CITANDO Maria João Teles Grilo, Arquitecta
Luanda cai, exausta! Treme-lhe o esqueleto. Bamboleiam-lhe os pilares. Luanda está exausta! Gostaria de estar a exagerar, mas infelizmente não estou. Num apanhado que só cabe aqui ser muito resumido, a ruptura da estrutura física da cidade começou com os confrontos entre movimentos de libertação após os acordos de Alvor, com o êxodo dos técnicos na debandada e atabalhoada “ponte aérea”, com o inicio da guerra civil após a independência, com as sabotagens às redes de distribuição eléctrica e de água e o êxodo das populações rurais para as cidades. Desde então, as sistemáticas crises, de que nunca mais saímos, têm continuadamente minado a estrutura urbana das cidades. Luanda é naturalmente o caso mais grave. A cidade que em 75 tinha 600.000 habitantes, tem hoje, estimadamente 9 milhões. A cidade do cimento, a “cidade branca”, tem sido sobreocupada, ao mesmo tempo que cresce desmedidamente a auto-construção, sem quase planeamento, sem regras, sem fiscalização séria. Sem um abasteciment...