CARTA ABERTA Aos Presidentes das Federações das Associações Angolanas em Portugal
Lisboa, 14 de Novembro de 2025
Exmos. Senhores Presidentes,
No ano em que celebramos com orgulho os 50 anos da Independência de Angola, assistimos, ao longo das festividades, a um momento ímpar de união na diversidade, em que diferentes sensibilidades, visões e trajetórias se cruzaram num ambiente de respeito, diálogo e convergência. Este espírito — “unidade na divergência para a convergência” — mostrou que, quando a comunidade angolana se encontra, escuta e coopera, consegue elevar a sua voz e reforçar a sua presença no espaço público português.
É justamente inspirado por este ambiente de maturidade social e cívica que dirijo esta carta aberta a V. Ex.as.
As federações que representam as múltiplas associações angolanas em Portugal desempenham um papel essencial na mediação de expectativas, na defesa dos direitos dos nossos concidadãos e na articulação de respostas que contribuam para a melhoria das suas condições de vida. Todavia, os desafios que afetam a comunidade — desde questões documentais, integração socioprofissional, educação, juventude, apoio social, até ao combate à discriminação e à promoção da cultura angolana — exigem hoje um grau mais elevado de coordenação, coesão e visão conjunta.
Assim, ousamos apelar para que:
1. Se reforcem os mecanismos de diálogo e cooperação entre as diversas federações, reduzindo duplicações, ruídos institucionais e rivalidades que fragilizam o movimento associativo angolano em Portugal.
2. Se construa uma plataforma estável de concertação, onde possam ser discutidas prioridades comuns, desenhadas estratégias conjuntas e definidas posições unificadas perante as entidades portuguesas e angolanas.
3. Se facilite um diálogo estruturado e contínuo com os representantes diplomáticos da República de Angola em Portugal, promovendo uma relação mais eficiente, transparente e orientada para resultados concretos em benefício da comunidade.
4. Se estabeleça um canal formal de comunicação com instituições portuguesas, garantindo uma presença mais coesa nos espaços de decisão, com vista a contribuir para soluções partilhadas que melhorem a integração e o bem-estar dos angolanos residentes em território português.
5. Se honre e preserve o espírito vivido nas celebrações dos 50 anos, transformando-o numa base sólida para um futuro onde a união associativa não seja exceção, mas sim prática permanente.
A história da nossa comunidade em Portugal é feita de resiliência, trabalho, criatividade e contributo ativo para a sociedade que nos acolhe. Contudo, só com um movimento associativo forte, articulado e comprometido com o interesse coletivo será possível enfrentar, com eficácia e dignidade, os problemas que afetam milhares de angolanos.
Que este momento simbólico dos 50 anos seja, portanto, mais do que uma celebração: que seja o marco de um novo ciclo de responsabilidade partilhada, cooperação estratégica e unidade eficaz.
Contem com este apelo como expressão de profundo respeito, esperança e compromisso com o futuro da comunidade angolana em Portugal.
Estou disponível para agendar uma reunião preparatória de trabalho para analisar todas as matérias e assuntos que devem ser aprofundados.
Com elevada consideração,
Kandandu
Zeferino Boal
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