sábado, 25 de abril de 2009

Dia da Liberdade

Como é possivel no dia de hoje ainda certos arautos ideológicos continuarem a ter o mesmo discurso retrógrado da defesa de Abril e coisas no género.
O Mundo mudou e é global.
No entanto esses mesmos arautos que tanto condenam os cidadãos lives que mais se identificam com valores próximos da chamada direita. São aqueles arautos que durante anos estiveram próximos da defesa dos valores socialistas / comunistas. São esses mesmos que enganaram os povos Lusofónos e levaram os paises para caminhos dramáticos.
São aqueles mesmo arautos da liberdade, como se fossem os únicos que acreditam na liberdade de pensamento das pessoas, são eles que não condenam o terrorismo que no passado criou condições de insegurança.
Como ontem afirmava Gen. Ramalho Eanes: "temos os partidos que merecemos, temos a oposição que merecemos, temos o governo que merecemos. É necessário que os portugueses não se acomodem." Terminou a sua intervenção incitando a mudança mesmo que seja à força.
Este governo socialista não tem a liberdade de condenar a herança dos portugueses nas próximas gerações.

1 comentário:

  1. Prezado Dr.Boal,

    Se me permite, deixo aqui um poema em homenagem a um Grande Homem da História da minha terra natal.

    A RENÚNCIA IMPOSSÍVEL
    Negação
    Não creio em mim
    Não existo
    Não quero eu não quero ser
    Quero destruir-me
    atirar-me de pontes elevadas
    e deixar-me despedaçar
    sobre as pedras duras das calçadas
    Pulverizar o meu ser
    desaparecer
    não deixar sequer traço de passagem
    pelo mundo
    quero que o não-eu
    se aposse de mim
    Mais do que um simples suicídio
    Quero que esta minha morte
    seja uma verdadeira novidade histórica
    um desaparecimento total
    até mesmo nos cérebros
    daqueles que me odeiam
    até mesmo no tempo
    e se processe a História
    e o mundo continue
    como se eu nunca tivesse existido
    como se nenhuma obra tivesse produzido
    como se nada tivesse influenciado na vida
    se em vez de valor negativo
    eu fosse zero
    Quero ascender
    elevar-me até atingir o Zero
    e desaparecer
    Deixai-me desaparecer!
    Mas antes vou gritar
    Com toda a força dos meus pulmões
    Para que o mundo oiça:
    - Fui eu quem renunciou a Vida!
    Podeis continuar a ocupar o meu lugar
    Vós os que mo roubastes
    Aí tendes o mundo todo para vós
    para mim nada quero
    nem riqueza nem pobreza
    nem alegria nem tristeza
    nem vida nem morte
    nada
    Não sou Nunca fui
    Renuncio-me
    Atingi o Zero
    E agora
    vivei cantai chorai
    casai-vos matai-vos embriagai-vos
    dai esmolas aos pobres
    Nada me pode interessar
    que eu não sou
    Atingi o Zero
    Não contem comigo
    para vos servir as refeições
    nem para cavar os diamantes
    que vossas mulheres irão ostentar em salões
    nem para cuidar das vossas plantações
    de algodão e café
    não contem com amas
    para amamentar os vossos filhos sifilíticos
    não contem com operários
    de segunda categoria
    para fazer o trabalho de que vos orgulhais
    nem com soldados inconscientes
    para gritar com o estômago vazio
    vivas ao vosso trabalho de civilização
    nem com lacaios
    para vos tirarem os sapatos
    de madrugada
    quando regressardes de orgias noturnas
    nem com pretos medrosos
    para vos oferecer vacas
    e vender milho a tostão
    nem com corpos de mulheres
    para vos alimentar de prazeres
    nos ócios da vossa abundância imoral
    Não contem comigo
    Renuncio-me
    Eu atngi o Zero
    E agora podeis queimar
    os letreiros medrosos
    que às portas de bares hotéis e recintos públicos
    gritam o vosso egoismo
    nas frases “SÓ PARA BRANCOS” ou COLOURED MEN ONLY”
    Negros aqui brancos acolá
    E agora podeis acabar
    com os miseráveis bairros de negros
    que vos atrapalham a vaidade
    Vivei satisfeitos sem colour lines
    sem terdes que dizer aos frequeses negros
    que os hotéis estão abarrotados
    que não há mais mesas nos restaurantes
    Banhai-vos descansados
    nas vossas praias e piscinas
    que nunca houve negros no mundo
    que sujassem as águas
    ou os vossos nojentos preconceitos
    com a sua escura presença
    Dissolvei o Ku-Klux-Klan
    que já não há negros para linchar!
    Porque hesitais agora!
    ao menos tendes oportunidade
    para proclamardes democracias
    com sinceridade
    Podeis inventar uma nova história
    inclusivamente podeis inventar uma nova mística
    direis por exemplo: No princípio nós criamos o mundo
    Tudo foi feito por NÓS
    E isso nada me interessa
    Ah!
    que satisfação eu sinto
    por ver-vos alegres no vosso orgulho
    e loucos na vossa mania de superioridade
    Nunca houve negros!
    A África foi construida só por vós
    A América foi colonizada só por vós
    A Europa não conhece civilizações africanas
    Nunca houve beijos de negros sobre faces brancas
    nem um negro foi linchado
    nunca matastes pretos a golpes de cavalomarinho
    para lhes possuirdes as mulheres
    nunca estorquistes propriedades a pretos
    não tendes nunca tivestes filhos com sangue negro
    ó racistas de desbragada lubricidade
    Fartai-vos agora dentro da moral!
    Que satisfação eu sinto
    por não terdes que falsear os padrões morais
    para salvaguardar
    o prestígio a superioridade e o estômago
    dos vossos filhos
    Ah!
    O meu suicídio é uma novidade histórica
    é um sádico prazer
    de ver-vos bem instalados no vosso mundo
    sem necessidade de jogos falsos
    Eu elevado até o Zero
    eu transformado no Nada-histórico
    eu no início dos tempos
    eu-Nada a confundir-me com vós-Tudo
    sou o verdadeiro Cristo da Humanidade!
    Não há nas ruas de Luanda
    negros descalços e sujos
    a pôr nódoas nas vossas falsidades de colonização
    Em Lourenço Marques
    em New York em Leopoldville
    em Cape Town
    gritam pelas ruas
    fogueteando alegrias nos ares
    - Não há negros nas ruas!
    Nunca houve
    Não há negros preguiçosos
    a deixar os campos por cultivar
    e renitentes à escravização
    já não há negros para roubar
    Toda a riqueza representa agora o suor do rosto
    e o suor do rosto é a poesia da vida
    Viva a poesia da vida!
    Viva!
    Não existe música negra
    Nunca houve batuques nas florestas do Congo
    Quem falou em spirituals?
    Os salões enchem-se de Debussy Strauss Korsakoff
    que não há selvagens na terra
    Viva a civilização dos homens superiores
    sem manchas negróides a perturbar-lhe a estética!
    Viva!
    Nunca houve descobrimentos
    a África foi criada com o mundo
    O que é a colonização?
    O que são os massacres de negros?
    O que são os esbulhos de propriedade?
    Coisas que ninguém conhece
    A história está errada
    Nunca houve escravatura
    Nunca houve domínio de minorias
    orgulhosas da sua força
    Acabei com as cruzadas religiosas
    A fé está espalhada por todo o mundo
    sobre a terra só há cristãos
    VÓS sois todos cristãos
    Não há infiéis por converter
    Escusais de imaginar mais infidelidades religiosas
    para justificar
    repugnantes actos de barbarismo
    Não necessitais enviar mais missionários
    a África
    nem nos bairros de negros
    Nunca houve mahamba
    nem concepções religiosas diferentes
    nunca houve religiosos a auxiliar a ocupação militar
    Acabai com os missionários
    os seus sofismas
    os seus milagres
    inventados para justificar ambições e vaidades
    Possuis tudo TUDO
    e sois todos irmãos
    Continuai com os vossos sistemas políticos
    ditaduras democráticas
    isso é convosco
    Explorai o proletariado
    matai-vos uns aos outros
    lutai pela glória
    lutai pelo poder
    criai minorias fortes
    apadrinhai os afilhados dos vossos amigos
    criai mais castas
    aburguesai as ideias
    e tudo sem a complicação
    de verdes intrusos
    imiscuir-se na vossa querida
    e defendida civilização de homens
    privilegiados
    E agora
    homens irmãos
    daí-vos as mãos
    gritai a vossa alegria de serdes sós
    SÓS!
    únicos habitantes da terra
    Eu artingi o Zero
    Isto significa extraordinariamente a vossa ética
    Ao menos
    não percais a ocasião para serdes honestos
    Se houver terramotos
    calamidades cheias ou epidemias
    ou terras a defender da evasão das águas
    ou motores parados em lamas africanas
    raios vos partam!
    já não tereis de chamar-me
    para acudir as vossas desgraças
    para reparar os vossos desastres
    ou para carregar com a culpa das vossas incúrias
    Ide para o diabo!
    Eu não existo
    Palavra de honra que nunca existi
    Atingi o Zero
    o Nada
    Abençoada a hora
    do meu super-suicídio
    para vós
    homens que construís sistemas morais
    para enquadrar imoralidades
    O sol brilha só para vós
    a lua reflecte luz só para vós
    nunca houve esclavagistas
    nem massacres
    nem ocupações da África
    Como até a história
    se transforma num tratado de moral
    sem necessidade de arranjos apressados!
    Os pretos dos cais não existem
    Nunca foram ouvidos cantos dolentes
    misturados com a chiadeira do guindaste
    Nunca pisaram os caminhos do mato
    carregadores com sem quilos às costas
    são os motores que se queimam sob as cargas
    Ó pretos submissos humildes ou tímidos
    sem lugar nas cidades
    ou nos escaninhos da honestidade
    ou nos recantos da força
    dançarinos com a alma poisada no sinal menos
    polígamos declarados
    dançarinos de batuques sensuais
    Sabeis que subistes todos de valor
    atingistes o Zero sois Nada
    e salvastes o homem
    Acabou-se o ódio
    e o trabalho de civilização
    e a náusea de ver meninos negros
    sentados na escola
    ao lado de meninos de olhos azuis
    e as extorções e compulsões
    e as palmatoadas e torturas
    para obrigar inocentes a confessar crimes
    e medos de revolta
    e as complicadas demarches políticas
    para iludir as almas simples
    Acabaram-se as complicações sociais!
    Atingi o Zero
    Cheguei à hora do início do mundo
    e resolvi não existir
    Cheguei ao Zero-Espaço
    ao Nada-Tempo
    ao eu coincidente com vós-Tudo
    E o que é mais importante:
    Salvei o mundo!

    1949

    ResponderEliminar