terça-feira, 11 de outubro de 2022

AUTOR DESCONHECIDO

Carta aberta ao traidor do Pedro Passos Coelho. Caro Pedro Passos Coelho. É público que rejeitou ser condecorado com Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo pelo presidente da República, por ser demasiado “cedo”. Escrevo esta carta porque recusar a condecoração é uma traição e por isso não é merecedor de tal honra. Uma traição ao sistema a que este país se habituou. Vivemos num país que premiou José Sócrates, um ex-primeiro-ministro acusado de 31 crimes, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Condecorou Zeinal Bava, julgado pela destruição da PT, com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Empresarial. Condecorou Armando Vara, rosto no processo “Face Oculta”, foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Condecorou Valentim Loureiro, Hélder Bataglia, Macário Correia, Jardim Gonçalves, Henrique Granadeiro, Miguel Horta e Costa, Manuel Espírito Santo, João Teixeira, Lino Maia, Carlos Cruz, Jorge Ritto e muitos outros nomes que hoje prestam contas na justiça. Condecorar um ex-primeiro-ministro que, segundo as palavras do próprio pai, é “um teso”, seria uma desonra, pelo menos enquanto a república continuar a insistir em não se lavar dos seus pecados. Não merece a honra de uma distinção que, com o tempo, perdeu a sua honradez. Recentemente escreveu uma carta a Joana Marques Vidal para reconhecer o seu trabalho como Procuradora-Geral da Republica e acabou por ecoar o descontentamento de muitos outros portugueses, perplexos com a não recondução da mulher que colocou fim ao cargo de “Arquivador-Geral da Republica. Acusaram-no então, uns de forma indirecta e outros de forma direta, de não ter “sentido de Estado”. Onde muitos vêem um primeiro-ministro “traidor” ou sem “sentido de Estado”, eu vejo um homem desgastado, eu vejo um líder que governou o país num dos períodos mais difíceis da nossa história contemporânea. Ainda vejo o primeiro-ministro que, contra oposições internas e externas, disse firme e convicto que nunca desistiria de Portugal. Vejo alguém que contra o pessimismo, derrotou uma catástrofe económica e social, herança de Sócrates e do socialismo. Vejo um individuo com um Sentido de Estado tão grande, que para aplicar as reformas aceitou ser a esponja do descontentamento social. Vejo o pai de uma família abalada pelo cancro. Nos anos em que governou, recusou sempre esconder as dificuldades. Não tinha medo de anunciar os problemas porque também não tinha receio de os enfrentar. Enfrentou um défice de 11%. Enfrentou um resgate enorme e mal negociado. Enfrentou juros elevados. Enfrentou falências e desemprego. Enfrentou a queda do serviço nacional de saúde. Enfrentou um sistema financeiro arruinado pela corrupção do regime Socrático. Enfrentou traidores e aproveitadores do próprio partido. Enfrentou até os próprios erros. Enfrentou quem quis que o senhor errasse. Optou por enfrentar e ajudar a enfrentar a realidade, em vez de fazer de conta que estava tudo bem. O senhor nunca fez de conta. Desde o primeiro ao último dia, viveu sempre no mesmo apartamento de Massamá e passou férias sempre na mesma terrinha de Manta Rota. Nunca precisou de mandar alcatroar a estrada à porta de sua casa apenas por capricho. Nunca precisou de férias de luxo. Nunca precisou de viajar em jatos privados ou em primeira classe. Nunca precisou de grandes jantaradas ou de grandes festanças de Estado. Por isso, caro companheiro, podem acusá-lo de ser “duro” ou “teimoso”. Podem questionar a viabilidade das suas políticas, mas nunca poderão questionar o seu sentido de Estado. Foi o homem que segurou no país quando mais precisava, mas também é o homem que não precisa de uma medalha para se sentir realizado. Tenho dito.

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