos sentimentos de pesar às autoridades e aos povos de Marrocos e da Líbia, pela perda repentina de milhares de vidas humanas e de valioso património nacional, como consequência de catástrofes naturais. A nossa total solidariedade para com os familiares e próximos, que sentem a dor da irreparável perda de entes queridos. Muito obrigado a todos!

CITANDO MIGUEL BOIEIRO

Tipuana No dia 24 de setembro de 2023, a Sociedade Portuguesa de Naturalogia (SPN) organizou mais um dos seus passeios pedestres, o que tem sucedido regularmente há muitas décadas. Desta vez, aconteceu em Alcochete e integrou um percurso que começou no “outlet” Freeport e prosseguiu depois pelo adjacente Pinhal das Areias, Sapal das Hortas (frente à Reserva Natural do Estuário do Tejo) e parte do litoral poente na direção da vila de Alcochete. A ideia central foi a de despertar a atenção dos caminhantes para as curiosidades da natureza, a relevância histórica, paisagística e ambiental dos sítios e o usufruto que se pode colher duma flora típica predominante. Com tempo estival, a iniciativa concitou o entusiasmo de 63 participantes, desejosos de ampliar os seus conhecimentos. Não cabe no âmbito destas habituais croniquetas botânicas, pormenorizar todos os aspetos deste passeio lúdico-cultural, pelo que iremos apenas referir algumas particularidades da flora, antes de nos determos na tipuana, a qual encabeça este escrito. Como sabemos, para além do clima e das intervenções humanas, as característicos do solo determinam a existência das diversas espécies. Assim, iniciámos no Pinhal das Areias (espaço de 13 hectares, por demais arenoso e seco), a observação de xerófitas, plantas rasteiras que suportam a exiguidade aquática, os sargaços, os troviscos, as aroeiras, os adernos, os lentiscos, os pinheiros-bravos, os pinheiros-mansos, os sobreiros e alguns cedros. Como espécies exógenas provenientes de outras latitudes, vimos algumas acácias, chorões e fitolacas. Ao passarmos para a zona do sapal, ficou muito evidente a existência duma toalha freática de água-doce a competir com a água salinizada. Esta penetra nos solos pela Ribeira das Enguias e esteiros que a encaminham para as marinhas de sal, cuja atividade produtiva já se extinguiu. Torna-se deveras interessante observar o choque eivado de eletricidade e magnetismo e a correspondente troca de iões entre essas águas. Daí resulta uma vegetação, por vezes exuberante, que brota através de camadas diversas, consoante é maior ou menor a sua adaptação à salinidade. Sem nos alargarmos neste pormenor, mais suscetível de ser analisado por biólogos e cientistas de cátedra, realcemos um pouco, o que a vista desarmada logra alcançar. Primeiro, os almeirões-silvestres de florinhas azuis, as acelgas-marítimas, as espargueiras e os densos juncais, indiciadores da água doce. Depois, a proliferação gradual de halófitas: artemísia-marítima, salgadeira (Atriplex halimus), gramata-branca, salsola vermiculata, Sarcocornia perennis, Inula crithmoides, Suaeda maritima, setembrista (Aster tripolium), Limonium vulgare, salicórnia, morraça etc, etc. Diz-se que a zona que antecede o sapal, agora um atraente parque de merendas, foi outrora povoada por pinheiros mansos que posteriormente teriam sido cortados para que os seus troncos arqueados fossem utilizados na construção dos cavernames das fragatas. Hoje, são outras árvores, mormente as de crescimento rápido, que alindam o local, em especial, choupos, casuarinas e tipuanas. Aqui chegados, vamos então avançar para a descrição das especificidades da espécie exótica, a quem conferi a honra de ser a protagonista da presente croniqueta. A tipuana, cujo nome científico é Tipuana tipu, pertencente à família das Fabaceae, é uma árvore florífera de copa densa e ampla, que pode atingir algumas dezenas de metros de altura. É nativa na América do Sul, especialmente na Bolívia, Argentina e Brasil (Paraná). Possui folhas caducas compostas por folíolos sésseis, oblongos e paralelos. As abundantes inflorescências formam cachos de flores zigomórficas, hermafroditas com pétalas de amarelo dourado enrugadas. O fruto é constituído por uma vagem leguminosa indeiscente formando uma sâmara, isto é, possui uma espécie de asa que, através do vento, facilita a disseminação das sementes. O tronco é robusto com casca cinzenta e fissurada, mas de madeira frágil. As raízes são invasivas, não se recomendando as plantações em urbanizações com espaços exíguos. A tipuana é perene, de crescimento rápido e resiste à seca, à aragem salina e a algum frio. Mas, para que serve a tipuana? É agora a pergunta que se impõe! Antes de mais, é uma bela árvore ornamental com lindas flores que na época própria se desprendem e alcatifam o chão com milhares de pétalas douradas. Elas combinam maravilhosamente com as pétalas azuis do jacarandá, outra linda árvore oriunda da América do Sul. É o que soi dizer-se “ouro sobre azul”. Depois, proporciona sombras repousantes apreciadas nos dias soalheiros, devido à densidade da sua copa. Todavia, não há ainda certezas suficientes sobre os seus préstimos fitoterapêuticos, embora seja, há muito, usada como medicina popular nos países de origem. Alguns raros estudos fitoquímicos indiciam que a folhagem, rica em flavonoides, detém ação inflamatória, analgésica, laxante e antitumoral, podendo prevenir infeções. A seiva, de cor avermelhada, é cicatrizante, mas, em algumas situações, pode provocar alergias (é melhor não experimentar!). Por fim, refere-se que as flores são algo melíferas, favorecendo o desenvolvimento da apicultura. Outubro de 2023 Miguel Boieiro

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

O 1⁰ Maior Evento Desportivo Realizado em Angola

II⁰ Jogos da África Central: Primeiro grande evento desportivo foi há 42 anos “De 20 a 30 de Agosto, em Luanda, Huambo e Lubango, II Jogos da África Central”. O spot com estes dizeres, era difundido na Rádio Nacional de Angola e na Televisão Popular de Angola, desde o princípio do mês de Junho de 1981. Apesar de ter sido numa época em que a concorrência dos medias era impensável, rapidamente o país ficou mobilizado para o grande acontecimento desportivo, que estava a ser preparado com esmero. Nunca antes tinha havido um evento desportivo de semelhante grandeza. Angola estava há apenas cinco anos independente, e como se não bastasse, a resistir à invasão externa, e a realização dos II Jogos da África Central, foi um verdadeiro trunfo das autoridades angolanas, que acabariam por convencer os Estados da região, e não só, de que apesar da agressão de que o país estava a ser alvo, vivia-se, na mesma, um clima de alguma estabilidade. Alguns bons amigos infundiam no estrangeiro, a mensagem de que Angola era um país em que o cheiro à pólvora, pairava “ par tout”, não sendo por isso um bom lugar para se investir, viver ou visitar. Os Jogos não tiveram qualquer alteração de programa. Salvo a retirada, quase à última hora, da cidade do Lubango. Assim, como estava previsto, no dia 20 de Agosto de 1981, o estádio da Cidadela, na época com apenas um anel, vestiu-se de cor, festa e alegria para a cerimónia de abertura. O festival, de quadros humanos, emprestava outro colorido às bancadas, como expressão de capricho na organização. Estudantes de diferentes instituições de ensino do II e III níveis tinham levado semanas a ensaiar os diferentes esquemas exibidos, sob batuta do professor cubano, Adelquis Ramon, também conhecido na altura, e cá entre nós, por mestre Máximo. Aliás, a organização tinha feito o seu melhor para que tudo saísse à contento. Numa da Torres do complexo desportivo da Cidadela estava instalada a Aldeia Olímpica, no pavilhão principal estava montado um mini-centro de imprensa, assim como outros serviços de apoio às delegações participantes. Não houve ausências, e oito modalidades estiveram em evidência. Futebol, basquetebol, andebol, atletismo, boxe, judo, ciclismo e voleibol deram o ar da sua graça. Na época, não se evidenciava o espírito competitivo. Colocava-se, em primeira instância, a necessidade de intercâmbio. Ou seja, o espírito de fortalecimento e estreitamento de relações entre países e povos da mesma linha ideológica. Mas os que puderam bater recordes nas diferentes disciplinas, fizeram-no. No essencial o evento valeu mais pela convivência entre a juventude dos países da zona central de África. Na verdade, o sucesso organizativo dos II⁰ Jogos da África Central, mérito a atribuir à então Secretaria de Estado de Educação Física e Desportos, com Rui Mingas à testa, dizíamos, terá mobilizado o país a acolher outros eventos desportivos de grande dimensão nos anos que se seguiram, embora um ano antes já tivesse recebido o Africano de juniores em basquetebol, em que Angola de José Carlos Guimarães, Victor Almeida, Artur Barros e demais venceu, numa épica e memorável final a RCA de Anicet Lavodrama, Frederic Goporo e outros artistas. A palavra aos testemunhos oculares O Jornal de Angola ouviu algumas figuras do desporto que acompanharam o evento e deixaram o seu testemunho. José Luís Prata, à época piloto da nossa companhia aérea de bandeira, os Jogos constituíram uma capacidade organizacional das autoridades angolanas da época. “Os II⁰ Jogos da África Central foram organizados num dos momentos menos bons do período pós-independência, em plena invasão militar sul africana, com a ocupação de várias parcelas do território nacional. E dentro deste grande conflito armado o desafio era conseguirmos realizar em Luanda e Huambo, com participação de meia-dúzia de países, um conjunto de modalidades diversificadas como futebol, basquetebol, andebol, ciclismo, boxe, atletismo, voleibol e judo, com participações masculinas e femininas. Foi uma demonstração de capacidade organizacional de Angola, alojar e arranjar a logística. Lembro que a TAAG deu uma grande contribuição, fazendo uma ponte aérea com bens perecíveis e sumos, apoio médico, transporte de 1400 pessoas. Enfim, foi uma organização complicada num país em guerra”. Os ll⁰ Jogos da África Central em Angola constituíram uma afirmação do país do ponto de vista desportivo e político. Quem o diz é António Gomes “Tony Estraga”. “Em minha opinião os ll⁰ Jogos da África Central foram efectivamente uma vitória pelo facto do momento que vivíamos do ponto de vista politico e militar. E constituiram uma afirmação do país não só do ponto de vista desportivo mas também com um significado politico . Outro aspecto positivo foi a demonstração da capacidade organizativa. As infra-estruturas também constituíram uma vitória, pois foram os vários equipamentos desportivos que foram recuperados. Podemos ainda acrescentar a formação e capacitação de muitos técnicos desportivos nacionais. Resumindo, julgo que houve na altura uma visão de afirmação aos níveis politico e desportivo. Aliás, vivíamos uma era de “Estado Providência”, com grandes preocupações no bem social, e o desporto e a cultura eram aspectos importantes na politica de governação”. Dedaldino da Conceição, jornalista da TPA, tem sobre os Jogos a seguinte opinião: “Os II Jogos da África Central realizaram-se em Luanda e Huambo, cinco anos depois de Angola ter alcançado a sua independência. Com algum cepticismo por parte dos países da região participantes, houve uma demonstração de ideologia, vontade e determinação patentes num povo unido que fez das fraquezas força em várias esféras. Na altura as mais visíveis para mim, pois ainda era um imberbe de 14 anos, o desportivo e o estudantil, desejo governamental de se impor na região através do desporto face a qualidade dos nossos atletas, tendo em conta os resultados nos contactos internacionais com o bloco socialista. Lembro-me do complexo da Cidadela albergar o maior número de provas, desde o atletismo, futebol, andebol, voleibol, basquetebol além das cerimónias de abertura e encerramento, nas quais tive participação directa nos quadros humanos, como estudante da escola Che Guevara, dirigidos pelo professor Máximo. No final a colheita em termos de medalhas não foi por aí além. Porém, ficou evidente a boa organização e a força mental dos angolanos que mesmo não estando a cem por cento para disputar os lugares cimeiros, deram o aviso a África e ao mundo que havia trabalho interno para preparar um futuro de vitórias”. Inexperiência determina mau desempenho de Angola Matias Adriano

terça-feira, 12 de setembro de 2023

A operação imobiliária especial do PCP

O PCP demoliu uma referência da arquitectura portuguesa, para no mesmo local construir um edifício de sete pisos. Não é um atentado ao património. É sim a operação imobiliária especial do PCP Como é possível que num país em que os licenciamentos são um inferno para os cidadãos, um partido possa demolir uma casa considerada um marco na arquitectura portuguesa? Operação especial. Esta é a chave da questão. Tal como a Rússia diz não ter invadido a Ucrânia, mas sim estar a desenvolver uma operação militar especial, também o PCP não se dedica à especulação imobiliária (para mais à custa da destruição de importante património arquitectónico) mas sim à procura duma solução que valorize a cidade, no caso de Aveiro. Tudo começa nos finais de 1974 quando o PCP ocupou em Aveiro a Casa Aleluia. Para o PCP a coisa não se podia fazer por menos: um projecto assinado por Silva Rocha, a Vivenda Aleluia, tinha sido a residência duma família ligada à cerâmica, a família Aleluia. O seu interior, de que faziam parte importantes peças de cerâmica, reflectia essa ligação. Em 1974, a Casa Aleluia estava devoluta e antes que o ano acabasse já funcionava ali o Centro de Trabalho de Aveiro, designação que os comunistas dão às suas delegações e sedes. Em 1974, note-se, os partidos não tinham sedes nem delegações. Conseguiram-nas à custa de ocupações supervisionadas pelo MFA e de contratos-empréstimos negociados sob o receio das ocupações. Também existiram doações e cedências mas basicamente impôs-se a lei do mais forte, não apenas em relação aos proprietários dos edifícios ocupados-alugados mas entre os próprios partidos. E, entre estes, o PCP podia mais. Assim, do modernista Hotel Vitória em Lisboa, que o PCP alugou em 1975 (seria interessante conhecer esse contrato de arrendamento), ao símbolo da chamada Casa Tradicional Portuguesa, que era a Casa Aleluia em Aveiro, o PCP instalou-se no que havia de mais interessante, imobiliariamente falando. Com a normalização democrática, e num processo replicado em tantas outras ocupações, o ocupador tornou-se inquilino. Até que chegamos ao ano de 2006. Em 2006 os proprietários da Casa Aleluia e senhorios do PCP anunciaram a sua intenção de demolir a Vivenda Aleluia para, no mesmo local, construírem um edifício de cinco andares. Ainda 2006 não tinha acabado e já a Câmara de Aveiro, então liderada por Élio Maia, independente eleito com o apoio duma coligação PSD-CDS – indeferia por unanimidade o pedido de demolição da Vivenda Aleluia e consequentemente o pedido de viabilidade para um novo edifício com cinco andares a ser construído no mesmo local. A autarquia invocou para este indeferimento um parecer da Comissão Concelhia de Património  e do Instituto Português do Património Arquitetónico (IPPAR) que classificara a “Vivenda Aleluia” como de “interesse arquitetónico”. O PCP considerou a decisão “exemplar“ e explanava o seu desejo de ver esta decisão alargada a outros edifícios da cidade de Aveiro. Invariavelmente salientava-se a importância dos painéis de azulejos provenientes da antiga fábrica Aleluia, que faziam daquela vivenda um lugar único, e do esforço do PCP na preservação do edifício – preservação essa em que os senhorios, acusava o PCP, participavam a contragosto. Em resumo a luta do PCP pela Casa Aleluia em 2006 era como que o prolongamento daqueles dias de Junho de 1975 quando povo em Aveiro cercara a vivenda sede do PCP com o intuito de correr com os comunistas. Em 2014 – passaram entretanto oito anos – um comunicado da Direcção da Organização Regional de Aveiro (DORAV) do PCP informava que adquirira o edifício onde se encontra instalado o seu Centro de Trabalho, na Avenida Lourenço Peixinho. Por outras palavras, o PCP passara de inquilino a proprietário. Ou, se se preferir o outro lado desta transação imobiliária: uma vez inviabilizada pela autarquia qualquer operação imobiliária, os proprietários optaram por vender a Casa Aleluia aos inquilinos. Qual foi o valor da venda? Em que medida é que esse valor foi ou não afectado pela decisão da autarquia de inviabilizar a demolição da Casa Aleluia? – Ninguém fez estas ou outras perguntas, tanto mais que se considerou que o destino da Casa Aleluia estava assegurado. Nada mais enganador. Em 2018 o PCP “diligenciou junto da Câmara Municipal para recolha de informação sobre o imóvel e o espaço envolvente e as condições de edificabilidade, de acordo com os instrumentos urbanísticos do município”. Começava a operação imobiliária especial do PCP, aquela em que o PCP vai fazer exactamente o contrário daquilo que defendera: não só pretende demolir a Casa Aleluia como, no mesmo local, construir, um edifício. Sim, há uma diferença em relação aos antigos proprietários: em 2006, os então senhorios do PCP queriam construir um prédio com cinco pisos. O PCP sonha mais alto e vai até aos sete. Dezassete apartamentos irão ocupar em altura o espaço da antiga Casa Aleluia. Irão estes apartamentos para arrendamento acessível? Temos mesmo de perguntar, não só por causa da demagogia que caracteriza os comunistas na hora de discutir o arrendamento, mas também porque já não resta nada da Casa Aleluia. Esta semana, mais precisamente a 7 de Setembro, o que ainda se mantinha de pé da Vivenda Aleluia foi abaixo. Pelo meio ainda se tiveram de ouvir aquelas arengas comunistas em prol da cultura a propósito da entrega dos azulejos da dita casa à autarquia, como se essa não fosse a opção derradeira perante o avançar do camartelo. camartelo. E o parecer do  Instituto Português do Património Arquitetónico (IPPAR) que classificava a “Vivenda Aleluia” como de “interesse arquitetónico”, e que em 2006 inviabilizou o projecto de demolição-construção dos antigos proprietários? Pelos vistos não tinha qualquer valor. E a sempre tão activa Direção Geral do Património Cultural (DGPC), a quem foi pedida a classificação da Casa Aleluia como património nacional? Recusou. E a autarquia de Aveiro, liderada por Ribau Esteves (PSD/CDS), o que fez, ou, melhor dizendo, não fez? Decidiu não classificar o imóvel como património de interesse municipal. Como é que em dezassete anos a administração central e local mudou assim de opinião? Sim, admitamos então que não se justificava a classificação da Casa Aleluia como património nacional ou municipal, mas em 2006 o entendimento foi outro. O que mudou na Casa Aleluia entre 2006 e 2023 além de o PCP, que era inquilino, ter passado a proprietário? Temos o direito de saber e o dever de perguntar. Os comunistas são exímios em impor brutalmente a sua vontade nos períodos em que mandam e, não menos importante, em retirar todas as vantagens da legislação que contestam quando estão na oposição. Ficou para a história o despedimento dos trabalhadores de O Diário, um jornal afecto ao PCP, ao abrigo da legislação aprovada pelo governo de Cavaco Silva, que obviamente o PCP crucificava nas ruas por causa da implementação dessa mesma legislação. O acontecido com a Casa Aleluia ilustra bem esta táctica do PCP: em 1974, os comunistas impõem a ocupação. Depois usam a lei para se tornarem inquilinos do edifício que tinham ocupado. Em seguida, e sempre no estrito cumprimento do quadro legal, conseguem ser protegidos na sua condição de inquilinos, não só mantendo a sua sede na Casa Aleluia como conseguido que fosse inviabilizado o projecto imobiliário dos então proprietários e senhorios. Quando finalmente se tornam proprietários vêem ser-lhes reconhecidos direitos que tinham sido negados anteriormente a outros. Tudo sempre dentro da lei. A definhar nas urnas, o PCP consegue não só demolir a Casa Aleluia – que quando lhe deu jeito defendeu como uma extraordinária referência arquitectónica – como se vai dedicar aos investimentos imobiliários. É em casos como este que se vê o poder da esquerda. Um poder que não tem correlação com o voto. A dissociação entre os actos, as palavras e as alegadas boas intenções dos comunistas é um dos maiores embustes do século XX que, contra toda a racionalidade, se mantém vivo no século XXI. Portugal, como muitos outros países, não tem qualquer monumento às vítimas do comunismo. Daí que me parece adequado que o edifício que vai ser construído no local onde existiu a Casa Aleluia se torne um símbolo do Embuste do Comunismo. PS Acode-me uma dúvida inquietante: terá o PCP algum projecto para o Hotel Vitória? Sim, o PCP é de há muito o proprietário deste magnífico edifício assinado por Cassiano Branco de que (como não?) se tornaria inquilino em 1975. Se o PCP estiver com dificuldade em arranjar argumentos para legitimar uma qualquer intervenção no seu Centro de Trabalho da Avenida da Liberdade pode invocar que o edifício precisa de ser desnazificado pois naqueles anos em que o centro de Lisboa era um ninho de espiões, o então muito confortável Hotel Vitória gozava da preferência dos agentes do Eixo.

CITANDO ISABEL CONDE

Excelente texto de uma mulher, Isabel Conde! Do Beijo e da Estupidez ~~~~~~~~~~~~~~~~~ É impossível ficar-se impávido e sereno perante a mais recente e monumental estupidez que enche os canais noticiosos e as redes sociais: o beijo! Como é possível que a sociedade seja tão ignorante, tão imbecil e tão avassaladoramente burra? É que, à excepção do “perpetrador” de tal “violência sexual”, como ouvi dizer a um lerdo jornalista na CNN, a sociedade em geral está tão completamente idiotizada, tão extremamente manipulada e doutrinada no wokismo, que causa náuseas ouvir ou ler sobre este não-assunto. O papel de vira-casacas da jogadora, a histeria generalizada das fêmeas – mulher é outra coisa – e a total cobertura noticiosa, sempre parcial e viperina, são, num exemplo tão asininamente fútil, a prova irrefutável de uma estupidez galopante numa sociedade desalmada que perdeu o norte, perdeu o tino, e que está inelutavelmente à deriva num terreno pardacento e enlameado onde tudo o que é são e natural foi paulatina e deliberadamente extirpado. As fêmeas, que nesta época parecem estar sempre com o cio, que atacam o macho em todos os aspectos possíveis e de maneiras inqualificáveis, mas que depois, hipocritamente, pretendem mostrar-se donzelas puras e inocentes, dão profundo asco a todos os homens e mulheres que se mantêm íntegros na sua forma de estar e ser humanos. Curiosamente, é total o silêncio acerca da educação sexual das crianças que, em ainda tenra idade, são ensinadas nas escolas, por influência de organizações como a ONU, – sim, em Portugal também – a masturbar-se, a ter parceiros sexuais e a ser objectos de práticas pedófilas desde que consentidas, e que já fazem parte, levadas pelas mãos dos próprios pais, do público das exibições circenses dos patologicamente enfermos LGBT+s. A cada dia que passa, cresce impune e viçosa a devassidão, a perversidade. Ninguém tuge nem muge. Quando o fazem é por causa de um simples beijo, tão fugidio como aqueles que, em tempos idos, quando na Terra reinava a decência, a moralidade, os bons costumes e os nobres valores, se roubavam às raparigas, às escondidas, nas festas da aldeia, nas desfolhadas, nas romarias e arraiais... Isabel Conde

CITANDO MÁRIO SOARES

Ao Excelentíssimo Dr. Hélder Pitagrós, Procurador-Geral da República de Angola, Excelentíssimo Procurador, em nome de todos angolanos, torno pública a denúncia sobre o desvio óbvio de verbas provenientes do erário por parte de quem jurou defender os interesses do povo acima dos próprios. A Direcção do partido UNITA cujo discurso oficial é de restrições pecuniárias e da condução de peditórios aos militantes, adquiriu três apartamentos em Lisboa, na região do Lumiar. Excelentíssimo Procurador-Geral da República, Dr. Helder Pitagrós, não se trata de mero ataque político, com a devida reverência, agradeceria que este gesto patriótico não fosse reduzido a tal. Os dados tornados públicos dão conta de que a UNITA pagou mais de 1.800.000,00 Euros para a aquisição de quatro apartamentos, sendo três unidades no Lumiar Lisboa, concretamente no Projecto Hera Residences, promovido pela empresa Chave Nova, cuja profissional responsável pela venda dos apartamentos é a Consultora Rose Leal. O quarto apartamento fica no Montijo e foi atribuído à Deputada Navita Ngolo. Todos apartamentos estão em nome de João Miguel, luso-angolano, testa-de-ferro de ACJ, que vive entre Portugal e Espanha. Os lotes, dentre T4 e T3, foram atribuídos selectivamente a quatro deputados, considerados potenciais adversários de Adalberto Costa Júnior no congresso daquele partido, agendado para 2025, nomeadamente Liberty Chiaca, Nelito Ekuikui, Adriano Sapiñala e Navita Ngolo. Os apartamentos T3, atribuídos aos deputados Adriano Sapiñala e Nelito Ekuikui, contam com as seguintes características: • Lote 1 - Piso 2, Apt.° BP2/F/Fracção AR/T3, superfície de 159 m² e custou 655.000 Euros; • Lote 1A, Piso 4, Apart.° T3, superfície de 113,31 m², custou 655.000 Euros. Ao presidente da bancada parlamentar, Liberty Chiaca, foi atribuído o apartamento mais luxuoso, com as seguintes caracteríscticas: • Lote 2 - Piso 4 - Apt.° BP4/H/Fracção CP/T4, superfície de 162 m², custou 658.000 Euros. Ante aos elementos acima expostos, esgrimimos três questões que per si justificariam a intervenção do Vosso órgão, ei-las: - De onde a UNITA obteve tamanho financiamento instantâneo, visto que, os relatórios internos são fechados em défice? - A proveniência duvidosa das verbas constitui-se num indício de corrupção, branqueamento de capitais e potencial financiamento ao terrorismo. - Por que a atribuição selectiva e sigilosa das propriedades aos quatro deputados coincide com a atribuição do valor dos subsídios pela Assembleia Nacional? Excelentíssimo Procurador-Geral da República de Angola, Dr. Hélder Pitagrós, apresenta-se diante de Vós uma soberana oportunidade de anular o argumento do combate selectivo à corrupção e estender o Vosso escopo para além das hostes do MPLA. Lisboa, 06 de Setembro de 2023

quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Citando Mafalda Miranda Barbosa

Em cinco dias, um não-caso de um beijo dado por um homem a uma mulher no contexto das comemorações de um campeonato do mundo de futebol transformou-se num drama mundial, com muitos a vaticinar que se trata de um episódio capaz de mudar o rumo da civilização. O não-caso converte-se em caso e conta-se em poucas palavras. Uma das muitas jogadoras da seleção de futebol feminino espanhola, no momento em que cumprimentava diversas pessoas na tribuna, abraçou-se ao presidente da federação, levantou-o do chão, o que é demonstrativo da sua fragilidade corporal, e recebeu deste um beijo na boca, sem que o tivesse empurrado, sem que tivesse feito uma cara de perturbação, sem que o seu corpo se tivesse retraído. Pelo contrário, deu-lhe uma palmadinha nas costas, em jeito de camaradagem. Seguidamente, foi para os balneários comer algo e beber champanhe, enquanto simulava um suposto casamento com o referido dirigente federativo, para gáudio das companheiras, que entraram em delírio no momento em que o sujeito anuncia, como prémio pelo feito alcançado, uma viagem a Ibiza. Neste cenário, a dita jogadora protagonista do agora-caso diz que não gostou do beijo, enquanto se ri a bom rir e brinca com a situação, alimentando o fingimento do suposto casamento simulado. Posso ter uma visão muito cinzenta do mundo, mas o certo é que, no meu horizonte de referência, esta descrição está longe de poder ser assimilada a um caso de assédio sexual. Para este ocorrer, tem de existir um comportamento indesejado (admitamos, embora com dúvidas, que foi esse o caso) de caráter sexual, com o objetivo ou o efeito de violar a dignidade da pessoa, em particular pela criação de um ambiente intimidativo, hostil, degradante, humilhante e ofensivo. Nada ali teve como efeito intimidar, hostilizar, degradar, humilhar ou ofender. Muito pelo contrário, o dirigente, numa atitude de gosto duvidoso que poderia ter sido repelida pela jogadora, procurou acarinha-la depois da perda de oportunidade de marcar um golo na sequência de um penalty assinalado durante o jogo. Do mesmo modo, não se preenchem os tipos legais de crime de coação sexual ou de importunação sexual. Quanto ao primeiro, a jogadora não foi constrangida a praticar ato sexual de relevo. Quanto ao segundo, não houve, pelo descrito, intenção de qualquer contacto de natureza sexual. Pelo contrário, resultou das imagens transmitidas ad nauseum que o dirigente federativo utilizou um tipo de cumprimento que, não sendo normal em termos de moralidade, não ultrapassa o limiar a mera imoralidade, até porque faz, pelo que se constata pelas redes sociais da jogadora, em relação a uma jogadora para quem é prática corrente cumprimentar pessoas próximas – como parece ser o caso, dada a brincadeira nos balneários – com beijos na boca. É, assim, por exemplo que cumprimenta o irmão e uma criança, sem que ninguém se levante contra ela por suspeitas de incesto ou pedofilia. Parece, portanto, que o agora-caso não consegue, apesar do alarido, ultrapassar a barreira da relevância jurídico laboral e penal, não a tendo. Mas é claro que a juridicidade fica aquém da moralidade, e que ninguém duvida que há comportamentos desvaliosos que não são, até pela fragmentaridade que caracteriza o direito criminal, sancionados pelo ordenamento jurídico, pelo menos em termos específicos (podê-lo-ão ser do ponto de vista do direito civil, em geral, sem que, no caso concreto, haja possibilidade de se configurar qualquer dano que, pela sua gravidade, mereça a tutela do direito), sem que, contudo, do ponto de vista ético, profissional, social ou outro percam a sua importância. O comportamento do presidente da federação espanhola de futebol foi o comportamento típico de um grunho apatetado e meio selvático. Contudo, não é, no contexto do futebol, um caso isolado. Mesmo se quisermos deixar de lado o célebre beijo que uniu Casillas e Carbonero no final de um campeonato do mundo de futebol, o qual curiosamente provocou na jovem jornalista um esgar mais incomodado do que o dado à jogadora de futebol feminino, são inúmeras as situações que ao longo da história se relatam de beijos “roubados” durante a êxtase irracional de uma comemoração. Em maio de 2014, no meio dos festejos do Sevilha pela conquista da Liga Europa frente ao Benfica, o português Daniel Carriço deu um beijo na boca de Rakitic. Quando a Croácia ganhou à República da Irlanda por 3-1, em 2012, o selecionador foi beijado por um adepto. Em nenhuma situação, se rasgaram vestes. Em piores situações não se rasgaram vestes: segundo me contaram, quando o Porto foi campeão europeu um dos jogadores festejou um golo esfregando os órgãos genitais de um colega de equipa. Na final do campeonato do mundo, em dezembro passado, o guarda-redes argentino comemorou a vitória com gestos de obscenidade evidente, ao ponto de eu o ter começado a tratar por assador de carnes, sem desprimor para a profissão. O mundo do futebol é caracterizado por isso mesmo, não por beijos e carinhos, mas pelo desvario irracional, pelo sentido mais básico da existência, pela vivência boçal, povoada por impropérios, gestos obscenos, formas de comemoração primárias. É um mundo de homens, no sentido de ser o último reduto de afirmação de uma virilidade que se vai esbatendo em muitos outros domínios. Não é à toa que se costuma dizer, em tom de brincadeira, que o futebol é um desporto de senhores jogado por rufias, enquanto o rugby é um desporto de rufias jogado por senhores. As mulheres reivindicaram um lugar nesse mundo de homens. Advogando uma igualdade que tem mais de degradante do que de salvaguarda da ineliminável dignidade do modo de ser feminino, agem como homens, sentam-se de pernas abertas, lançam os mesmos impropérios que nos ensinaram a não ouvir, porque há coisas que uma senhora não ouve, comemoram com o mesmo jeito tosco e boçal que antes ficava reservado aos homens rudes ou aos homens que, não o sendo, experimentavam nesse tempo e espaço do futebol, com toda a poesia que pode encerrar, a libertação catártica que a vida atribulada por vezes exige. Mesmo jogando mal, porque objetivamente um jogo de futebol feminino é uma lástima, tiveram o direito a perder parte do ser senhoras para se transformarem nesses machos que correm atrás de uma bola. Sem que ninguém contestasse. Não podem é, quando assumem que o seu espaço desejado é esse, querer ser tratadas como umas donzelas. O puritanismo progressista fica-lhes mal e soa a oportunismo de quem, afinal, se vê refém de uma agenda feminista radical e de uma ideologia de género que resolve fazer de um não-caso a afirmação rasteira de uma política duvidosa. Que os comportamento de Rubialles são inconvenientes ninguém duvida. Muito mais duvidosa, porém, é a bondade das acusações de uma jogadora que, num primeiro momento, desvalorizou o sucedido, brincou com o ocorrido e lutou para ser tratada como uma igual num mundo particular que tem as suas idiossincrasias, onde a deixaram entrar, sem lhe prometerem um tratamento diferenciado, porque afinal queria ser igual. O problema da igualdade mal compreendida é esse mesmo: a incapacidade de tratar de forma diferente o que é manifestamente diferente. Mas quem luta por essa igualdade igualitária deve estar preparado para lidar com as consequências, sob pena de incorrer num venire contra factum proprium, que, no agora-caso em apreço, mais parece um oportunismo mal disfarçado de puritanismo. Se o presidente da federação espanhola de futebol tivesse beijado não consentidamente (e a falta de consentimento no não-caso atual é muito duvidosa, atenta a existência de formas de consentimento tácito) um homem, o drama seria o mesmo? Não sendo, tudo isto não passa de uma novela montada pela agenda woke do momento, dominada pelo pensamento gramsciano e muito oportuna para desviar a atenção relativamente aos verdadeiros problemas do mundo: por falar nisso, o PSOE, em Espanha, continua a negociar com terroristas para conseguir formar governo? E já agora, têm noção que, sempre que afirmam que a jogadora espanhola é uma pobre vítima, estão a ofender todas as reais vítimas de violência sexual, não têm? A doutora Mafalda Barbosa é Professora na Faculdade de Direito de Coimbra.

domingo, 20 de agosto de 2023

PENSAMENTOS ABERTOS E LIVRES - 29

Não foram detectados vírus nesta mensagem. Verificado por AVG - www.avg.com Versão: 2012.0.2221 / Base de dados de Vírus: 2634/5433 - Data de Lançamento: 12/02/12 Susete Antão ________________________________________ Não foram detectados vírus nesta mensagem. Verificado por AVG - www.avg.com Versão: 2012.0.2221 / Base de dados de Vírus: 2634/5434 - Data de Lançamento: 12/03/12 ANEXO 2. E-MAIL 23MAI 2014 Susete Antão sex, 23/05/2014 14:55 • Você; • António de Oliveira; • 'G. Viana'; • 'Eugénio de Almeida' B Kandandu A 23/05/2014, às 15:54, António de Oliveira escreveu: Ok Boa! Tamos juntos Agora é necessário é a resposta das autoridades B e Abraços Tomané De: Susete Antão [mailto:suseteantao@gmail.com] Enviada: 23 de maio de 2014 15:01 Para: António de Oliveira Cc: 'G. Viana'; 'Zeferino Boal'; 'Eugénio de Almeida' Assunto: Re: Boa tarde Camané, Perfeitamente de acordo. Em relação ao valor, tive o cuidado de lhe dizer que em sede própria se via, mas como a senhora nem sequer paga quotas, ao abrigo dos estatutos não tem direito nenhum em consultar. O valor foi atirado ao alto de propósito e por isso reafirmo que para apoiar alguém tem que depositar o dinheiro na conta da Casa de Angola. Tú e todos nós sabemos bem o que custa estar na Casa de Angola com promessas eleitorais que a seguir são sonhos e que essas pessoas depois das eleições nem sequer aparecem na sede. Quando lancei esse valor não foi de modo algum para sujar a vossa direcção. Sabes, melhor do que eu o que ficou por pagar. Também aproveito para vos informar que essa menina andou no Tribunal a consultar o processo de impugnação do Natal e andou a dizer há ano e meio na Embaixada que tínhamos perdido e que tínhamos que pagar 30.000 mil euros ao Tribunal. Além de o ter dito na embaixada afirmou-o ao José Mussuali que foi ter comigo à Casa de Angola assustadíssimo ( e como sabem o Mussuali está na nossa lista). Como varri da Casa de Angola este tipo de mugimbeiros, não volto a envolver-me com pessoas destas. Espero Tomané ter esclarecido. Olha eu até tive para lhe dizer que tínhamos dívidas acima dos cem mil euros, já que ela diz ter muito dinheiro para investir na Casa de Angola…. Percebes??? Enfim… Fico por aqui porque temos vivido em paz na Casa de Angola e espero que assim continue. Kandandu para todos Susie A 23/05/2014, às 14:10, António de Oliveira escreveu: Olá a todos Creio que devemos seguir esta linha e de facto a Ana ao longo do tempo mostrou um caracter muito maleável razão pela qual Gervásio deves ( na minha opinião) manter alguma distância. O acordado foi mantermos absoluta confidencialidade e nem por sombras quero o meu nome envolvido em questões ”menores” da CA. Quero dizer que, afastei-me uma vez como sabem na altura originado pela saúde da minha filha. Depois do menor incumprimento do nosso amigo Jaime voltei para contribuir para assegurar (dentro do possível) uma passagem honrosa e digna de onde decorre algo que não vou estar de acordo com a Suzy quando refere haver 60.000 euros de dividas do passado. (Suzy isto vamos ter de falar mas agora não é importante). Travámos uma luta com aquele grupo ( do qual fazia parte a Ana embora como simples peão) e que vocês tu Gervásio, Boal e Suzy se viram forçados a prolongar ainda no tempo essa guerra com questões jurídicas tribunais etc e que muitas dores de cabeça vos causou. Recentemente entendemos voltar a juntarmo-nos para encontrar ou tentar encontrar uma saída que culminou na tal reunião e no compromisso que respeitei e respeito. Nada disto pode ser alterado sem o consentimento/conhecimento dos envolvidos. Se a Suzy não responde ou não dá noticias voltamos a reunir e tomamos decisões mas “não alteramos as regras a meio do jogo” . Sonho com uma saída digna para a CA e para mim o modelo actual está esgotado e claro se cada um de vós entender o contrário e resolver agir numa linha diferente sem que a mesma seja previamente acordado/informada pelos ou aos restantes membros fique claro que eu não subscrevo nenhuma e agradeço que não envolvam o meu nome em nada, pois ver-me-ei forçado a desmentir seja quem for. Clarificando, o meu contributo só está disponível para uma saída do género da que falámos e nunca para processo polémicos de eleições com gente que no passado já demonstrou não estar á altura de nenhum dos membros deste “grupo” no que concerne á educação , princípios e senso comum, para não falar dos objetivos duvidosos dessas mesmas candidaturas. Obrigado por me lerem Kandando a todos e claro Bj para a Suzy Tomané De: Susete Antão [mailto:suseteantao@gmail.com] Enviada: 23 de maio de 2014 09:59 Para: G. Viana Cc: António de Oliveira; Zeferino Boal; Eugénio de Almeida Assunto: Re: Bom dia Gervásio, Este email estou apenas a enviar para ti, Tomané, Zeferino e Eugenio pelo que agradeço não o divulgues como estás a fazer com os emails que trocamos enviando para a Ana. Ontem estava numa reunião quando fui surpreendida com o teu apoio à candidatura da Ana. Depois de ler calmamente a nossa troca de emails entendi novamente abordar o assunto. És livre de propôr e apoiar qualquer sócio que se candidate às eleições da Casa de Angola, desde que tenha sempre cumprido com as suas obrigações ao abrigo dos estatutos, mas quero aqui afirmar a ti, Tomané, Eugénio e Zeferino que farei tudo para que alguém com credibilidade ganhe as eleições, mas só depois de depositar verbas na conta da Casa de Angola e podem dizer que têm milhões mas só vendo e na conta da Casa de Angola! Quero aqui recordar-te do conteúdo da reunião na nossa Embaixada com o Senhor Adido Cultural onde felizmente estava também o Tomané e o Boal e Eugenio não foram porque não podiam, não foi nenhum compromisso, mas sim de uma proposta que fizemos ao Senhor Adido Cultural e o comprometemo-nos a manter tudo foi na confidencialidade. Tanto eu como o Tomané cumprimos e não envolvemos mais ninguém. Foi feito pela nossa Embaixada um relatório que está a ser analisado por vários sectores em Angola, porque como sabes a proposta que fizemos não é decida levianamente e leva tempo. Ficou combinado que logo que estivesse tudo tratado faríamos eleições e eu sujeitaria-me novamente a ser candidata ou criaríamos a tal comissão ( mas tudo isto depois do ok de Luanda), e eu ficaria para assegurar esta proposta. O Sr Adido disse que ia levar algum tempo, mas como tínhamos o restaurante a funcionar a Casa estava sempre aberta. E Tomané corrige-me se estou errada. Como é que de repente estás a organizar eleições com a Ana????? Só espero que não tenhas falado nada da proposta que fizemos, porque eu garanti antes da reunião que tinha confiança absoluta em ti, Tomané, Eugénio e Boal. Como fico perante este novo quadro?? Já foste vítima da Ana Kangomo em calúnias e bem graves. Sabes e foi dito por ti várias vezes que ela leva e traz. Como?????? Eu estou em Luanda e o que combinei com o Sr Adido Cultural que logo que tivesse o feddback eu iria ter várias reuniões com as instituições oficiais para fechar o processo. Na minha opinião antes de tomares qualquer decisão de apoiar seja quem for deverias ter falado comigo e com o Tomané, porque como deves calcular estou apreensiva com esta situação, porque fui eu que organizei esse encontro e como sabes antes disso estive numa reunião com o Senhor Embaixador com o Miguel Sermão. Tudo foi tratado com a maior descrição possível, porque como sabes, a imagem que a Eduarda Ferronha, Natal, Edmundo Rocha e companhia deram sobre todos nós foi tenebrosa ( inclusivé essa menina teve a lata de ir exigir-me a minha certidão de nascimento, BI e Passaporte para junto do consulado confirmar quem a assinou para ver se era verdadeira ou falsa) e tudo isto foi estratégicamente programado por mim para chegarmos ao encontro que tivémos. O senhor Adido recebeu-nos, pediu confidencialidade e agora apareces com a Ana?????? Esta é a minha preocupação e penso que o Tomané que esteve presente entende a minha preocupação e conhecendo-o bem também deve estar preocupado. Quando tive a reunião com o Senhor Embaixador com o Miguel Sermão e ele disse que eu tinha que continuar, eu disse-lhe que estava cansada de sofrer, de lutar sózinha com dívidas e sem dinheiro e o Senhor Embaixador deu-me força para me candidatar, porque acompanhou o meu trabalho e Luanda também, sem andar com ditos e mexericos. Como é que apareces com a Ana??? Eu disse-te que abandonava o barco?????? Eu estou em Luanda e continuo a controlar as situações com o Boal. Inclusivé ele está neste momento a organizar uma exposição no auditório. Como podes dizer que estamos parados??? Não fazemos mais porque não temos dinheiro. Como é que achas que vou encarar o Sr Adido Cultural e o Sr Embaixador??? Tudo isto altera o proposto. Abraço amigo Susete Antão A 22/05/2014, às 19:10, G. Viana escreveu: Susete, Aceito o teu engano. Recordo que o "compromisso" de que falas, era o de que se iria formar uma comissão para estudo de ideias e propostas para posterior decisão dos interlocutores, sempre tendo estando presente o facto de que a CA era uma associação sócio-cultural sujeita às regras do direito societário português, quanto aos seus fins, propósitos e demais regras do seu funcionamento e, ou, extinção. Como até hoje não houve mais desenvolvimentos, desconhecendo nós, o teor das conversas que dizes continuar a desenvolver com o Dr. Luandino, ficamos a aguardar um informe, sendo que, aconselho, com a devida vénia, de que era tempo, utilizando a tua expressão de se "correr" um bocadinho. Se exorbitei pela utilização da expressão "revanchismo", sou suficientemente terreno para te pedir desculpa pelo melindre causado. Não era esse o propósito. Todos temos as nossas virtudes e defeitos. Na verdade ninguém terreno é perfeito, e como dizes, também falhamos. O que penso é que há que enterrar o machado de guerra e avançar, pois também partilho da ideia que salientas quando dizes que: "porque entendo que o futuro da Casa de Angola e de Angola é dos jovens!" Avancemos para o futuro. Viva a Casa de Angola, Viva Angola. Gervásio. Gervásio Viana Advogado Av. Marquês de Pombal, lote 22, 2.º Esq., 2410-152 Leiria - Tel. +351 244 88 13 14 - Fax +351 244 88 23 89 Av. Elias Garcia, n.º 82, 1.º Andar, 1050-100 Lisboa - Tel. +351 211 94 50 82 - Fax +351 21 796 09 5 www.rb-advogados.pt – gervasioviana@rb-advogados.pt - gvviana@gmail.com No dia 22 de Maio de 2014 às 18:00, Susete Antão escreveu: Caro amigo e camarada Gervásio, Não tenho revanchismo, desculpa. Estiveste numa reunião comigo e com o Tomané na Embaixada. Ficou acordado que a conversa não saía daquelas paredes de tal ordem que o Conselheiro Cultural até quis tirar uma fotografia histórica, pediu varias vezes para nada transpirar dali e mandas um email para mim a falar no assunto com conhecimento da Ana????? Foi engano??? Só posso entender que foi engano. Por mim podes enviar para quem quiseres, eu apenas cumpri o que me foi pedido na Embaixada, portanto não tenho que acertar passo com a Casa de Angola e até gostaria que me aconselhasses como acertar passo, seria muito útil para mim Um abraço amigo e apoiarei sempre quem se candidatar com projecto e dinheiro DEPOSITADO na conta da Casa de Angola, porque de utopias e promessas já vivemos há muito tempo e olha que tú foste uma grande vitima dessas promessas. Também te quero informar que nada tenho contra a Ana, apenas ela teve um comportamento connosco de pouco correcto, tirando materiais de escritorio e ainda foi comentar e rir com o Jose Mussuali sobre o miudo que a denunciou perante mim e o Miguel Sermão. DESAPARECEU e ainda gozou com todos nós. Fala com Miguel Sermão que te dará melhores pormenores. Todos falhamos, mas NUNCA teve a dignidade de ir assumir e pedir desculpa, além de ter ficado com um telemóvel pertencente à Casa de Angola que se recusou a ir entregar. E muito mais… Apoiarei qualquer candidato e mesmo a ela, mas primeiro o dinheiro na conta da Casa de Angola! Promessas tiveste tú e eu de muita gente e como sabes o projecto combinado nessa reunião é totalmente diferente. Mas como sempre já estou habituada. Gostaria de te relembrar que a nossa lista foi a lista que mais jovens teve, porque entendo que o futuro da Casa de Angola e de Angola é dos jovens! Não tenho desses problemas. Não são revanches. Sempre que a Ana me contactou, e posso provar pelos emails, tive a delicadeza de lhe responder, apesar de ter ficado aborrecida com o que fez e com o que foi dizer a muita gente. A Casa de Angola não está parada, tem um espaço gastronómico que funciona e bem. Têm contribuido muito para a divulgação da mesma, mas eu não podia continuar a alimentar com o meu dinheiro mais actividades. Sabes, Gervásio até os actores e musicos cobram dinheiro. Portanto meu companheiro e amigo, não são revanches, o que está aqui em causa foi o compromisso que tivemos com as nossas autoridades e como sabe e conheces bem o nosso país nada é resolvido a correr. Abração amigo Susete A 22/05/2014, às 17:18, G. Viana escreveu: Susete, Sem comentários à tua resposta, transcrevo, a baixo, o teor do teu mail e destinatários a quem foi enviado, onde consta o nome da Ana. Assim, limitei-me a responder dando conhecimento às pessoas a quem tu enviaste o mail, acrescentando apenas o Tó Manel e o Eugénio. Não vejo a tua indignação em relação a estes, que eram os únicos que não constavam da tua lista de destinatários. É altura de te deixares de "revanchismo" e acertares o passo com a C. A. Cumprimentos respeitosos. Gervásio. Transcrição do teu mail:om de: Susete Antão para: Gervásio Viana , Zeferino Boal , Ana proenca data: 22 de Maio de 2014 às 16:04assunto: enviado por: gmail.comassinada por: gmail.com: É importante principalmente devido às pessoas presentes na conversa. O que é que se está a passar??? Tenho estado em contacto com o Dr Luandino Carvalho que me informou estar a dar seguimento ao nosso assunto e agora a Ana Kangomo vem com esta candidatura???? Podias ter informado alguma coisa Cumprimentos. Gervásio Viana Advogado Av. Marquês de Pombal, lote 22, 2.º Esq., 2410-152 Leiria - Tel. +351 244 88 13 14 - Fax +351 244 88 23 89 Av. Elias Garcia, n.º 82, 1.º Andar, 1050-100 Lisboa - Tel. +351 211 94 50 82 - Fax +351 21 796 09 55 www.rb-advogados.pt – gervasioviana@rb-advogados.pt - gvviana@gmail.com No dia 22 de Maio de 2014 às 17:01, Susete Antão escreveu: Caro Gervásio, Fico preocupada com o email que me enviaste, quando foi dito na reunião na Embaixada que o conteúdo da mesmo não sairia daquela sala. Como é que me mandas este email com conhecimento da Ana Proença sabendo todos nós que fala demais.????!!!!!! Em relação à lufada jovem que ela poderá dar, como dizes no teu email, eu remeto-me ao silêncio. Surpreende-me sim que tú, enquanto Presidente da Casa de Angola deixaste a casa parada anos e anos entregue ao Jaime e agora vens com este discurso para mim???? O que é que se está a passar contigo???? Sabes, a confidencialidade foi quebrada por ti e quero que aqui fique bem claro que NUNCA mencionei a ninguém a nossa reunião na Embaixada. Também NUNCA disse a ninguém nem à Ana que a apoiava. Não me conheces há dois dias e sabes que sou uma mulher de posições muito firmes e que jamais trairia os meus camaradas dirigentes, nem ninguém! Espero ter esclarecido a minha posição Abraço amigo Susete Antão Início da mensagem reencaminhada: De: "G. Viana" Assunto: Re: Data: 22 de Maio de 2014 16:52:23 GMT+01:00 Para: Susete Antão Cc: Zeferino Boal , Ana proenca , AFO Portugal , Fernandes de Oliveira , Eugénio de Almeida Susete, Sei da intenção da Ana em se candidatar, por me ter sido informado pela própria, que me referiu ter apoios financeiros institucionais angolanos. Disse-lhe que achava bem, pois era direito (e até um dever) que assistia a qualquer sócio da C. A. Que era bom que houvesse uma lufada de gente jovem e com amor pela nossa Casa, para sairmos do marasmo em que a mesma se encontra, tendo-me até oferecido para proporcionar uma reunião com o Tó Manel, o Boal e o Eugénio, entre outros, uma vez que te encontravas ausente, deixando os contactos institucionais, a teu cargo, para depois. Penso que foi sempre intenção desta, (Ana), em contar com o teu apoio. Até à presente data nada se fez. Diz quando vens, para se agendar esse encontro alargado com a Ana e elementos da sua candidatura, e, eventualmente com os teus. Bom seria haver uma candidatura conjunta. Estou farto das fracturas que têm existido na Casa. Em meu modesto entender, esta (C. A.) não é propriedade de ninguém, mas sim de todos, angolanos e amigos de angola, como rezam os seus estatutos e queiram dignificar o nome da Angola e suas gentes. Sem dúvida que gostaria de ver a Casa mais activa e a servir a nossa Comunidade de forma mais eficiente ao que vem acontecendo ultimamente. Termos em que acho que deverás pôr, quer Sua Excelência, o Embaixador, Doutor Barrica ao corrente de tudo, como dares continuidade aos contactos que vens mantendo com o Dr. Luandino, Ilustre Adido Cultural, e ainda o Dr. Corrêa Mendes, enquanto presidente do Conselho Geral e da Ass. Geral, que terá a maior legitimidade para marcar e assegurar as eleições, que espero não ultrapassem o próximo verão. Votos de boa estadia, aí na terra, e até breve. Sempre ao dispor de todos para uma harmonização justa e perfeita dos ideais da C. A. e interesses de todos. Atenciosamente, Gervásio. Gervásio Viana Advogado Av. Marquês de Pombal, lote 22, 2.º Esq., 2410-152 Leiria - Tel. +351 244 88 13 14 - Fax +351 244 88 23 89 Av. Elias Garcia, n.º 82, 1.º Andar, 1050-100 Lisboa - Tel. +351 211 94 50 82 - Fax +351 21 796 09 55 www.rb-advogados.pt – gervasioviana@rb-advogados.pt - gvviana@gmail.com No dia 22 de Maio de 2014 às 16:04, Susete Antão escreveu: Boa tarde Gervásio, O que é que se está a passar??? Tenho estado em contacto com o Dr Luandino Carvalho que me informou estar a dar seguimento ao nosso assunto e agora a Ana Kangomo vem com esta candidatura???? Podias ter informado alguma coisa Cumprimentos Susete Antão