Carta aberta para o Senhor André Ventura do CHEGA - Citando Artur Queiroz

Quem lhe escreve esta carta aberta, é um cidadão angolano indignado com as barbaridades que saem da sua boca contra os emigrantes de África, da Ásia e América Latina. Para si apenas os europeus e norte-americanos que desembarcam no vosso país e fixam-se no Douro, no Algarve ou na Comporta, são bem-vindos. Naturalmente que você tem o direito de escolher quem quer viver na sua terra, no seu jardim plantado à beira mar. Mas o senhor devia saber que o povo português é dos que mais emigrou e emigra, estando em praticamente todo mundo. A nós não nos foi dada a opção de escolher se queríamos ou não receber os portugueses nas nossas terras, porque entraram sem bater à porta, sem pedir licença para entrar, sem visto e ficaram 500 anos a nos escravizar, violar as nossas mulheres e a pilhar as nossas riquezas. Os emigrantes que entraram no seu país mesmo de forma ilegal, estão a menos de 50 anos e que se saiba não vos colonizam, não vos escravizam nem tão pouco praticam as atrocidades e o genocídio que fizeram nos países durante o período colonial. Portugal tem emigrantes em França, Alemanha, Luxemburgo, no Reino Unido, onde começaram a fazer trabalhos de recolha de lixo e outros serviços menores, como os emigrantes que o senhor detesta e humilha fazem hoje no vosso país. Nunca vos foi dito que estavam a estragar a paisagem e a fotografia. Portugal tem emigrantes nos Estados Unidos, no Canadá, no Brasil, na Venezuela, na África do Sul, em Angola, Moçambique e em outras paragens. Já que colocou como prioridade na sua agenda política a questão da emigração, então tenha tomates para começar por mandar regressar a Portugal todos os portugueses espalhados pelo mundo, para que tenha a legitimidade de expulsar todos os emigrantes de África, da Ásia e da América Latina, para deixar de ter a miragem dos desertos, que lhe faz ver o Afeganistão, Bangladesh ou Marrocos, estando em Braga, no Porto ou em Lisboa. O senhor insulta, maltrata Chefes de Estado de África e do Brasil, a quem chama de ditadores da CPLP, comunidade a que Portugal pertence como um dos membros fundadores e alberga a sua sede. s autoridades do seu país, o Presidente da República e o Primeiro-Ministro de Portugal, legitimamente eleitas por maiorias bem superiores a que o seu partideco conseguiu alcançar, por terem verdadeiro sentido de Estado mantêm boas relações de amizade com esses países, cujos líderes o senhor destrata e chama sem nenhum fundamento de ditadores. Se a CPLP é uma organização de Estados em que alguns deles são liderados por ditadores, isso com certeza que suja a imagem e bom nome de Portugal. Se o senhor não é um simples papagaio fanfarrão, mas alguém sério que fala com conhecimento de causa, então proponha na Assembleia da República, que Portugal se retire com efeitos imediatos da CPLP. Olhe-se bem no espelho e veja qual o peso que alguns desses países têm no contexto de África, da América Latina e do mundo. Portugal é um país pequeno com uma população inferior à população da cidade de Luanda, vive dos fundos comunitários e mesmo assim está na cauda da Europa. Não são os emigrantes que provocaram a crise aguda do vosso sistema nacional de saúde SNS, a ponto de ser proibido engravidar em Portugal, nem a crise da habitação, do transporte público e ferroviário, sendo o único dos países do mediterrâneo que não tem comboio de alta velocidade, nem um novo aeroporto com os padrões do resto da Europa, porque com a vossa burocracia e mesquinhice, deixaram passar décadas e não conseguem sequer escolher a localização definitiva desse futuro aeroporto. Veja que o seu país tem mais de dois milhões de crianças em extrema pobreza, por falta de boa remuneração, milhões de jovens portugueses com qualificações abandonam diariamente o vosso país em busca de melhores oportunidades de trabalho no estrangeiro. O irônico em tudo isso é que muitos destes jovens vão procurar melhores oportunidades de vida em países como Brasil e Angola cujos cidadãos o senhor quer com o seu fel expulsar do vosso país. Ao invés de estar iludido com isso, deveria ajudar o seu país a sair da cauda da Europa e livrar-se destas taxas vergonhasas de pobreza e desigualdade social. Como ficou demonstrado com a recente visita a Portugal onde o nosso Presidente João Lourenço e sua delegação foram muito bem recebidos pelo povo português e as autoridades portuguesas ao mais alto nível, depreende-se que quer Portugal como Angola, estão determinados em continuar a trabalhar no reforço das relações de amizade e de cooperação entre os dois países e não será um fascista xenófobo, misógino e homofóbico que vai travar o curso natural do relacionamento entre os nossos países, por muito que volte a fazer o teatro de péssima qualidade de falso doente, perante os eleitores portugueses. O que observamos em André Ventura, é uma simples tesão de mijo que em breve vai acabar na sanita. O que os nossos marabús africanos dizem, é que este palhaço não tem o mínimo de perfil e jamais será Primeiro-Ministro nem Presidente da República de Portugal. Atentamente Artur Queiroz

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