terça-feira, 2 de abril de 2024

CITAÇÃO

 Para quem não saiba, a ribeira de Cheleiros situa-se genericamente a sul da vila de Mafra e as suas águas correm no fundo das suas margens alcantiladas. Era aí que, nos meus tempos de tenente na extinta Escola Prática de Infantaria (EPI), o seu batalhão de infantaria detinha as forças do Pacto de Varsóvia que, entretanto, tinham cruzado toda a Europa ocidental e derrotado as forças da NATO por onde passavam. Seriam os valorosos infantes descendentes do Santo Condestável a pôr um ponto final no assunto. Mas estávamos todos cientes de que se tratava de uma situação fictícia para enquadrar um exercício de fogos reais. Os dirigentes europeus desses tempos, de um e do outro lado da “cortina de ferro”, apostaram na dissuasão, porque sabiam que uma guerra quente entre os dois blocos levaria ao extermínio. Falava-se então na Destruição Mútua Assegurada (MAD, Mutual Assured Destruction), um conceito que parece ter sido esquecido pelos atuais líderes do Velho Continente. Pelo menos, é isso que podemos deduzir do discurso desta nova geração de dirigentes que não viveu o flagelo da guerra. Foi graças à dissuasão e à MAD, que os dois arqui-inimigos coexistiram pacificamente durante mais de quatro décadas. As grandes potências – EUA e URSS – optaram por se confrontar noutras latitudes, noutros teatros de operações, através de guerras por procuração, afastadas dos seus territórios. Os afegãos, os vietnamitas e outros povos de África saberão certamente do que falo. Recentemente, surgiu na mente de muitos, por ingenuidade ou mesmo por ignorância, a possibilidade, ou antes, a certeza de que Ucrânia iria derrotar militarmente a Rússia, uma potência nuclear, recorrendo apenas ao patrocínio – financeiro, político, de aconselhamento e armamentista – dos seus promotores, sem que estes tivessem de colocar tropas no terreno, com unidades militares constituídas. Passados dois anos de guerra, é cada vez mais óbvio o irrealismo dessa fantasia. Não sei o que terá mais de acontecer para perceberem que continuar a armar Kiev, não só não terá consequências estratégicas significativas, como apenas servirá para prolongar a destruição da sociedade ucraniana e o sofrimento de um povo que parece não querer continuar a combater, e que o próprio poder político teme em mobilizar à força. A cegueira e o preconceito ideológico nunca foram bons conselheiros de quem tem de decidir. Quando se meteram nesta aventura, os europeus deviam estar cientes do historial americano de erros de cálculo estratégico. Avaliação estratégica desastrada Quando da guerra do Iraque, a França e a Alemanha, os pilares do projeto europeu, distanciaram-se dessa aventura. Agora não tiveram esse discernimento e optaram por engrossar o coro dos apoiantes. Não será necessário recordar o que aconteceu no Vietname, Afeganistão, Iraque e Líbia, entre muitos outros casos. A crença na derrota da Rússia à custa dos ucranianos é mais um caso de avaliação estratégica desastrada. Frustrada a esperança de derrotar a Rússia, sentimento que começou a desenhar-se com o insucesso militar de Kiev, no outono de 2023, e o consequente aumento da capacidade e dos sucessos militares do Kremlin, tem-se assistido no Ocidente e, em particular, na Europa a uma certa desorientação, à dificuldade em aceitar que apostaram no “cavalo errado”, em reconhecer que as opções tomadas foram equivocadas e que é tempo de arrepiar caminho. A hipótese de uma vitória russa na Ucrânia – seja lá o que isso for – tida há dois anos como uma tontaria nos areópagos do comentário, ganhou tração no espaço mediático. Parece, afinal, que as mal preparadas forças russas conseguiram ultrapassar os problemas da falta de granadas e mísseis e, de um momento para o outro, qual fénix renascida, passaram a ser capazes de desafiar militarmente uma comunidade política com mais de 400 milhões de habitantes, que lhe é económica e tecnologicamente superior. O facto desta abordagem ser ridícula, não impediu que esteja a ser repetida à exaustão, procurando convencer a opinião pública da verosimilhança desse absurdo. O Presidente Macron será, porventura, o expoente máximo do desalento europeu com a provável humilhação estratégica que a Europa poderá vir a sofrer. A tentativa de liderar a resposta a essa afronta coletiva impeliu-o a formar uma coligação fora do quadro da NATO (com a Polónia e os “poderosos” países bálticos) para intervir com tropas na Ucrânia, sabendo de antemão que os EUA não enviarão forças para o terreno e esquecendo-se, provavelmente, das suas debilidades militares. Em 2011, não fosse a ajuda americana (mísseis, o reabastecimento aéreo, intelligence, etc.) e o ataque à Líbia teria sido um desastre. Para além disso, Paris já entregou 40% da sua artilharia à Ucrânia e não goza de apoio popular para uma tamanha empresa. A Rússia não terá a iniciativa de invadir o Ocidente. São muitas as razões que explicam esse comportamento. A primeira, prende-se com a incapacidade de, no caso de ser força atacante, derrotar militarmente as forças europeias da NATO, mesmo que estas não tenham o apoio norte-americano. O Kremlin está ciente dessa realidade. É demasiado óbvio para haver dúvidas. Veja-se a dificuldade da Rússia em derrotar as forças ucranianas, apoiadas pelas forças ocidentais. O Kremlin sabe, por exemplo, as suas vulnerabilidades em matéria de ISR (Intelligence, Surveillance, Reconnaissance), bem patentes no início da guerra, e ainda evidentes passados dois anos. A Rússia dispõe apenas de 15 AWACS para cobrir todo o seu imenso território, tem limitações de vigilância permanente do Teatro de Operações e na deteção de longo alcance. É evidente a dificuldade em manter uma presença de 24 horas por dia, sete dias por semana, como tem a NATO, na parte ocidental do Mar Negro. A Rússia não tem recursos para manter uma guerra peer-to-peer com a NATO para lá do território ucraniano. Quem afirmar o contrário é ignorante, ou então impostor. Todas as grandes potências tiveram a tentação de se apoderar da Rússia, ou de parcelas do seu território, para acederem aos seus imensos recursos naturais. Não recuando às invasões anteriores ao séc. XVI, no séc. XVII, a Rússia foi invadida pela Polónia, no séc. XVIII pelos suecos e, no séc. XIX, por Napoleão. Ainda no séc. XIX, tanto a França como os Britânicos combateram a Rússia na guerra da Crimeia. Não há memória de a Rússia ter reciprocado estas ações instigando, por exemplo, rebeliões na Córsega. No séc. XX, a Rússia foi invadida pelos japoneses em dois momentos diferentes e, durante a guerra civil (1917-1920), por uma coligação internacional, na qual até participou um contingente norte-americano de 17 mil soldados. O projeto da Casa Branca não é novo O projeto norte-americano de remover o regime em Moscovo e substituí-lo por alguém mais próximo dos seus interesses, submisso à Casa Branca, como disse Victoria Nuland, um parceiro como queríamos, “um parceiro ocidentalizado e europeu”, não é novo nem original. Franceses e britânicos tiveram a mesma ideia no final da Primeira Guerra Mundial, por motivos muito semelhantes aos dos norte-americanos. Também eles tinham como objetivo derrubar o regime recém-instalado em Moscovo para ter “vantagem comercial e política”. Segundo o acordo celebrado nessa altura, caberia à França “exercer influência”, eufemisticamente falando, nas zonas da Bessarabia e da Crimeia. Segundo o “Le Monde”, Macron partilhou com o seu inner circle a intenção de enviar tropas francesas para Odessa, provavelmente para celebrar os 105 anos em que Odessa foi durante cem dias uma província francesa. Gorado o projeto britânico de construir uma base militar naval em Odessa, a França procura agora tomar a dianteira na concretização desse projeto. A estes sonhos e a estas ambições, terminadas todas do mesmo modo, teremos de adicionar o sonho hitleriano do império de 1000 anos, cuja brutalidade da operação militar deixou marcas ainda hoje bem visíveis na sociedade russa. Só em duas ocasiões na História, as forças russas/soviéticas avançaram para oeste dos rios Oder e Vístula, na sequência das invasões dos exércitos napoleónicos e hitlerianos, em operações de exploração do sucesso, em resposta ao ataque de que foram vítimas. O que motivaria o Kremlin a fazê-lo agora? Historicamente, a Rússia balanceou-se estrategicamente para a Ásia e não para a Europa. A ausência de um motivo plausível que explique uma alteração estratégica leva-nos a concluir ser uma falácia a inevitabilidade de um ataque russo à Europa, forjado para distrair as atenções da derrota estratégica que se avizinha no horizonte. Ao contrário dos EUA e de outras potências, que invadiram ou provocaram mudanças de regime em locais não contíguos com os seus territórios, a Rússia atuou militarmente em dois locais – Geórgia e Ucrânia – que lhe são contíguos e nos quais houve anteriormente operações de mudança de regime provocadas por Washington. Curiosamente, foram estes os dois países convidados para aderirem à Aliança na Cimeira de Bucareste, em 2008. Convinha relacionar os acontecimentos e tirar daí ilações. É tempo de recuperar fórmulas de convivência pacífica Não é controverso o rearmamento europeu e o reforço da sua preparação militar (Schengen militar, transportes militares, construção de caminhos de ferro e autoestradas, etc.) se for subordinado a uma lógica de dissuasão. É, aliás, necessário, desde que não tenha outro fim em vista. Contudo, não deixa de ser caricato que figuras como Ursula von der Leyen, que colaborou ativamente no enfraquecimento das forças armadas germânicas enquanto ministra da defesa (2009-2014), vir agora liderar o coro dos belicistas. Dá que pensar. Antes de escalarem o conflito para patamares insustentáveis, os altos dignitários europeus devem considerar no seu processo de decisão: que os EUA não enviarão tropas para a Ucrânia, tendo os europeus de contar apenas consigo próprios; que o conceito MAD continua válido e a Rússia tem vantagem em matéria de armamento nuclear estratégico; que a Rússia não vai atacar o Ocidente; e que o prolongamento da guerra não vai provocar uma alteração estratégica da situação, mas sim piorar a situação da Ucrânia. É inaceitável que os “Comunicadores Estratégicos” tenham escolhido como tema de recurso a invasão da Europa pela Rússia, uma vez resolvido o problema ucraniano. Cria ansiedade na população fazendo-a crer que a guerra é inevitável, apesar de não existirem indícios técnicos que o possam sugerir. É uma ação de doutrinamento baseada em premissas falsas, promovido pelos setores mais belicistas, para tornar as populações recetivas a aceitarem um confronto militar indesejado com a Rússia. Seria, pois, sensato que os europeus não aumentassem os decibéis da retórica, e percebessem ser tempo para reconciliar e recuperar fórmulas de convivência pacífica, já testadas com sucesso no passado. Afinal, a probabilidade de os russos voltarem a passar o Oder ou o Vístula para Ocidente afigura-se nula. Os mafrenses e os europeus poderão dormir descansados. Os russos não chegarão à Ribeira de Cheleiros.

domingo, 11 de fevereiro de 2024

CITANDO LAURA MACEDO

Mr Presidente, Receba meus votos de um final de semana tranquilo e que consiga, calmamente, pensar e parar de nos atirar areia para os olhos querendo nos vetar a visão. Nestes próximos 4 dias de lazer, aproveite e que a Paz esteja consigo. Nós podemos não ter uma imprensa independente mas muitos andamos o país por estrada e todos juntos lemos Angola na palma da mão. Ouvi um trecho do discurso que proferiu a quando da sua última visita ao Huambo e fiquei estupefacta. Quem é que, ao seu redor, o ilucida sobre o estado do País? Senhor Presidente, Um homem no seu posto não deve deixar-se levar pela emoção de espezinhar quem quer que seja nem aos seus maiores inimigos. Querer galardoar o MPLA apontando como tendo feito mais feitos em 50 anos do que o colono nos 500 que cá esteve fez-me recuar e analisar os 2/3 anos do fim da era colonial e, sem medo de errar pergunto: - o Senhor Presidente vivia onde no período colonial? Angola produzia tudo o que precisava para viver e ainda exportava. Se me perguntar se prefiro, claro que não até porque hoje temos uma independência que, embora mal proclamada pelo seu MPLA, cá está e só depende de nós para mudarmos o rumo. Quando afirma: "Só o MPLA tem obra importante para mostrar; obra em benefício dos angolanos. Se for mentira que digam que não é verdade. Foi ou não foi o MPLA que nos trouxe a independência? As barragens hidroeléctricas que deixaram no nosso país em comparação com essas que nós construimos em 15 anos aquilo são brinquedos." O Senhor Presidente não deve falar de ouvir dizer. Nós temos barragens onde os orçamentos eram (são) muito grandes mas não podemos nunca dizer que são melhores que as pequenas construidas no periodo colonial porque aquelas funcionavam ininterruptamente enquanto as "nossas" passam a vida a ter de ser desligadas para manutenção. O Senhor Presidente sabe que existem ainda hoje estradas terraplanadas feitas há 60 anos que não têm buracos? Olhe , por favor para a vossa coqueluche que chamam de "via expressa". Vocês no MPLA, únicos nestes quase 50 anos a geriram os recursos do país não têm vergonha de terem pago tanto por aquela obra? "Via expressa" e uma estrada para se andar rápido, não pode dar para portas de comércio nem pessoas a atravessarem. O próprio nome diz: VIA EXPRESSA. Olhe para o projecto Nova vida. De tão bons que são vamos pagar para levantar todo o asfalto e reparar a compactação (base). Esta urbanização foi inaugurada em 2003, Senhor Presidente e está tudo rebentado! Senhor Presidente, Quem mais, que não o MPLA, o senhor queria que fizesse uso dos dinheiros públicos se só o partido onde agora preside é que governou Angola? Há quantos anos estão a gastar rios de dinheiro com as prometidas Refinarias de Cabinda e do Soyo? São para quando, afinal!? Senhor Presidente, Relaxe e não se emocione achando que alguém o vai aplaudir porque está a comparar o seu MPLA com a gestão do colonizador. Vocês estão a perder 10 a 0. Conhece algum governante apontado, indiciado, julgado e ou condenado por ladroagem no período colonial!? O seu PGR diz que tem acima de 600 processos onde investiga supostos ladrões do erário. Sabe se abriram alguma investigação a si ou a Helder Pitta Grós? Quantas pessoas mesmo é que fizeram parte dos governos do MPLA desde aquele 1975? A única área onde se vos pode tirar o chapéu é na ladroagem onde quem não embolsou fechou os olhos e manteve os restantes cidadãos na ignorância e miséria. O seu MPLA transformou-nos de um País rico em um paisinho de Larápios que o senhor mesmo apelidou de marimbondos. Os animais irracionais, os verdadeiros marimbondos, picam mas não roubam. Quem rouba deixando à fome e à miséria todo um Povo é mesmo LADRÃO e o seu partido, senhor Presidente, é quem tem a maior percentagem. Senhor Presidente, Relaxe, acalme-se e pense. Espero ouvi-lo na próxima 4a feira já com o espírito limpo de fantasmas. Laura Macedo

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

O DEMÉRITO DA LIDERANÇA E OS MÉRITOS DOS SANSEGUSSAS

Existem momentos cruciais que nos demandam reflexões sobre conceitos fundamentais, especialmente no âmbito da liderança de organizações. Aqueles que assumem a posição de guiar devem fazer escolhas ponderadas, cercando-se dos mais talentosos e competentes, em detrimento de criar um círculo restrito de seguidores inquestionáveis, os famosos "yes men". Esses princípios não se aplicam apenas genericamente às instituições, mas ganham uma relevância especial na esfera política – uma nobre missão pública e uma autêntica arte de governar em determinados momentos. Reconhecemos que nem todos possuem as qualidades essenciais para se destacar na arte de governar em diferentes níveis. Acima de tudo, a política não é uma carreira; é uma jornada efêmera, moldada pelo voto democrático em regimes que assim o determinam. Uma liderança frágil muitas vezes procura ao seu redor aqueles que são dependentes, criando um ambiente de carreirismo de sobrevivência. No entanto, ironicamente, são esses mesmos indivíduos que, na primeira oportunidade, "matam o rei". A elaboração de uma lista de candidatos para um órgão democrático deve ser cuidadosa. É imperativo equilibrar a liderança e a capacidade discursiva com a inclusão de indivíduos capazes, exigentes e independentes de pensamento. Preocupa-nos quando uma liderança fraca compõe uma lista com indivíduos menos competentes ou desconectados da realidade, meramente para cumprir um calendário. Candidatos que não representam verdadeiramente as comunidades de voto, baseando sua aptidão apenas em discursos eloquentes e conhecimento superficial, são, por si só, alarmantes. Dizer que os cidadãos estão afastados da política é um clichê. Na verdade, muitos eleitores estão distantes da política partidária, pois alguns sugam tudo para seus próprios interesses. Uma força política que aspira ser uma alternativa real deve ter a capacidade de recrutar e abrigar opiniões competentes e suficientemente divergentes para fomentar o crescimento do interesse coletivo. É assustador perceber que algumas forças políticas carregam consigo interesses de negócios e objetivos pessoais em primeiro plano. Devemos lembrar o exemplo do fundador do partido, que sempre colocou os interesses nacionais acima dos individuais. Diante de escolhas inadequadas na elaboração das listas de candidatos à Assembleia da República, o caminho a seguir requer o melhor de nossas capacidades. É incompreensível que ainda surjam candidatos que, há duas décadas, têm sido redutores e sempre em perda de eleitores externos ao partido. Se os resultados ficarem aquém dos objetivos, em 11 de março, serei um dos primeiros a exigir que aqueles que se comportam como sanguessugas do PSD, mesmo eleitos deputados, se retirem da arena política. Será necessário reconstruir as bases do partido, começando pelos alicerces antes de chegar ao telhado. O verdadeiro poder reside na responsabilidade comum e na capacidade de olharmos para além dos interesses individuais. Esta reflexão é do todo nacional mas subjetivamente ao círculo eleitoral de Setúbal.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

CITANDO ANTÓNIO BARRETO

A Festa Acabou Por António Barreto O Público Portugal foi até ultrapassado pela Roménia! Está hoje nos últimos lugares classificativos da UE! Depois de biliões de euros com que a mesma nos financiou e que em grande parte foram " desbaratados". Com a descolonização foram assassinadas milhões de pessoas( muitas delas antigos militares portugueses de diversas etnias que foram traídos e massacrados após a independência). Os países que antigamente faziam parte de Portugal com uma sã admnistração que os desrnvolvia são hoje notoriamente corruptos como diariamente é publicitado. Com as nacionalizações quem as apoiou conseguiu dar cabo da industria nacional. Com a ocupação de terras tornámo-nos enormemente dependentes da importação de bens essenciais para a alimentação. A Justiça tornou-se uma lástima e diariamente são publicitados casos de corrupção de políticos que nunca mais serão julgados pois ocorrerá a prescrição dos seus crimes. O caso de pedofilia na Casa Pia que também envolveu políticos foi e é uma vergonha nacional e internacional. 40% da população portuguesa é pobre e vive de subsídios estatais. O ensino sofreu uma degradação nunca vista e o SNS e a Segurança Social estão falidos. A dívida externa é uma enormidade violando todos os parâmetros estabelecidos pela UE. As futuras gerações (para quem tenha filhos) terão de pagar os enormes encargos deixados pela geração de " intelectuais" post 25/A. Quem efectivamente governa são sociedades " discretas" que até têm constituições próprias. Razão pela qual nem sequer existem círculos uninominais com deputados concelhios que sejam reconhecíveis pelos seus eleitores locais. O atual 1 ministro demitiu-se por estar envolvido num processo crime. O seu chefe de gabinete foi apanhado pela PSP com 75 mil euros escondidos em livros na estante da residência oficial! A crise demográfica é gravíssima. Pelas fronteiras abertas entram sem controle milhares de ilegais imigrantes muçulmanos. A juventude cujas habilitações foram por cá financiada emigra aos milhares por falta de rendimentos suficientes e inexistentes expectativas. Tudo isto é uma tragédia.Tal e qual como ocorreu no século XIX por incompetência, corrupção e estúpidas guerras internas. O País que se ponha a trabalhar como sempre foi capaz quando for governado como um Estado de Direito. Por estadistas em vez de "políticos de pacotilha" que por cá medram. Que já no século XIX tinham dado origem a que a Política fosse então apelidada de " a grande porca". Este texto, que revela o desastre do legado de António Costa e do PS e seus amigos da extrema esquerda, não é de autoria de um qualquer diabo, diabinho ou diabrete de direita. É de autoria de um histórico do PS .

CADASTRO DE PEDRO NUNO SANTOS

O Cadastro económico de Pedro Nuno Santos por Ricardo Reis Participou num governo que promoveu estes milagres económicos e decidiu alguns deles: 1- A EFACEC em 2020 antes de ser nacionalizada era uma empresa de ponta, tecnológica e exportadora (acrescento eu, graças ao capital e à gestão da equipa de Isabel dos Santos). Tres anos depois teve prejuízos recorde na sua história. Perdeu bons clientes e 500 trabalhadores. Isto depois do governo ter injectado 200 milhões de € na empresa. Em Junho de 2023 o governo anuncia a venda da EFACEC a um fundo de investimento que aceita depois do governo meter mais 160 milhões de € na empresa. Diz o governo que é como um investimento a recuperar nuns anos...... 🤔 2- Nacionalizou a TAP, pagando ao accionista que expulsou um elevado valor pelas suas acções, feito extraordinário à nível planetário em tempos de pandemia Covid. Nomeou uma CEO que acabaram por despedir mais tarde, dando-lhe directamente ordens. O resultado foi que em três anos injectamos, nós contribuintes, 3200 milhões de €. Agora querem privatizar de novo e o valor estimado para a sua venda ronda os 1000 milhões de €. 2200 milhões de € nossos vão à vida. Como comparação a Lufthansa e a AIR France recuperaram tanto como a TAP e já devolveram o 100% das ajudas recebidas dos Estados. Fracasso total de Pedro Nuno Santos. 3- PNS prometeu uma revolução na ferrovia. Os novos comboios que ia comprar nunca chegaram. A dívida pública da CP caiu porque o Estado (nós contribuintes) assumiu essa dívida. Pela primeira vez em muitos anos ela deu lucro em 2023........ porque o Estado coloca na empresa entre 80 e 100 milhões de € anuais pelo serviço público. 4- Há poucos dias descobrimos que mandou comprar acções dos CTT as escondidas com a intenção de ir nacionalizado a empresa. 5- Foi um dos promotores da Start Campus em Sines origem da demissão de Costa e do processo Influencer actualmente em instrução com vários arguidos próximos de Costa e Pedro Nuno Santos. E acrescento eu. Somos o único País do mundo mais civilizado que tem um primeiro ministro em gestão investigado e desejando ser candidato ao Conselho Europeo e um ex ministro demitido por mentir sobre uma indemnização a um membro despedido da administração da TAP. Não há dúvida nenhuma ao ver estes escândalos que os funcionários públicos e os reformados estão comprados à base do dinheiro nosso, dos contribuintes. Ao contrário do título do filme com Javier Bardem "Isto não é um país para velhos", Portugal é "um país para velhos e acomodados".

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

DEFINIÇÃO DE PEDRO NUNO SANTOS

Perfeita caracterização do Alberto Gonçalves sobre o Pedro Nuno Santos: “Claro que o dr. Pedro Nuno é uma nulidade cozinhada na JS. Claro que é um comunista por reacção nervosa e um oportunista por natureza. Claro que é um pantomineiro sem maneiras. Claro que os socialistas lhe batem palmas na medida em que precisam de acautelar empregos junto do putativo patrão. E claro que é um perigo. Mas o dr. Pedro Nuno está muito além disso. Ou muito aquém. A julgar pelas recentes entrevistas e intervenções públicas, o dr. Pedro Nuno é principalmente um caso de particular, acentuada e terminal miséria, mesmo pelos baixos padrões da actual política nacional e pelos baixíssimos padrões do actual PS. Não o destaco por não ter uma única ideia ou – Deus fosse louvado – uma “visão” para o país. O eng. Sócrates e o dr. Costa também não tinham nada de vagamente semelhante mas, sobretudo no primeiro caso, eram eficazes a fingir o contrário. O dr. Pedro Nuno não finge coisa nenhuma: o vazio que o define está exposto. O seu principal, quiçá solitário, “argumento” para mandar no partido e, depois, no país, é o facto de existir. Ainda que não dê sinais de pensar, parece consensual que o dr. Pedro Nuno existe. E isso, acha ele se calhar com rara propriedade, é o bastante para mandar em nós. Cada aparição da criatura é confrangedora e demonstrativa do atoleiro a que o regime desceu.” “Uns dias, o dr. Pedro Nuno diz-se social-democrata, noutros é socialista. Uns dias é moderado, noutros é esquerdista. Uns dias orgulha-se de servir o PS em exclusivo desde pequenino, noutros evoca o convívio com a pobreza. Uns dias exalta a íntima familiaridade com o mundo empresarial, noutros esconde a empresa com que o papá faz negócios com o Estado. Uns dias condena a especulação imobiliária, noutros vende a casa pelo dobro do preço que pagou. Uns dias enche a boca com justiça social, noutros esconde o Porsche e o Maserati. A originalidade do dr. Pedro Nuno não está em mentir: está em mentir tão desconchavadamente, a ponto de suscitar a impressão de que o que diz hoje resulta de não se lembrar do que disse ontem. E de não sonhar com o que dirá amanhã. O dr. Pedro Nuno, que aparenta ter crescido apenas fisicamente, dá pena, embora menos pena do que os infelizes que venham a depender do dr. Pedro Nuno.” Comentáro meu: É assustador como esta nulidade arrogante, prepotente e aldrabão chegou onde chegou e neste país de mentecaptos tem hipótese de chegar a PM... Q desgraça de País - valha-nos Deus 🙏

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

NOMES PORTUGUESES DO TEMPO COLONIAL E ACTUAIS DE LOCALIDADES ANGOLANAS

Aljustrel: Cangamba Ambrizete: N'Zeto Andrada: N‘Zagi Arriaga: Bibala Asseiceira: Catumbela Carmona: Uíge Bela Vista: Catchiungo Buçaco: Camanongue Duque de Bragança: Calandula Forte República: Massango Forte Roçadas: Xangongo Gabela: Amboim Gago Coutinho: Lumbala Nguimbo General Machado: Camacupa Henrique de Carvalho: Saurimo João de Almeida: Chibia Lumege: Cameia Luso: Luena Mariano Machado: Ganda Moçâmedes: Namibe Neves Ferreira: Cuemba Lumege: Cameia Luso: Luena Mariano Machado: Ganda Moçâmedes: Namibe Neves Ferreira: Cuemba Nova Chaves: Muconda Nova Gaia: Cambundi-Catembo Nova Lisboa: Huambo Novo Redondo: Sumbe Nova Sintra: Catabola Pereira de Eça: Ondjiva Ponte: Cuvango Porto Alexandre: Tômbua Quilombo dos Dembos: Gonguembo Robert Williams: Caála Sá da Bandeira: Lubango Salazar: Dalatando Santa Clara: Ombadja Santa Comba Dão: Uacu Cungo Santo António do Zaire: Soio São Salvador do Congo: M'Banza Congo Serpa Pinto: Menongue Silva Porto: Cuíto Teixeira de Sousa: Luau Teixeira da Silva: Bailundo Veríssimo Sarmento: Camissombo Vila Flor: Ecunha Vila Nova de Seles: Uco Conhecer a história é uma obrigação!

PAPA - ZEFERINO

São Zeferino PAPA, +217/218 Celebrado A 20 De Dezembro São Zeferino foi o 15º Papa a tombar, martirizado, em defesa da Igreja de Cristo. Era natural de Roma. Dedicou-se com muita diligência e zelo, pregando e testemunhando o Evangelho com grande virtude e sabedoria, qualidades que floresceram no pontificado de São Vitor I, de quem se tornaria sucessor na Sé apostólica. Após o glorioso martírio do Papa São Vitor, ocorrido no dia 28 de julho de 199, o povo de Deus, unido ao clero, reuniu-se em intensas orações, a fim de que o Senhor iluminasse o rebanho para a escolha de um digno vigário. Depois de onze dias de intensas orações, o Espírito Santo manifestou-se em forma de pomba e desceu sobre a cabeça do então presbítero Zeferino, onde repousou por um breve espaço de tempo, desaparecendo em seguida. Os fiéis logo identificaram a escolha de Deus. Por unanimidade, o elegeram no mês de agosto daquele ano, quando assumiu honrosamente o divino governo da Igreja. Logo no início de seu pontificado, o imperador Septímio Severo moveu, por decreto, intensa perseguição contra a Igreja, fato que levou São Zeferino a tomar as primeiras providências no sentido de zelar pelo rebanho, levando seu auxílio e consolo naqueles dias de grande tribulação. Pessoalmente, de dia e de noite, percorreu infatigavelmente diversas casas, cavernas e locais subterrâneos. Colocou em risco a própria vida, visitando e consolando não só os encarcerados, mas também os condenados, que acompanhava até aos cadafalsos. A todos alentava com palavras e esmolas, levando a eles o Pão dos fortes, regado com o Sangue de Cristo. A cruel perseguição perdurou por nove anos consecutivos, até a morte do imperador Severo, quando a Igreja recobrou um certo período de paz. Editou importantes regras canônicas, especialmente as relativas à disciplina eclesiástica. Foi ele quem determinou que os fiéis católicos comungassem, pelo menos na ocasião da Festa da Páscoa. Também, quanto aos cálices sagrados, até então confeccionados em madeira, determinou que deveriam ser feitos, ao menos de vidro. Durante o seu pontificado, a cabeça da heresia reergueu-se furiosamente. Praxeas, que no pontificado anterior se havia retratado da pregação da sua heresia patripasiana (negação da Santíssima Trindade), tentou novamente semear a sua doutrina errónea e, por isto, foi duramente combatido pelo Papa. Também Tertuliano, que coberto com uma capa de austeridade e rigor, grande desgosto causou ao Santo Padre, voltando-se contra ele com censuras e ataques, arrebanhando diversos adeptos, mergulhou definitivamente na lama das sua doutrina insana. São Zeferino governou a Igreja até o ano de 217, quando recebeu a auréola dos mártires no dia 26 de agosto, sob o governo do imperador Antonino. https://evangelhoquotidiano.org/PT/display-saint/add7cc52-e4c4-40bc-b3bd-7f4421425d3c

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

DISCURSO DE JOÃO LOURENÇO - 3º FÓRUM PAN-AFRICANO PARA A CULTURA DE PAZ E NÃO-VIOLÊNCIA

– BIENAL DE LUANDA – Sua Excelência José Maria das Neves, Presidente da República de Cabo Verde, Sua Excelência Hage Geingob, Presidente da República da Namíbia, Sua Excelência Carlos Vila Nova, Presidente da República de São Tomé e Príncipe, Sua Excelência Moussa Faki Mahamat, Presidente da Comissão da União Africana, Distintos Conselheiros da União Africana, Distintos membros do Executivo angolano, Minhas Senhoras e Meus Senhores, É uma grande honra para mim e para o Executivo que dirijo acolher tão ilustres figuras nesta cidade capital de Angola, para participar na 3ª edição do Fórum Pan-Africano para a Cultura de Paz, Bienal de Luanda, que se vai subordinar ao lema «Educação, Cultura de Paz e Cidadania Africana, como Ferramentas para o Desenvolvimento Sustentável do Continente». Apesar da complexidade que encerra a preparação deste evento, a República de Angola assumiu a responsabilidade de o acolher a cada dois anos, porque tem a clara noção da importância que assume para os países africanos e não só, a questão da paz e da convivência pacífica no seio das sociedades de cada um dos nossos países em particular do nosso continente, onde é fundamental fazer-se uma pedagogia permanente, principalmente junto dos jovens que estão aqui representados de forma significativa, para a necessidade de defender e preservar a paz, como condição primária para o desenvolvimento económico e social dos nossos países. Desde o alcance da nossa Independência e durante três décadas consecutivas, Angola viveu a triste realidade de um conflito armado entre filhos da mesma mãe pátria, que nos deixou lições extremamente úteis, tendo-nos levado a desarmar os espíritos e a enveredar pelo caminho da paz, da reconciliação, da harmonia, do entendimento e da convivência pacífica entre todos, e transformado o nosso país num espaço em que se tornou possível dedicarmo-nos todos às tarefas do progresso e do desenvolvimento. Desde que se realizou a primeira edição, este Fórum tem-se constituído numa plataforma privilegiada de interacção e reflexão colectiva empenhada no reconhecimento, na difusão e na valorização dos conceitos, princípios e boas práticas tendentes à construção de um futuro mais pacífico para o nosso continente, berço de uma rica e complexa diversidade cultural, dentro da qual se entrelaçam povos com crenças, línguas e práticas diferentes. Não obstante a evidência de que a diversidade cultural constitui um inegável activo social, a sua desvirtuação pode criar tensões sociais e até mesmo conflitos desnecessários, pelo que o tema deste ano nos coloca perante o desafio de forjar novos paradigmas e elevar o respeito pela diferença como pedra angular na edificação de sociedades cada vez mais imunes à violência. Excelências, Nenhum esforço tendente a consagrar a ideia de que a paz é um bem inegociável da Humanidade produzirá os resultados almejados se não for feita uma aposta séria, firme e coerente na educação das pessoas e, principalmente, na dos jovens, chamando-lhes a intervir neste processo com o sentido de que se está a realizar um dever perante a sociedade, as famílias, as escolas, as igrejas, as agremiações desportivas, os grupos culturais, as associações e outras entidades de natureza similar. Devemos fazer uma reflexão sobre a pertinência de se elaborarem políticas públicas voltadas para a cultura de paz que, mais do que um conceito, deve ser encarada como um princípio a ser inscrito nas estratégias nacionais de desenvolvimento dos nossos países, implementado pelas instituições a que antes fiz referência e, tanto quanto possível, amplamente divulgado pelos órgãos de comunicação social e através das plataformas digitais, que podem desempenhar um papel construtivo neste esforço de promoção da cultura de paz. Devemos procurar aceitar o facto de que promover uma cultura de paz implica a valorização do colectivo, estimula o respeito pelas diferenças, consagra a diversidade como fonte de riqueza a proteger e pode agir como um factor impulsionador do reforço da justiça social, da equidade e da inclusão. É por isso essencial que coloquemos o nosso foco na questão da inclusão, pois considero que se cada cidadão dos nossos países se sentir valorizado em função dos seus conhecimentos, dos seus anseios e das suas capacidades, construiremos sociedades em que todas as vozes serão escutadas, todas as sensibilidades respeitadas, e todos os segmentos sociais levados em consideração. Já não há espaço a visões redutoras sobre o lugar da mulher nas nossas sociedades, nas quais assumem um papel cada vez mais actuante e reconhecidamente eficaz na execução das suas responsabilidades profissionais, e daquelas em que, na sua condição de mães, podem transformar-se em verdadeiras arquitectas de um mundo de harmonia, de paz, de respeito, de tolerância, de compreensão e de amor. Excelências, O nosso continente é habitado por uma população maioritariamente jovem, que tem naturalmente um conjunto de aspirações e expectativas quanto ao seu futuro, o qual se deve procurar atender levando sempre em consideração o seu papel de força motriz da mudança, da evolução, do progresso, do desenvolvimento e da construção de sociedades criativas e inovadoras. A própria natureza dos jovens tem dinâmicas próprias e gera abordagens e visões diferentes em função de cada grupo geracional, facto que deve ser sempre observado com muita atenção para que se percebam as necessidades e exigências de cada tempo e sejam encontradas soluções na medida do possível, para evitar tensões sociais e posturas muitas vezes permeáveis a ideias nocivas e a comportamentos social e civicamente pouco aceitáveis. Considero, por isso, ser nosso dever acreditar sem hesitações na juventude, disponibilizando-lhe oportunidades reais de participação activa na construção das nossas sociedades para solidificar uma cultura de paz duradoura e resiliente, criando espaços de diálogo em que devemos escutá-los, entender as suas ideias e integrar as suas contribuições para permitir-lhes que sejam agentes de mudanças virtuosas. Acredito que se conseguirmos com algum esforço alcançar este desiderato, teremos certamente conseguido, também, preparar cidadãos aptos para aceitar o confronto de ideias, em lugar de partir para a confrontação na base de ideias divergentes. É nesta perspectiva que atribuo uma importância fulcral ao diálogo inter-geracional que se tornou na referência central da Bienal, por nos permitir estabelecer um intercâmbio de ideias e um espaço de diálogo dentro do qual a combinação entre a sabedoria e a experiência dos mais velhos e a energia criativa dos jovens pode ajudar a fazer a passagem suave e tranquila do testemunho de uma geração para outra. Excelências, A criação e a consolidação de uma cultura de paz em África deve ser um passo fundamental para se estabelecer o clima e as condições essenciais para que os povos e as nações africanas se dediquem, com todo o seu engenho, às tarefas da promoção do progresso e do desenvolvimento. Somente por esta via seremos capazes de enfrentar e superar o desafio do combate à pobreza, que é, no fim de tudo, o maior dos problemas do nosso continente e o que nos torna vulneráveis às cobiças e às arbitrariedades que lhes estão subjacentes. Nosso maior desafio consiste na necessidade da definição acertada de estratégias e programas de desenvolvimento assentes na utilização dos recursos de que dispomos, para que consigamos criar as dinâmicas que vão impulsionar o intercâmbio a todos os níveis, as trocas comerciais, o aproveitamento dos conhecimentos técnicos e científicos de cada um de nossos países e regiões, para se criarem factores geradores de crescimento. Mesmo tendo a perfeita noção de que estamos diante de uma tarefa complexa, nada nos deve fazer desistir de a levar por diante, porque temos de garantir um futuro promissor e próspero às gerações vindouras, às quais caberá dar continuidade ao trabalho iniciado. Devemos empreender igualmente um esforço gigantesco para protegermos os nossos mercados de choques externos e fortalecê-los na base de programas nacionais de desenvolvimento que assentem sobre a incontornável necessidade da diversificação da economia, por forma a torná-la mais resiliente aproveitando o espírito empreendedor das nossas gentes. Excelências, Estamos a realizar hoje a terceira sessão da Bienal de Luanda. Impõe-se que façamos uma retrospectiva do percurso feito até aqui para que vejamos se tem valido a pena abordar neste Fórum as questões relacionadas com a paz no nosso continente. A República de Angola tem procurado desempenhar um papel activo no sentido de contribuir para a resolução dos conflitos em África, particularmente na RDC, porque acreditamos que a perseverança leva a bons resultados. Estou convencido de que deve ser este o espírito a conduzir-nos nas iniciativas que desenvolvemos em África para pôr um fim definitivo aos conflitos e iniciarmos, sem nenhuma espécie de constrangimento, o processo de desenvolvimento sustentável de África. Por isto mesmo, temos de procurar centrar as nossas acções concertadas entre todos, com o envolvimento activo da União Africana, no sentido de colocar o nosso enfoque na busca de uma solução para o conflito que se desenvolve no Sudão e noutras zonas do nosso continente. Não posso deixar de me referir ao cenário de instabilidade que se observa em resultado das acções terroristas desencadeadas por grupos armados na região do Sahel e das mudanças inconstitucionais - vulgo golpes de Estado - em alguns países da África do Oeste e Central. Esta situação nem sempre tem merecido a nossa mais vigorosa condenação e repulsa, havendo mesmo casos em que se confere aos golpistas o mesmo tratamento devido aos legítimos detentores do poder, o que choca com os princípios e valores defendidos pela União Africana. Excelências, Estamos actualmente perante um panorama internacional desolador, em resultado da guerra entre Israel e a Palestina e a que opõe a Rússia à Ucrânia, sendo que ambas, no seu conjunto ou mesmo isoladamente, constituem uma séria e inequívoca ameaça à segurança internacional e à paz mundial, com todas as consequências que daí derivam na sua dimensão humana, social, económica e política. Em virtude destes problemas, ocorre-nos extrair a conclusão de que se impõe, com a máxima urgência, a necessidade de se aperfeiçoarem os mecanismos da governança mundial, de modo a reforçar-se a sua capacidade de prevenção e intervenção e não permitir que as tensões políticas degenerem em confrontação armada de grandes proporções. Acompanhamos todos com muita mágoa a tragédia humana que se observa em Gaza, perante uma espécie de impotência da comunidade internacional, que se tem revelado incapaz de agir com firmeza e determinação para parar com a mutilação e morte de milhares de seres humanos indefesos e inocentes naquela parte do Médio Oriente. Este conflito só tem uma solução possível que assenta necessariamente na criação do Estado palestino, ao abrigo das várias resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a matéria. Penso que a questão que se prende com a cultura de paz e não-violência deve ser encarada de uma forma transversal, de modo que se torne um paradigma para todas as regiões do nosso planeta. Acredito profundamente no sucesso das políticas voltadas para a criação de uma sólida cultura de paz e de um ambiente de concórdia e de estabilidade em África e no mundo em geral. Declaro, assim, aberta a 3ª Edição do Fórum Pan-africano para uma Cultura de Paz e Não-Violência – Bienal de Luanda. Muito obrigado pela vossa atenção!

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

CITANDO MIGUEL GRANJA

Autor convidado da Oficina da Liberdade A superioridade moral da Direita moderada A direita moderada é ideal para passeios de barco a remos em soalheiros lagos de Domingo. Não é com tais navegadores que se vencem Bojadores e Adamastores. Ao contrário do que, à direita, é costume proclamar-se não sem a inconfundível vaidade que sempre acompanha a modéstia de contrafacção, a distinção fundamental entre a esquerda e a direita, presentes ou pretéritas, não reside no facto de a esquerda se situar num plano de superioridade moral que – de acordo com a fórmula canónica de que os fins mais dignos justificam os meios mais sinistros – consente e legitima os abusos mais flagrantes, vício constitutivo a que a direita, nos alienados solilóquios que, diante do espelho, devota à açucarada descrição de si mesma, está ou estaria orgulhosamente imune. É inegável que a esquerda padece da superioridade moral acima diagnosticada. Do carinho por purgas russas, valas ucranianas e fomes chinesas à sabujice devotada a tiranos venezuelanos, assassinos bascos, foragidos catalães e descondenados brasileiros; dos amanhãs cujas canções foram cantadas para uma terra sem amos mas escutadas por reféns na Lubianka e escravos no Gulag aos democratas sazonais que chamam “cerca sanitária” à sua repulsa pelo pluralismo democrático e “chão democrático comum” à degradação das instituições democráticas em nome da protecção das instituições democráticas, a esquerda nunca escondeu, ou sequer lamentou, totalmente que sempre viu o complexo de reservas e ressalvas, minúcias e crivos, partições e travancas, freios e contrapesos próprios das democracias liberais como, na verdade, um exército hostil a abater: um derradeiro estorvo institucional e uma longa trégua histórica, ambos a serem pacientemente instrumentalizados e finalmente removidos assim que a oportunidade, institucional e histórica, se proporcione. Confessando isto mesmo, Trotsky, que nunca teve qualquer vergonha em justificar misérias presentes em nome de bonanças futuras e em inferir que renunciar ao terrorismo é renunciar à ditadura revolucionária e, portanto, ao próprio socialismo, advogou, por exemplo em Terrorismo e Comunismo (1920), a entrada instrumental dos comunistas nos parlamentos “burgueses”, de modo, justamente, a instrumentalizá-los e sabotá-los até ao esvaziamento: “O nosso partido nunca se recusou a conduzir o proletariado à ditadura passando pela democracia; ele deu-se perfeitamente conta das vantagens abertas à propaganda e à acção política por uma tal transição “legalizada” para a nova ordem”. E não adianta protestar, a pretexto de cautelas contra alegações abusivamente redutoras, que a esquerda não é apenas Trotsky e que os anos 20 do século XX não são os anos 20 do século XXI. Todo o esquerdismo é uma forma, mais ou menos confessada, de trotskysmo: a única questão é determinar, em cada momento histórico, quão próxima se encontra a picareta e em qual das duas pontas da picareta se encontra Trostky. A picareta enterrada na cabeça de um traidor não é, pois, uma adulteração, um desvio, um acidente da superioridade moral da esquerda: é a expressão lógica da sua essência mesma. Tudo isso é, pois, verdade. O que não é verdade é que a direita esteja, como julga estar, imune aos feitiços das sirenas da superioridade moral. Os típicos refrões “nós não somos como eles”, “nós não descemos ao nível deles”, “o que nos distingue deles é que nós não estamos dispostos a tudo pelo poder”, “para nós, ao contrário deles, não vale tudo em política”, parecem, de facto, entoar o mantra da renúncia, de princípio, a toda e qualquer forma de superioridade moral por parte da direita (e quanto mais moderada se afirmar, mais renunciante, e mântrica, a afirmação). E é aqui, justamente, que reside o equívoco. A direita moderada não é, como pretende, imune ou avessa à superioridade moral, ela tem é uma concepção distinta, e mais cínica, da superioridade moral. A própria moderação como adjectivo acoplado à direita (a “direita moderada”), na medida em que pretende classificar a qualidade específica dessa direita e, assim, modificar-lhe o sentido por via da sua elevação à estatura teológica de virtude cardinal, é, na verdade, a mais categórica afirmação de superioridade moral: é a superioridade moral que se afirma na própria negação de superioridade: é a superioridade que – e qua – se nega como superior. A negação moralista de superioridade moral é talvez a forma mais velhaca, e consumada, de afirmação de superioridade moral: afirmar que toda a superioridade moral é negativa é ainda um modo de afirmar uma determinada forma de superioridade moral: nós somos moralmente superiores justamente porque não nos consideramos, como os outros, moralmente superiores. Nós não somos como os que se afirmam moralmente superiores – e reside aí mesmo toda a nossa superioridade moral. Nós, que renunciamos à superioridade moral, somos moralmente superiores àqueles que se afirmam moralmente superiores. Somos, enfim, moralmente superiores a toda a superioridade moral. Não se trata, pois, de uma distinção entre uma esquerda que afirmaria, a galope das suas pulsões utópicas, a sua superioridade moral e uma direita que, precavida pelo seu pessimismo antropológico, se afirmaria pela sua negação. Trata-se, isso sim, de duas concepções de superioridade moral que, embora distintas, favorecem a deterioração das regras democráticas e a compressão do pluralismo que essas regras visam promover e salvaguardar. Ambos os tipos de superioridade moral resultam, pois, na degradação das regras democráticas: a de esquerda, por manipulação; a de direita, por inaplicabilidade; a de esquerda, manipulando as regras democráticas; a de direita, tornando-as inoperantes. A superioridade moral da esquerda, por invasão, torna as regras democráticas inválidas, a superioridade moral da direita, por evasão, torna-as vazias. Se a esquerda não tem regras, a direita tem regras inexistentes. A superioridade moral de esquerda convive bem com demónios, a superioridade moral de direita só convive com anjos. As democracias modernas, feitas por e para humanos, oscilam cada vez mais nesta falha tectónica que se desloca entre a democracia sem regras democráticas da esquerda e as regras democráticas sem democracia da direita. São, pois, duas concepções de superioridade moral em oposição, e não uma concepção de superioridade moral (de esquerda) à qual se oporia uma concepção isenta de superioridade moral (de direita). A superioridade moral de esquerda assenta numa concepção optimista segundo a qual a esquerda, apesar de toda a miséria imposta e de todo o sangue vertido, não tem passado nem antepassados: a esquerda é sempre e toda futuro e amanhã, concebida sem pecado. Todas as manhãs, lá nasce ela de novo, inteira e virgem, milagre auto e partenogenético, rasgando, ao soco e à patada, a sua própria bolsa amniótica. A superioridade moral de direita, inversamente, assenta numa concepção pessimista que atribui à direita apenas passado e ascendência: todo o futuro é, na hipótese benigna, impossível de concretizar ou, na hipótese maligna, de concretização monstruosa, pelo que, para seu próprio bem, a descendência deve limitar-se a ser a respeitadora e replicadora, genética e civilizacional, da ascendência; as gerações vivas e por vir, proscritas do direito de sonhar e criar, devem ser apenas os dóceis donatários dos sonhos e criações das gerações mortas. A esquerda vê nos vivos apenas o refugo metálico do qual será extraído, malhando furiosamente a bigorna da História, o novo e final Adão. A direita vê nos vivos as criaturas perpetuamente gratas e penhoradas dos enterrados, dos cremados e dos embalsamados. A esquerda pertence assim aos adventos, aos partos, às auroras – numa palavra, à luz –, enquanto a direita pertence aos pretéritos, aos sepulcros, aos ocasos – ou seja, à sombra. Enquanto a esquerda lança asas e amplexos nos céus limpos e longínquos do olho oracular do porvir que tudo permite, a direita enterra raízes e vénias nos solos atolados e imemoriais da noite cega do tempo que tudo interdita. De um lado, o homem por parir. Do outro, o homem defunto. Entre a fecundação de um e a decomposição do outro, o homem vivo e vivente, esquecido pelas odes que celebram a vinda do primeiro e os requiems que evocam a partida do segundo. Destas duas concepções de superioridade moral, uma luminosa que aponta para cima e para a frente, e outra sombria que aponta para baixo e para trás, decorrem também diferentes implicações no campo da disputa política. As interpretações dos resultados das recentes eleições gerais espanholas (23 de Julho de 2023), em que a esquerda vê na sua derrota uma vitória necessária enquanto a direita vê na sua vitória uma derrota merecida, fornecem a aplicação empírica desta distinção entre as duas superioridades morais e, em particular, a demonstração da concepção de superioridade moral típica da direita moderada (sobretudo, para o que aqui nos interessa, portuguesa) para quem a vitória-derrota da direita espanhola é tanto mais fácil de explicar quanto mais contraditória for a explicação: até às eleições, a direita moderada alertava para um eleitorado subitamente seduzido pela extrema-direita – e daí a grande fragilidade da democracia; após os resultados, a mesma direita moderada sempre soube que o eleitorado jamais se deixaria seduzir pela extrema-direita – e daí a grande lição democrática. A direita espanhola, perdendo a eleição que venceu, foi assim merecidamente penalizada por se ter aproximado demasiadamente da extrema-direita da qual não fez outra coisa senão afastar-se. Logo que colocada diante da necessidade de escolher, no mundo real das aritméticas e dos compromissos, das barganhas e dos escambos (“There are no solutions; there are only trade-offs”, como insiste Thomas Sowell) que manifestam a essência mesma da antropologia pessimista e da política não utópica que, nas televisões e nos jornais, jura defender e representar, a direita moderada não teve dúvidas em proclamar a “nuestros hermanos”, não sem a devida e telegénica encenação de gravitas e gravatas, a sua firme preferência – em nome da moderação enquanto única forma de proteger a democracia das derivas extremistas que, asseguram, a ameaçam hoje mais que nunca – por uma frankensteiniana fraternidade de incompetentes, imprestáveis, fanáticos e, sem espanto, assassinos condenados que representam justamente a visão puritana e utópica que constitui a própria essência de tudo aquilo que, nas mesmas televisões e nos mesmos jornais, a direita moderada jura reprovar e combater. No fundo, aquilo a que se convencionou chamar de direita moderada não é hoje outra coisa senão o ponto do espectro político onde escolhem posicionar-se os adeptos da escolha fácil. Da escolha que dispensa escolher. Da escolha que, impondo-se por si própria, se escolhe a si mesma. Da não escolha, portanto. Julga que a verdadeira escolha é uma só e é sempre clara e fácil como entre Hitler e Churchill. De Churchill, portanto, não aprendeu a decisiva lição da escolha difícil entre Hitler e Estaline, apenas o glamour do charuto icónico, do aforismo prodigioso e dos dedos em v. É com o Churchill póstumo, e não com o vivo, que ela se identifica. É no Churchill vitorioso, e não no combatente (sem o qual não haveria o vitorioso), que ela se reconhece. É no Churchill aristocrata, e não no democrata, que ela se inspira. E é por isso que os seus princípios, enquanto sistema de mapeamento e orientação no atribulado mundo político, lhe servem apenas para situações em que os desafios a enfrentar e a superar são breves, modestos e, como tal, não comprometem o seu compromisso de não ter de escolher. Dir-se-ia que os princípios da direita moderada são óptimos instrumentos de navegação para mares calmos, onde eles são desnecessários, e péssimos para mares revoltos, onde eles são indispensáveis. A direita moderada é um farol inútil: só se avista quando o barco está em terra e a sua luz brilha e gira apenas de dia. A direita moderada é ideal para passeios de barco a remos em soalheiros lagos de Domingo. Não é com tais navegadores que se vencem Bojadores e Adamastores. No final de contas, a direita moderada não é direita moderada. Dizer direita moderada é dizer direita moderada – pela esquerda. Na verdade, é direita condicionada. Como se viu em Espanha e como se vê em Portugal (e em Portugal sobre Espanha), o que a esquerda tenta realmente condicionar não é a “extrema-direita”, é a direita moderada. A “extrema-direita” é apenas o espantalho, a miragem, o engodo de que a esquerda se serve para condicionar a direita moderada. A própria direita moderada – ou a moderação enquanto virtude de direita – é uma venenosa invenção de esquerda: a moderação é a armadilha de coelho nos laços e paus e guizos da qual a direita se enrodilha e se encarquilha – ou seja, se condiciona – a si mesma. Em termos do jogo de soma-zero que é a política, trata-se de um ardil genialmente engenhoso: que mais pode um Ulisses “dos mil estratagemas” pedir aos deuses homéricos do que todo um campo ideológico adversário dedicado a tricotar alegremente a sua própria armadilha como se da mortalha de Laertes se tratasse, reclamando para si mesmo o espaço acanhado do oikos (o “lar”), de onde não sai, entrançada no seu infinito tece e destece, a paciente – portanto, moderada – Penélope, deixando assim a Ulisses, e seus mil estratagemas, o espaço aberto da peleja, da façanha, da palavra – ou seja, da pólis? Chegará talvez o dia em que, entretida e enredada no seu tricot inútil, a direita moderada perceberá finalmente que, na realidade, não há nenhuma cerca sanitária em volta da “extrema-direita”: a “extrema-direita” é a cerca sanitária. E que, dentro dela, quem se encontra devidamente vigiada, cercada e isolada, e sem o ter percebido ainda, é ela mesma, a direita moderada, fechada à chave pelo lado de dentro. Fanática de uma moderação que a mantém refém da esquerda (a velha da comunidade a quem compete a devida e pública fiscalização do sangue vaginal no lençol da virgindade democrática), a direita moderada chama princípios à sua própria rendição e temperança à sua própria captura, confundindo, na verdade, moderação com sequestro e dignidade com inutilidade. Fanática da moderação, meio para um fim que confunde com um fim em si mesmo, merece ser lembrada, de cada vez que se envaidece da sua humildade, da deliciosa observação de Golda Meir, que costumava recomendar aos vaidosos mascarados de humildes que a rodeavam: “Don’t be so humble – you’re not that great”.