PENSAMENTOS ABERTOS E LIVRES - 79 (Angola: Do dirigismo à descentralização)

Nos últimos anos, emergiu no centro do poder político um grupo de pensadores que defende uma visão fortemente dirigista da economia. A sua prioridade tem sido concentrar cada vez mais no Estado Angolano a força e o poder de orientar os destinos económicos do país. Esse grupo opõe-se, de forma explícita ou velada, ao valor da criatividade individual e ao princípio da descentralização. Como consequência, foi produzida uma vasta quantidade de legislação e regulamentação que, na prática, confere ao Estado um controlo quase absoluto sobre o rumo da economia nacional. A elite burocrática parte da convicção de que, ao criar normas para substituir importações e proteger a indústria nacional, bastaria publicar listas de tarefas para que as empresas as cumprissem à risca. Acreditam que esse modelo seria suficiente para tornar o país naturalmente rico e próspero, como se o simples cumprimento de ordens fosse capaz de gerar inovação e desenvolvimento. A realidade, no entanto, mostra o contrário: Angola encontra-se cada vez mais endividada e empobrecida. Não é necessário grande esforço cognitivo para perceber a falácia desta visão. O nosso país conta com milhões de cidadãos que conhecem melhor do que qualquer burocrata o que desejam para as suas vidas e como podem desenvolver as suas capacidades individuais. É da multiplicidade dessas iniciativas criativas e livres que nasce a verdadeira riqueza. É urgente que a elite política reconheça que os objetivos coletivos não resultam de planos impostos de cima para baixo, mas sim da soma de milhões de projetos individuais que florescem quando têm espaço para agir. Muitos daqueles que hoje produzem regras e normas nunca criaram um negócio, nunca geriram uma empresa e desconhecem a realidade prática da criação de valor e de riqueza. O futuro de Angola exige muito mais descentralização, muito mais autonomia e muito mais confiança no talento do povo Angolano. A economia nacional deve ser o reflexo da capacidade, da energia e da imaginação dos angolanos — e não permanecer refém de uma ilusão de prosperidade “fabricada” em gabinetes. É tempo de libertar a sociedade do excesso de dirigismo e apostar na força criadora dos Angolanos, que são e sempre serão o verdadeiro motor do desenvolvimento e da construção da riqueza nacional.

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