segunda-feira, 29 de agosto de 2022

CITANDO JACQUES DOS SANTOS

E TUDO ACABOU NA QUARTA-FEIRA? Tristeza não tem fim, felicidade sim… A felicidade do pobre parece, a grande ilusão do Carnaval… António Carlos Jobim e Luís Bonfá À hora em que dou por terminada a redacção deste texto é conhecido, divulgado e emotivamente discutido o resultado das eleições gerais em Angola no pleito de 2022. A vitória (antecipadamente anunciada) do MPLA, conseguida com as dificuldades prognosticadas e naturalmente consumadas, escolhos que jamais enfrentara e hipótese nunca sonhada, vai obrigar certamente o histórico partido a ter no futuro imediato, os pés melhor assentes no chão e, necessariamente, deixar de andar nas nuvens. No imediato, terá que responder à contestação da UNITA/FPU, que argumenta resultados completamente diferentes dos anunciados pela CNE. A população fica com a noção, clara agora, de que Angola já não é a mesma e clama por mudança significativa. Desde logo, requere competência para a sua governação. Sendo mais claro, acha-se com o direito de dizer que merece ser melhor dirigida e, em consequência, ser beneficiada com tudo o que o país tem e pode dar-lhe. A UNITA, melhor dizendo a Frente Patriótica Unida, convém não esquecer, escreveu uma página bonita no processo eleitoral do país e no seu curto historial (que se espera venha a manter-se com a necessária melhoria da sua organização), e se não houver nada em contrário que modifique o resultado anunciado, pode esperar brevemente pela transformação das lágrimas da sua decepção, noutras de maior satisfação que podem naturalmente ocorrer ainda antes de 2027, na disputa autárquica que se exige aconteça breve (só falta mesmo a aprovação de uma lei para o ramalhete da legislação estar pronto). Mas, voltando ao pleito de 24 de Agosto, o que ficou em mim de mais marcante, foi a satisfação de apreciar uma população vibrante (não somente os jovens), com a diáspora a ser tida e finalmente achada, a transpirar esperança por todos os poros, a mostrar-se ao mundo como se de repente se libertasse da amarra que a sufocou durante décadas, a gritar sem receio, o anseio de se bater pela cidadania e pela sua dignidade. São imagens que recordarei para todo o sempre. Do mesmo modo que conservarei as imagens, as palavras e os comentários mais levianos, inconsistentes, a feder a submissão e oportunismo. Contudo, com um cheirinho a democracia, cada um pensava do modo que melhor sabia e queria. Saiu claramente derrotada a velharada caquéctica e a miudagem aproveitadora, ciosos de manterem os seus privilégios, alérgicos a toda a brisa de mudança, a fazer esgotar o contingente de pastilhas para a azia existente no mercado de milongos, para a cura da sua agonia que se espera loga. Sem intenção de ferir ninguém mas provavelmente já magoando, não posso deixar de manifestar um sentimento doloroso que me foi invadindo durante esta campanha. Com o merecido respeito pelos nossos políticos (alguns mais do que outros, é bom de ver), sou levado a apreciações realistas, ao ponto de comparar a campanha eleitoral, como uma verdadeira (não quero ir ao ponto de chamar-lhe fantochada já que o acto é demasiado sério) mas uma espécie de carnaval, é o que me ocorre para classificar o seu lado mais negativo. A diferença entre os pobres e os poderosos foi notável! Entretanto, as grandes multidões dos comícios começaram a fazer-me lembrar o ajuntamento colorido e barulhento dos gigantescos corsos carnavalescos. Dias seguidos de palavreado, de promessas difíceis de serem cumpridas. Uns enredos tristes, alguns para esquecer! Juntou-se a esses actos, já no fim, um teatro ridículo representado na apresentação pela CNE dos resultados da votação popular. A comunicação social do Estado, sempre igual a si própria. Negativa ao máximo, cumprindo ordens superiores, As declarações dos observadores ocidentais desfasados da realidade angolana a mostrarem os interesses que os movem e de todos nós conhecidos, enquadraram-se perfeitamente na onda carnavalesca. Responsáveis opinaram abertamente sobre democracia e disseram que Angola tem outro modo de encarar a democracia. E na verdade tem! Não faltaram os palhaços, as máscaras, os fantoches, as fardas e roupas de grande padrão, criação de bons estilistas, a superarem as dos mais pobres, muitas pernas e rabos ao léu, tal como recomenda um grande Carnaval. E tal como determina a praxe da grande festa, ninguém deve levar a mal, porque tudo isto é carnaval, lembrando uma marchinha brasileira dos anos cinquenta do século passado. Para terminar, e neste momento que acontecem os funerais do Presidente José Eduardo dos Santos, a coincidirem tragicamente com a data do seu aniversário natalício, aproveito a oportunidade para dar uma satisfação aos meus leitores, amigos e companheiros de luta. Sinto-me doente e cansado e a idade não perdoa. Estou também sem vontade de ver o meu nome estranhamente utilizado na boca de qualquer indivíduo, o meu telefone violado por desconhecidos, tentativa de envolver-me em assuntos intriguistas e coisas menos nobres. Não me posso rever nessa confusão, essas cenas já não me servem. Vou deixá-los porque já vi da vida o suficiente e concluo que não consigo enquadrar-me entre os que vivem bem com a dinâmica deste estranho modo de vida. Foi bom ter estado convosco estes anos todos. Até um dia qualquer. Não querendo ser fatalista como propõe a canção do Tom Jobim, despeço-me de todos com a amizade, o carinho e o respeito de sempre.

sábado, 27 de agosto de 2022

Citando Edno Soares

O bluff de ACJ e a ansiedade dos patrões É gritante a petulância irresponsável de Adalberto Costa, quando defende uma comissão internacional para a recontagem de votos das eleições de que se diz vencedor. Esta afirmação não só revela desconhecimento da legislação angolana sobre a matéria, como reflecte os resquícios do espírito de guerra da UNITA, que sempre procurou argumentos sem fundos para mobilizar vontades para a sua causa. Adalberto esqueceu-se que um Estado soberano, com instituições em funcionamento pleno, não admite a ingerência de outros países em assuntos internos, excepto apenas quando estão em causa vidas humanas. A gestão de um processo eleitoral é exclusivamente nacional, havendo instâncias para dirimir contencioso eleitoral. O que o líder da UNITA está a fazer é um verdadeiro bluff, que visa responder à pressão da sua base de apoio. Adalberto Costa Júnior recebeu apoios milionários de gente poderosa, entre as quais Isabel e Tchizé dos Santos, que gostariam de voltar ao "país das maravilhas" só com o seu patrocinado no poder. Apesar da vitória apertada, o MPLA e João Lourenço ainda formam governo e intensificarão o combate à corrupção. Ou seja, se, para o MPLA, a vitória sabe a derrota, ao perder a capital do país e assentos nos seus bastiões, para os marimbondos, o simples aumento significativo de assentos parlamentares pela UNITA não satisfaz os seus fins. A vitória de João Lourenço constitui um verdadeiro óbito, porque os crimes económicos desses saqueadores, que continuam a afrontar o Estado angolano, serão sancionados pelos tribunais, correndo o risco de entrarem na cadeia e perderem tudo. A aposta em Adalberto era uma aventura que tinha de ser ganha…na condição de simples vencedor em Luanda, em Cabinda e Zaire não lhe habilita a compensar o investimento desses endinheirados. Tal como em 1992, para justificar a sua derrota, Savimbi voltou à guerra sob pretexto de fraude eleitoral, desta vez, ACJ usa o mesmo argumento para acalmar os seus patrocinadores e recupera as arruaças para provocar o caos urbano. Entretanto, não tendo demostrado em que medida a sua alegada vitória foi roubada, ACJ estará a brincar com os seus patrocinadores e seguidores, buscando deles a solidariedade em vez de lhe ser cobrado o apoio. A Polícia tem de manter a sua serenidade, mas sem se furtar das suas responsabilidades, as instituições políticas devem revelar a sua maturidade diante dessas incertezas e gerir o contencioso dentro dos marcos democráticos, enquanto os protestantes devem evitar o caos, sob pena de verem o sol aos quadradinhos, incluindo o próprio líder, em caso de atentar contra a segurança nacional e ameaçar a paz.

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

COMUNICADO: A(IN) JUSTIÇA DO PSD - SETÚBAL

Em Fevereiro de 2022, iniciei um processo de exigência no cumprimento das normas estatutárias e regulamentos no seio do PSD: 1. Convocação de assembleias de militantes de acordo com os estatutos; 2. Órgãos colegiais que devem funcionar com quórum deliberativo e exigência de atas para consulta dos militantes; Não cumpridos estes pressupostos, apresentei queixa ao órgão de jurisdição distrital.   Síntese dos fatos apurados: A. Provou-se que os órgãos concelhios de Alcochete mentiram contabilizando mortos para aferir a legitimidade em convocar uma assembleia de militantes; B. Não há produção de atas para consulta dos militantes sobre deliberações tomadas nos órgãos concelhios; C. Consideram a página facebook um espaço oficial de comunicação quando há militantes que não acedem às redes sociais; D. Ficam satisfeitos com uso de whatsapp privado para comunicação oficial, no entanto há militantes banidos do grupo pelo proprietário do número privado; E. O Conselho de Jurisdição Distrital de Setúbal, presidido por um jurista, atua como Pilatos- lava as mãos da sujidade de incumprimento e transforma falsidades em verdades arquivadas; F. Os estatutos do PSD são claros e determinam que em caso de incumprimento devem perder o mandato, no entanto a complacência e irresponsabilidade é global.   Em conclusão: I. Tendo o Conselho de Jurisdição Distrital procedido ao arquivamento de todos os fatos e atos; II. Resta seguir um recurso para o Tribunal Constitucional. III. Os custos em sede do TC são de milhares de euros (é a justiça portuguesa!) e o atual estado do PSD (Alcochete) não justifica o custo e o tempo perdido com a incompetência política.   Integrando o PSD como militante e com liberdade de opinião, mas com disciplina para cumprir normas e regulamentos, isto também exijo aos que são mais próximos o mesmo que pugno na atividade política de todos - maior transparência nos processos.  Não devemos apregoar para com os outros o que não cumprimos, acrescendo que é urgente alterar taxas de justiça de elevado valor que surgiram no tempo de Governo socrático. Hoje percebe-se o porquê: evitar o acesso aos tribunais para todos. O PSD para se assumir como alternativa à governação também tem que alterar métodos internos de credibilidade. Alcochete,19 de Agosto de 2022 Zeferino Boal Militante PSD

terça-feira, 9 de agosto de 2022

HISTÓRIA 92

Estas quedas de água sendo as mesmas, na origem da humanidade, já tiveram nomes diferentes de acordo com a época pré ou pós independência. Importa que no período pós eleições, 24 de Agosto, esta e outras imagens permitam seguir um caminho de crescimento económico e de melhor qualidade de vida a todos. Muitos utilizam argumentos e esquecendo que pouco ou nada se faz num único e curto mandato.

A FALTA DE VERGONHA NA POLITICA PORTUGUESA

https://zap.aeiou.pt/sergio-figueiredo-contratado-por-medina-para-avaliar-politicas-publicas-com-salario-de-ministro-492219 A propósito desta noticia e outras que ocorreram no passado impera a falta de valores nobres na atividade politca. Há promiscuidade entre a política e os gestores de empresas, há anos que impera o servilismo na comunicação social com fontes anónimas e a contratação para comentadores de alguns agentes políticos. Sem esquecer aqueles que deixando de ser Deputados, passam a assessores dos Grupos Parlamentares, em alguns casos até mudando de partido. Não é concebível tudo ser feito e sem revolta do povo. Obviamente, que as contratações, do género das invocadas na notícia demonstram o pagamento de favores, porque convém não esquecer que durante anos na TVI, o agora Ministro era uma picarante falante defendendo o Governo e o seu atual assessor era nem mais nem menos o Diretor de Informação da TVI. Há dúvidas de contratação? Tudo brota da sociedade portuguesa e todos se acomodam porque esperam em receber algumas migalhas um dia mais tarde. Pessoalmente, continuo livre e solto de amarras desta natureza.