sábado, 27 de agosto de 2022

Citando Edno Soares

O bluff de ACJ e a ansiedade dos patrões É gritante a petulância irresponsável de Adalberto Costa, quando defende uma comissão internacional para a recontagem de votos das eleições de que se diz vencedor. Esta afirmação não só revela desconhecimento da legislação angolana sobre a matéria, como reflecte os resquícios do espírito de guerra da UNITA, que sempre procurou argumentos sem fundos para mobilizar vontades para a sua causa. Adalberto esqueceu-se que um Estado soberano, com instituições em funcionamento pleno, não admite a ingerência de outros países em assuntos internos, excepto apenas quando estão em causa vidas humanas. A gestão de um processo eleitoral é exclusivamente nacional, havendo instâncias para dirimir contencioso eleitoral. O que o líder da UNITA está a fazer é um verdadeiro bluff, que visa responder à pressão da sua base de apoio. Adalberto Costa Júnior recebeu apoios milionários de gente poderosa, entre as quais Isabel e Tchizé dos Santos, que gostariam de voltar ao "país das maravilhas" só com o seu patrocinado no poder. Apesar da vitória apertada, o MPLA e João Lourenço ainda formam governo e intensificarão o combate à corrupção. Ou seja, se, para o MPLA, a vitória sabe a derrota, ao perder a capital do país e assentos nos seus bastiões, para os marimbondos, o simples aumento significativo de assentos parlamentares pela UNITA não satisfaz os seus fins. A vitória de João Lourenço constitui um verdadeiro óbito, porque os crimes económicos desses saqueadores, que continuam a afrontar o Estado angolano, serão sancionados pelos tribunais, correndo o risco de entrarem na cadeia e perderem tudo. A aposta em Adalberto era uma aventura que tinha de ser ganha…na condição de simples vencedor em Luanda, em Cabinda e Zaire não lhe habilita a compensar o investimento desses endinheirados. Tal como em 1992, para justificar a sua derrota, Savimbi voltou à guerra sob pretexto de fraude eleitoral, desta vez, ACJ usa o mesmo argumento para acalmar os seus patrocinadores e recupera as arruaças para provocar o caos urbano. Entretanto, não tendo demostrado em que medida a sua alegada vitória foi roubada, ACJ estará a brincar com os seus patrocinadores e seguidores, buscando deles a solidariedade em vez de lhe ser cobrado o apoio. A Polícia tem de manter a sua serenidade, mas sem se furtar das suas responsabilidades, as instituições políticas devem revelar a sua maturidade diante dessas incertezas e gerir o contencioso dentro dos marcos democráticos, enquanto os protestantes devem evitar o caos, sob pena de verem o sol aos quadradinhos, incluindo o próprio líder, em caso de atentar contra a segurança nacional e ameaçar a paz.

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