sexta-feira, 14 de abril de 2023

CITANDO HENRIQUE NETO

O manicómio nacional por Henrique Neto Um manicómio é o local onde os doidos procuram dizer e fazer o contrário do que dizem e fazem as pessoas normais. Se é assim, como penso, Portugal ao escolher fazer o contrário do que é feito na maioria das democracias ocidentais está transformado num manicómio. Trata-se do manicómio da TAP, o manicómio das leis da habitação, o manicómio da política ferroviária, do aeroporto, da energia, do funcionamento da educação, da saúde e da Justiça. Em todos estes manicómios Portugal está a fazer o contrário do que é feito na generalidade dos outros países europeus. Há mais de vinte anos apresentei com dois outros socialistas duas moções a dois congressos do PS, em que tentamos explicar com dados estatísticos as políticas que estavam a ser iniciadas na Irlanda com bons resultados e fizemos a proposta de os governos socialistas de então seguirem, no essencial, um modelo semelhante. Por exemplo, a prioridade absoluta à educação e à formação profissional em detrimento de mais autoestradas, pracetas e gimnodesportivos; propusemos a redução dos impostos; a atração do investimento nacional e internacional com a incorporação das novas tecnologias; o privilégio das grandes empresas industriais e tecnológicas e a correspondente redução do número de pequenas empresas essencialmente comerciais; defendemos uma administração pública moderna e tecnologicamente avançada e uma Justiça mais justa que respondesse com rapidez às necessidades dos portugueses e da economia. Nos últimos vinte anos os governos socialistas, hegemónicos no País, em tudo fizeram o contrário do que seria ajustado e criaram, pouco a pouco, o manicómio onde hoje vivemos. Digam-me os portugueses se aquilo a que acabam de assistir na Assembleia da República, na comissão de inquérito da TAP, empresa onde quase tudo o que se passou foi feito ao arrepio das normais regras de gestão e da lei, revela ou não a existência de um manicómio onde nada faz sentido e onde quase tudo é revelador da existência de gente pouco qualificada, para mais composta maioritariamente de ignorantes e de mentirosos? Que mesmo quando se vão embora são substituídos por outros ignorantes e mentirosos, sem fim à vista? Depois de Pedro Nuno Santos chega João Galamba, qual a diferença? Digam-me os portugueses se aquilo que aconteceu com o avião pedido por um secretário de Estado à TAP, para evitar que o Presidente da República ficasse mal disposto com o PS, é ou não uma cena digna de um manicómio mal afamado? Ou se a dirigente escolhida internacionalmente para dirigir o manicómio e que foi despedida ilegalmente pela televisão por dois ministros, representa ou não um filme perfeitamente aceitável no ambiente de um hospital para doidos? Claro que os portugueses também não estavam no seu perfeito juízo quando escolheram dar a maioria absoluta a António Costa e contribuíram bastante para que o manicómio tenha podido sobreviver, agora por mais quatro anos. Razão suficiente para que cada vez mais jovens abandonem o País, certos de que neste ambiente pouco racional a sua vida não vai a lado algum e que viver num manicómio não constitui um objectivo de vida desejável. Um pouco mais a sério, é tempo de os portugueses reconhecerem que o nosso País entrou num beco sem saída e que a solução é fazer funcionar o que ainda resta de democracia e dar a voz ao povo. O Presidente da República, que durante a sua primeira legislatura fez todo o possível para apoiar o partido socialista e António Costa no poder, tem agora a obrigação de não continuar a suportar um Governo que, pouco a pouco, está a arruinar o País, económica e moralmente. Por muito menos Jorge Sampaio mandou para casa o Governo de Santana Lopes. Ainda que não seja fácil repetir a decisão com um Governo que ainda há pouco mais de um ano ganhou eleições com maioria absoluta, a verdade é que os oito anos já decorridos mostraram à saciedade a continuada degradação da democracia portuguesa e reconhecer que o poder dado aos dirigentes partidários de escolherem os representantes do povo em vez de serem os eleitores a fazer essa escolha, tem permitido a continuada degradação da qualidade e da seriedade dos escolhidos e está a arruinar o País. É por isso tempo não apenas de realizar novas eleições, mas também de colocar na agenda política a alteração das leis eleitorais, o que os principais partidos no poder têm sucessivamente recusado. Recusa que está na origem da perda de qualidade do pessoal político e, naturalmente, da qualidade da democracia. Talvez que o currículo do Secretário de Estado, que originou o inacreditável mail enviado à TAP sobre o avião do Presidente possa mostrar o problema português, agora nas palavras de João Miguel Tavares no Público. “ Hugo Mendes é a caricatura do boy socialista: licenciado em Sociologia pelo Iscte (claro);assessor da ministra da Educação entre 2006 e 2009; adjunto do secretário de Estado Adjunto do Primeiro- Ministro entre 2009 e 2011; assessor do Grupo Parlamentar do PS entre 2011 e 2015; adjunto do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares entre 2015 e 2019; chefe de gabinete do ministro das Infraestruturas entre 2019 e 2020; secretário de Estado entre 2020 e 2022.”. João Miguel Tavares acrescenta: “ Hugo Mendes chegou a este ponto inconcebível: após o indigno comunicado conjunto dos ministério das Finanças e das Infra- estruturas de 26 de Dezembro de 2022, no qual era exigido à TAP esclarecimentos sobre a indemnização a Alexandra Reis, Hugo Mendes convocou uma reunião com a CEO da companhia para redigir o esclarecimento por si exigido:” Este é o modelo de gestão da TAP nas mãos do Estado, bem como de todo o resto. Trata-se essencialmente de um exemplo da qualidade dos escolhidos por António Costa para governar o País, exemplo que no final é revelador de quem é António Costa. Ou seja, na base do sistema que permite tudo isto estiveram nos últimos oito anos o Partido Socialista e António Costa. Será que é este o manicómio que Marcelo Rebelo de Sousa pretende manter durante mais quatro anos? Se o fizer que assuma a responsabilidade. 11-04-2023 Henrique Neto

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