HISTORIA 426

A Queda do Noratlas Cinco aviões Noratlas portugueses ficaram destruídos em acidentes: 1 em Angola (6410), 2 em Moçambique (6411 e 6414), 1 em Tancos (6422) e 1 na Ilha da Madeira (6419). Estes emblemáticos aviões, que para chegar às antigas provincias ultramarinas, tinham que fazer verdadeiramente um trabalho hercúleo, lembramos: A escassez de ajudas-rádio na região obrigava a uma navegação um pouco “à Vasco da Gama”, ainda que os navegadores aplicassem a fundo os seus conhecimentos de navegação astronómica, pouco eficiente durante o dia. Eram viagens de alto risco, tendo em conta que se tratava de um bimotor de transporte médio. A rota era toda sobre o mar, sem quaisquer hipóteses de apoio. No caso de acontecer alguma avaria grave, só havia duas hipóteses: amarar, com consequências imprevisíveis ou aterrar num país hostil, onde as tripulações seriam presas e, a partir daqui, tudo poderia acontecer. A Viagem para esses territórios começava naturalmente em Lisboa, Las Palmas (ilhas Canárias) era a única escala de território estrangeiro incluída na rota, Ilha do Sal (Cabo Verde), S. Tomé, Luanda e eventualmente seguimento para a Beira. O troço entre S. Tomé e o Sal ou da Guiné para S. Tomé era o de maior risco. Contornava-se a costa de África, transportando no interior do avião cinco depósitos suplementares de combustível, a partir dos quais se reabasteciam os depósitos normais, para ser possível cobrir as onze horas de voo necessárias para chegar ao destino.A hostilidade dos países africanos em relação a Portugal tornava impensável qualquer escala técnica nos seus territórios. Desta forma, a rota era obrigatóriamente feita através de escalas em território nacional. Como se isto não fornecesse emoção suficiente, havia que conjugar o horário com a actividade da Frente Inter-Tropical (FIT), para a atravessar nas horas de menor actividade. Mesmo assim, encontrava-se sempre nuvens e turbulência severa, situação incontornável para um avião limitado a voar altitudes que não ultrapassavam os 3.500 metros, essencialmente devido à falta de oxigénio. Apesar de tudo isto, nas muitas viagens que fizeram durante uma dúzia de anos, os Noratlas sempre chegaram ao destino, algumas vezes em situações bastante difíceis, que mereciam melhor divulgação e que enriqueceriam a História da FAP. Infelizmente cinco aviões Noratlas ficaram destruídos em acidentes, sendo os piores (com vitimas mortais), o de Moçambique (2 Maio de 1973) perto de Mueda, Moçambique (9 vítimas), devido a colisão contra o terreno após embate numa árvore; e o de 26 de Setembro de 1975 em Tancos, vitimando os 8 ocupantes. O avião seguia para manutenção nas OGMA em Alverca. Pouco tempo depois de levantar, um incêndio numa das asas obrigou a mudança de planos. A ideia do piloto seria aterrar em pleno rio Tejo, mas como ainda estava muito perto da Base Aerea nº 3 recebeu ordens para voltar para lá pois ai teria os meios de socorro à sua disposição. Fez então uma aproximação à base para fazer uma aterragem de emergência, mas desviou- se um pouco da rota para evitar passar por cima das então vilas do Entroncamento e Vila Nova da Barquinha, para não correr o risco de a aeronave cair em cima das casas. Há quem se lembre de o avião passar pelo lado norte do Entroncamento já em chamas, tendo uma das asas caído perto da localidade de Atalaia e o avião acabado por se despenhar neste local. Fiz vários voos em que o mecânico com uma balança portátil se posicionava junto da porta de entrada e os pax subiam para cima da balança com o saco ( da bagagem) na mão e como a carga possível era de 5 toneladas, entravam até completar as 5 toneladas….bancos levantados e sentavam-se em filas , costas com costas, uns virados para a frente outros para trás. Não me lembro de quantos conseguiam entrar….mas eram muitos...o pior era quando algum vomitava por enjoar, aquilo era uma enxurrada, por simpatia muita gente vomitava...no fim do voo os mecânicos varriam o produto com uma vassoura e mais não digo…

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