HISTÓRIA 413
Digníssimos, permitam que partilhe convosco uma atribulada viagem Aviocar, esse magnifico “caixote” voador, ao ser-lhe atribuída uma missão de carga aérea de Lisboa a Atenas.
Viagem complicada e aos saltinhos, Barcelona, Alghero e Brindisi, recheada de ocorrências em Barcelona e à chegada e partida em Atenas.
Em Barcelona, entre outras, após uma avaria num motor, que se detetou ser a rede secundária de injetores, resolveu-se à boa maneira de portuguesa de que alguém em Lisboa podia enviar ao cuidado de um comandante TAP a necessária peça, sendo a mesma recolhida à chegada à placa em Barcelona.
Resultado desastroso onde toda a tripulação foi detida, pela Segurança Interna do Estado, com ameaças evidentes de mão na coronha das armas.
Agora imaginem, isolados e em grupo, como se explica que alguém, militar português, vai a bordo de um TAP na placa do aeroporto de Barcelona, e sai com uma caixa para o Aviocar e ainda mais explicar a que se destinava a peça. Estávamos em 1986 onde o terrorismo por aquelas bandas ainda fazia tomar todas as cautelas,.
Resolveu-se algumas horas depois com uma enorme reprimenda e após uma intervenção do consulado.
Após alguns dias naquelas paragens lá seguimos para Atenas pela rota estipulada, onde à chegada fomos recebidos com evidente aparato militar nas proximidades do avião pois ao usarmos o callsign PAF (Portuguese Air Force)seguido do número de cauda do avião fomos confundidos pelo pessoal de terra com tendo origem no Paquistão. Recordo que naquele tempo ainda não se podia sobrevoar a Albânia e a Grécia estava sempre em estado elevado de alerta.
Nesta condição conseguir que descarregassem o avião revelou-se uma enorme confusão e só mesmo depois de uns brindes de garrafas de vinho do Porto, bonés da esquadra, etc.
No regresso, á partida de Atenas tivemos que refazer o plano de voo para utilizar apenas o número de cauda do avião.
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