segunda-feira, 30 de outubro de 2023

CITANDO Sérgio Raimundo

Haverá celas suficientes… Quem vai prender a todos aqueles senhores que ofendem todos os dias os nossos olhos sonhadores de um país melhor? Quem vai prender a todos que nos ofendem em Cabo Delgado: exumam os rubis mais valiosos do mundo enquanto pás enormes de fome escavam estômagos vazios de muitas famílias ao lado? Digam aos senhores do SERNIC para não se esquecerem de prender todos aqueles senhores que ofenderam os moçambicanos ao transformar a LAM em uma companhia de um avião, a todos aqueles senhores que despenharam os aviões da LAM nas montanhas do roubo e corrupção. E quem vai prender os generais que apodrecem de salários nos gabinetes em Maputo enquanto rapazes ofendidos pela pobreza sucumbem como cães em Cabo Delgado? Alguém sabe da ofensa que os seus familiares recebem depois?: um quilo de arroz, três litros de óleo, duas barras de sabão e um caixão com restos de uniforme militar. Depois do Doppaz, prendam os que nos ofendem com promessas que nunca cumprem, prendam os cães da polícia que nos ofendem e comem-nos os passos nas marchas! Quem prenderá a polícia que nos ofendeu, espancou-nos na marcha e depois desparafusou o olho do outro rapaz? Quem? Haverá celas suficientes para todos que nos ofendem todos os dias? Quem prenderá os que nos ofendem com vagões de estradas cheias de sacos de buracos, os que nos distribuem vagas de desemprego, os raptores que ofendem e colocam outros moçambicanos em jaulas como macacos de rabos sem pêlos no zoológico? Será que o SERNIC não pode prender a quem ofende os médicos, todos os dias, com ameaças e eles, coitadinhos, sugando em silêncio o soro da esperança como autênticos doentes? Será que o SERNIC não tem algemas suficientes para prender o salário que ofende a vida desgraçada dos professores, os subsídios que se empurram e ofendem-se com os salários gordos dos nossos chefes? Depois do Doppaz, prendam também quem nos ofende todos os dias com a falta de emprego, prendam a polícia municipal que sobrevoa os passeios cheios de carros para algemar pneus de carrinhas de mão na Baixa e arrumem, também, nas celas as árvores que nos ofendem e viram salas de aulas das nossas crianças. Claro que não se pode ofender o senhor presidente, mas também ninguém tem o direito de ofender a quem empurrou através de votos o senhor presidente ao trono: o povo.

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