terça-feira, 24 de março de 2020

EDMUNDO ROCHA

No turbilhão do Covid19, fomos surpreendidos com a trágica notícia do falecimento de um compatriota que muito estimamos e de quem colhemos ensinamentos ao longo do tempo parcial com que lidamos. Infelizmente, não tivemos oportunidade de fazer uma despedida, porque sabíamos o seu estado de saúde e há cerca de um mês programamos fazer-lhe a visita, que não veio a acontecer. Edmundo Rocha, médico e lutador de uma geração histórica, foi sempre defensor de princípios e ideais, os quais no período pós – independência de Angola não foram bem aceite por muitos que governaram o país, mas em especial por parte de figuras secundárias que se governaram “à grande e à francesa”. Edmundo Rocha, liderou o processo de recuperação da associação ícone na comunidade angolana em Portugal, a Casa de Angola. Foi afastado da presidência por vendilhões do templo que ainda hoje por ai andam, e sempre olhou para aquela associação como uma continuidade da sua vida e da sua herança material e de testemunho. Pela sua independência profissional e social, não se vergou a compadrios e bajulações, por isso foi vítima de arbitrariedades ditas democráticas de afastamento de certos órgãos associativos, que eram seus por direito. Foi vítima de injustiças e incompreensões apesar de algumas mais tarde terem sido reparadas. Soubemos divergir e muitas vezes conversar para a convergência de interesses comuns na dedicação à causa pública e de serviço à comunidade angolana em Portugal. Morre num período em que todos estamos confinados e condicionados e por isso impedidos de prestar a sentida homenagem. Foi um herói do MPLA e deveria ser um exemplo para que gerações mais novas o conhecessem, em especial num período que virá muito próximo, onde todos teremos que ser menos egoístas e mais tolerantes, sem deixarmos de ser acutilantes e atentos como fez Edmundo Rocha ao longo da sua vida. Meu caro, Dr. Edmundo Rocha até sempre. Só lamentamos que um dos seus desejos pela Casa de Angola não se tenha concretizado, porque os mesmos do costume o impediram. Estávamos quase!

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